Badalada no início do ano, Dryworld enfrenta problemas financeiros e deixa clubes na mão

Frederico Ribeiro e Alexandre Simões
esportes@hojeemdia.com.br
20/05/2016 às 14:38.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:32
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

A Dryworld chegou ao Brasil dando um 'chute na porta'. Assinou um contrato milionário com o Atlético, fechou parceria com Fluminense, Goiás e, por último, Santa Cruz. Ganhou a simpatia da torcida do Galo ao ajudar o clube a bancar a contratação de Robinho. Mas a polêmica causada no desfile de lançamento dos uniformes do alvinegro mineiro, utilizando modelos de biquini, foi o menor dos problemas enfrentados pela empresa canadense.

Atualmente, o que tira o sono da fornecedora são as dificuldades operacionais, de ordem financeira e na distribuição de materiais para os clubes. A situação é tão complicada, que diretores e outros funcionários estão se desligando ou sendo desligados de suas funções.

Segundo a reportagem apurou, são cerca de 500 pendências financeiras registradas no CNPJ da Dryworld no Brasil, sendo a maior parcela das dívidas de ordem bancária. Foram levantados mais de 400 protestos de outras firmas que oficializaram dívidas com os canadenses em cartório. Todas as pendências foram catalogadas em um curto período, entre março e maio deste ano, durante os primeiros meses de operação no Brasil.

A principal 'vítima' do atraso dos materiais é a categoria de base dos clubes. Os times inferiores de Galo e Flu seguem vestindo Puma e Adidas, respectivamente. Na Copa do Brasil Sub-17, entretanto, o rival do Atlético, Cruzeiro, já entra em campo com as novas camisas da Umbro. Tais percalços causaram, inclusive, a saída do diretor comercial Valquírio Cabral, antigo homem forte da Lupo, que rompeu contrato com o Atlético em 2013 por, justamente, apresentar problemas de distribuição.Bruno Cantini/Atlético

No dia 01/05, os juniores do Atlético entraram em campo com uniformes da fornecedora antiga (Puma)

A empresa canadense exportou suas operações para solo brasileiro adquirindo a Rocamp/Logic, empresa téxtil com sede em Capanema/Paraná. O CNPJ da Rocamp permanece o mesmo, mas com a 'Razão Social' modificada para 'Dryworld Industrias Américas LTDA EPP' e com o Capital Social na casa de R$ 1,5 milhão.

A Rocamp fornece a tecnologia de fabricação e distribuição, mas o fundador da antiga empresa canadense, comprada pela Dryworld, admite que a empresa de materiais esportivos passa por momentos de turbulência envolvendo até dificuldades políticas de investir no país.

"O que posso adiantar é que, realmente, deve ter tido algum tipo de atrasos, uma vez que o projeto nessa transferência para o Brasil, encontrou algumas dificuldades justamente porque eles tinham muitos fundos de investimentos. Pela situação política e econômica do país, há dificuldades de empresas receberam fundos de investimentos de investidores internacionais, algo muito visto aqui na Federação do Paraná (das Indústrias). Apesar de ter mudado o Governo, isso ainda não mudou totalmente de cenário", afirmou Edson Campagnolo, atual membro do conselho da Dryworld na América do Sul, fundador da Rocamp e presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Sobre a saída do diretor comercial, Valquírio Cabral, Edson comentou: "O Valquírio ficou chateado com algumas circunstâncias, como essas que você me perguntou (atraso na distribuição). Ele está conversando com a direção da Internacional e talvez haja uma conversa a ser ajustada. Ficou descontente com a demora, mas há um diálogo".

Problemas no Santa Cruz

Tendo o Atlético como carro-chefe no Brasil, a Dryworld tenta expandir o horizonte através de Fluminense e Goiás. Mas os tentáculos da empresa apresentam limitações. Houve um acerto de fornecimento para o Santa Cruz, entretanto o clube pernambucano não tem a certeza de que o acordo terá vida longa.

O Santinha, que retornou à Série A neste ano, rompeu com a Penalty no começo de abril e confirmou o acerto com a empresa canadense dias depois, sendo que a Dryworld ajudou a bancar a multa indenizatória para o fim do contrato com a Penalty.

Só que a Cobra Coral ainda veste material da antiga fornecedora no time principal. A expectativa em Recife é que a 'marca esportiva independente líder mundial' só chegue em junho. A direção do Santa Cruz tentou se reunir com os representantes da Dry nesta sexta-feira (20), mas o encontro foi remarcado para uma data ainda indefinida.Antônio Melcop/Santa Cruz

"Tomamos conhecimento que a empresa vive uma crise interna e inclusive foi suspenso o envio de recursos para o Brasil. O fato é que eles começaram a descumprir os acertos financeiros com os clubes e estão atrasando também a entrega de material. Nesse contexto, aguardamos o fechamento dessa questão para nos posicionarmos", afirmou o presidente do Santa Cruz, Alírio Moraes, ao Diário de Pernambuco.

Robinho

O camisa 7 do Atlético, atualmente fora de combate, foi trazido para o clube com o aporte da Dryworld. Robinho tem vínculo comercial com a empresa canadense, que banca parte dos ganhos do jogador. A reportagem apurou com fontes ligadas ao camisa 7 que há um atraso de dois meses no pagamento dos direitos de imagem do atleta.

Contudo, a advogada Marisa Alija, responsável por gerenciar a carreira do 'Rei das Pedaladas', desmente a afirmação.

"Eu não sei dizer se a empresa passa por problemas ou não. Agora, em relação ao Robinho, não é verdadeira essa informação (dos atrasos). Até o momento estamos conforme o acordo", afirmou Alija, ao Hoje em Dia.Bruno Cantini/Atlético 

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