"Forças externas" tiram a graça do Campeonato Brasileiro

Felipe Torres - Do Hoje em Dia
02/11/2012 às 14:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:49
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

O “renascimento” de Ronaldinho Gaúcho. O futebol cirúrgico do virtual campeão Fluminense. Os dribles desconcertantes de Neymar. O Brasileirão teria motivos de sobra para ser lembrado pelos lances dentro de campo. Porém, as polêmicas fora dele insistem em roubar a cena.

Erros de arbitragem, julgamentos contestados, jogo suspenso e protestos tumultuam e mancham a edição 2012 da Série A.

O último imbróglio aconteceu no fim de semana passado. O gol de mão do palmeirense Barcos, diante do Internacional, anulado após suposta interferência externa (o delegado da partida e a televisão), fez com que o Verdão recorresse ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

O órgão acatou a denúncia e optou pela suspensão provisória do duelo, da 33ª rodada, até o julgamento, ainda sem data marcada.

Indignação

O fato gerou indignação dos colorados, que venceram por 2 a 1, no Beira-Rio, e de outros dirigentes. Zinho, do Flamengo, por exemplo, veio a público pedir a paralisação total do Nacional, enquanto a pendência não for resolvida.

“Tem que parar o campeonato. Vai julgar isso quando? Vários clubes estão interessados no resultado”, criticou.

Mas o diretor rubro-negro reclama mesmo de barriga cheia. O clube carioca se envolveu em algumas das confusões da disputa. Na mais notável delas, agradeceu à CBF pelo adiamento do confronto frente ao Atlético, válido pela 14ª rodada, do início de agosto para o final de setembro.

O motivo seria o estado ruim do gramado do Engenhão. O curioso é que, na época, o Fla vivia um momento de crise, de troca de treinador, e o Galo “voava”, liderando a competição. Quando se enfrentaram, o Rubro-Negro remontado, venceu por 2 a 1.

Craque barrado

Em junho, quando Ronaldinho foi contratado pelo Atlético, a Federação Carioca de Futebol atrasou o envio da documentação do jogador à CBF e gerou certo mal-estar.

O meia, em litígio com o Fla, não pôde ser inscrito a tempo na competição e desfalcou o time no embate contra o Bahia, pela terceira rodada. Não houve como deixar de suspeitar de uma influência direta da ex-equipe.

“Esse é o Brasileiro do STJD, da arbitragem horrível. Deixa a gente desgostoso. Não há uma única rodada sem falhas. E precisamos ficar quietos, pois podemos ser punidos”, esbravejou Cuca, técnico do Atlético, ao reclamar de um pênalti em Ronaldinho, no empate com o Flamengo (1 a 1), na última quarta, no Independência.

Fama de "chorão"

As torcidas adversárias não se cansam de provocar o Atlético com a expressão “time chorão”. Tudo porque o Galo protagonizou polêmicas neste Brasileirão.

Além do adiamento do jogo contra o Flamengo e do atraso na documentação de Ronaldinho Gaúcho, os dirigentes alvinegros se mostraram indignados com outras situações.

O presidente Alexandre Kalil disparou, via Twitter: “Estou envergonhado de fazer parte do futebol brasileiro”. As críticas foram motivadas pela suspensão de R49 às vésperas do embate com o Internacional, pela 29ª rodada.

O meia foi julgado e condenado pelo STJD por uma entrada em Kléber, do Grêmio, duas rodadas antes. O lance sequer havia resultado em cartão ou relatado na súmula do árbitro Héber Roberto Lopes.

Vaidade

“Tem muita gente querendo aparecer, uma guerra de vaidade no Brasileiro, inclusive por parte do STJD. Isso acarreta na perda de seriedade da competição. Muita coisa não precisava ir a julgamento”, sentencia Antônio Sérgio Figueiredo Santos, membro da Comissão de Esporte e Lazer da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas (OAB-MG).

Assim, somados a outros erros dos árbitros em jogos do Fluminense, houve rumores de um suposto favorecimento da CBF aos cariocas.

No Galo x Tricolor, há duas semanas, a massa alvinegra não economizou nos protestos, no Independência.

Um mosaico com as cores do Flu e a sigla “CBF” ao contrário foi formado nas cadeiras do estádio. Os torcedores também usaram narizes de palhaço e exibiram cartazes expressando o descontentamento.

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