(Marcelo Prates)
Bernard soube agradecer ao departamento jurídico do Galo, que batalhou até o fim para que ele entrasse em campo na noite deste domingo (9), contra o Palmeiras, no Estádio Independência. Com a classe de um veterano, a jovem promessa alvinegra deixou sua marca por duas vezes e foi o nome da vitória de 3 a 0, obtida na segunda etapa. É o fim de um incômodo jejum e a volta da euforia atleticana, que contagiou todo o primeiro turno e promete tomar conta da segunda metade do Brasileirão.
Com o resultado, o Galo chegou aos 48 pontos, dois atrás do Fluminense, líder do torneio. Porém, o tricolor possui uma partida a mais disputada. Na próxima quarta-feira (12), o Atlético recebe o São Paulo, no mesmo Independência, para mostrar que essa vitória frente ao Palmeiras não foi mero acaso.
Apreensão
Tensão e falta de objetividade. Assim foram os 45 minutos iniciais do duelo entre Atlético e Palmeiras. De um lado, o Galo, superior tecnicamente, mostrava ansiedade para tirar o primeiro zero do placar, deixando de lado o futebol que encantou o Brasil durante o primeiro turno. Do outro, um Palmeiras que buscava explorar os erros do adversário, mas pecava no passe rumo aos setor ofensivo da equipe.
Sem Jô como referência, Cuca tentou explorar a qualidade técnica de Guilherme. Porém, os jogadores alvinegros insistiam em um chuveirinho que era facilmente interceptado pela zaga alviverde. Quando a defesa adversária falhava no posicionamento, o Galo aproveitava, como aos 14 minutos, quando Bernard teve duas chances de abrir o marcador, mas parou em Thiago Heleno.
O Galo não apresentava variações táticas para ultrapassar a barreira montada por Felipão. Uma de suas jogadas mais ensaiadas, os lançamentos para as pontas procurando Bernard, foi anulada pelo técnico alviverde. Como a criatividade dependia do arisco meia-atacante alvinegro, o Atlético ficou frágil ofensivamente. Sorte que Felipão não conseguia dar o mesmo poder ofensivo para o Palmeiras, fazendo que a etapa inicial terminasse sem gols.
Bendito efeito suspensivo
A pressão pela vitória do Fluminense fez com que Cuca armasse a equipe ainda mais ofensiva para a etapa complementar. Danilinho deu lugar a Leonardo, enquanto Leandro Donizete saiu para Escudero entrar em campo. O time obedeceu às ordens do seu treinador. Partiu para cima sem medo. Como o Palmeiras estava bem postado defensivamente, o jogo indicava que seria sofrido para o torcedor alvinegro.
Felizmente a apreensão durou pouco, e o gol veio de forma previsível. Aos sete minutos, a velha jogada ensaiada de bola parada entre Ronaldinho e Leonardo Silva fez a rede palmeirense balançar quando o meia-armador alçou bola na área e o zagueiro subiu mais que todos os marcadores. Festa e gritos guturais na torcida alvinegra. 1 a 0.
Após abrir o marcador, o Atlético voltou ao seu normal: soube jogar com a bola nos pés, principalmente com Ronaldinho, que ligava a defesa ao ataque de forma categórica. Quando sofria pressão, sabia segurar o ímpeto adversário. O Palmeiras tentava o empate a todo custo, abrindo brechas para contra-ofensiva alvinegra. E justamente quando o time paulista começou a crescer, recebeu um balde de água fria. O jovem Bernard (que horas antes ficou sabendo que entraria em campo contra o Porco, graças a um efeito suspensivo) recebeu passe açucarado de Leonardo. Em velocidade, deixou seus adversários para trás. De frente para o gol, com uma frieza de um veterano, cutucou no canto esquerdo, para delírio da torcida. Festa alvinegra no Independência. 2 a 0.
Quando todos esperavam o apito final, Bernard resolveu dar mais uma amostra do porquê o departamento jurídico do Atlético batalhou tanto para conseguir seu efeito suspensivo. Aos 47 minutos, a bola que saiu da defesa alvinegra parecia “morta”, mas Leandro Amaro resolveu falhar justo na frente do jovem talento alvinegro. Que pecado! Com a classe que lhe é peculiar, o camisa 11 deu um toque por cima, deixou o arqueiro alviverde na saudade, e só teve o trabalho para completar para o gol vazio. Golaço. 3 a 0 Galo e festa da torcida alvinegra, que fazia um Carnaval nas cadeiras do Independência, com a certeza de que o jejum era apenas uma pequena mancha na belíssima campanha do clube em 2012.
FICHA TÉCNICA ATLÉTICO 3 X 0 PALMEIRAS ATLÉTICO: Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Rafael Marques, Júnior César; Pierre, Leandro Donizete (Escudero), Danilinho (Leonardo), Ronaldinho; Bernard e Guilherme (Serginho). Técnico: Cuca PALMEIRAS: Bruno, Arthur (Márcio Araújo), Leandro Amaro, Thiago Heleno, Juninho; Correa, João Vítor (Patrick), Tiago Real (Maikon Leite), Valdivia; Luan e Obina. Técnico: Luiz Felipe Scolari Gol: Leonardo Silva ( aos 7') e Bernard (aos 38' e 47' do 2º tempo) Motivo: jogo válido pela 23ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro Data: 9 de setembro de 2012 Estádio: Independência Local: Belo Horizonte Árbitro: Leandro Pedro Vuaden Auxiliares: Rodrigo Pereira Jóia e Marcelo Bertanha Barison Público: 18.033 pagantes Renda: R$ 601.235,00 Cartões amarelos: Guilherme (Atlético); Thiago Heleno, Valdívia e João Vítor (Palmeiras)