Barcelona 'abandona' sua base e gasta quase R$ 5 bilhões em contratações

Estadão Conteúdo
06/06/2018 às 09:29.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:27
 (Reprodução/Instagram)

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Sempre apontado como referência na formação de jogadores, o Barcelona parece dar cada vez menos oportunidades para garotos produzidos pela cultuada fábrica de craques de La Masia, como é chamada a base do time. Sempre pressionado por vencer e apresentar um bom futebol, o clube catalão não tem poupado recursos na contratação de jogadores já consolidados nas últimas temporadas.

Segundo levantamento do jornal italiano La Gazzetta dello Sport, o Barcelona foi o segundo time que mais investiu na aquisição de reforços no últimos 10 anos, ficando apenas atrás do Manchester City. Foram R$ 4,9 bilhões gastos no período.

O ápice deste processo se deu nesta temporada. Além de ter feito as duas maiores compras de sua história - Philippe Coutinho, por 160 milhões de euros (R$ 677 milhões), e Dembelé, por 105 milhões de euros (R$ 444 milhões) -, a temporada de 2017/2018 ficará marcada pela partida do dia 17 de abril contra o Celta, pelo Campeonato Espanhol. O técnico Ernesto Valverde não utilizou nenhum jogador formado no clube, fato que não acontecia havia 16 anos. Ele já sinalizou que tentará dar mais espaço para atletas formados no clube e vai promover dois garotos na próxima temporada: Carles Aleña e Oriol Busquets.

O trabalho em La Masia ganhou força em 1979 quando o lendário ex-jogador e ex-treinador holandês Johan Cruyff definiu que as equipes das categorias inferiores deveriam seguir um modelo de jogo ofensivo, com muita troca de passes e movimentação do time principal.

Segundo o diretor da escolinha do Barcelona em São Paulo, Agustín Peralta, a receita para sucesso do clube na base segue três pilares. "O primeiro é a humildade. Procuramos exaltar esforço e trabalho em equipe. O segundo é a inteligência dos jogadores, para que eles entendam e executem o plano de jogo. E o terceiro, que torna tudo possível, é uma metodologia própria, que traça os princípios que vão guiar o clube e quais os aspectos serão privilegiados".

Chamado de FCBEscola, o projeto também garante aplicar o DNA de La Masia pelo mundo. No Brasil são quatro escolas - duas em São Paulo e outras duas no Rio de Janeiro. E eles garantem que todas recebem visitas de diretores catalães para ter certeza de que os conceitos estão sendo aplicados.

O auge deste modelo veio com Pep Guardiola. Entre 2008 e 2012, o treinador ganhou 14 dos 19 campeonatos que disputou no comando da equipe utilizando vários jogadores formados nas categorias de base.

Mesmo sem espaço, La Masia mostra que continua seu trabalho. Em abril, o Barcelona ganhou a Uefa Youth League, correspondente à Liga dos Campeões Sub-19. No entanto, esses jogadores não estão tendo oportunidade para completar o ciclo de desenvolvimento, que seria ir para o time B.

"O que barrou a aparição de jogadores da base no time principal nestes últimos anos foi essa nova política esportiva do clube de apostar na compra de jogadores de fora para se manter em uma categoria muito competitiva que é a segunda divisão", apontou o jornalista Joaquim Piera, correspondente do jornal Sport, de Barcelona, no Brasil.
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