Brasil decepciona e apenas empata com o Chile no Mineirão

Wallace Graciano - Do Hoje em Dia
25/04/2013 às 00:08.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:08

Os incômodos gritos de “olé” a cada toque de bola chileno traduziram bem a insatisfação dos torcedores e o que foi o duelo amistoso entre Brasil e a seleção chilena, realizado desta quarta-feira (24), no Mineirão. Os comandados de Scolari, que tinham a última oportunidade de provar seu valor, não corresponderam dentro de campo e ficaram apenas no empate por 2 a 2. Mais que o resultado, ficaram as “pulgas atrás da orelha” pela má atuação, os passes errados e a pouca variação de jogo. Complicou...

Os testes acabaram e agora a Seleção já pensa na Copa das Confederações. Felipão terá até o dia 14 de maio para refletir e definir os convocados que irão defender o escrete canarinho no “Festival de Campeões”. Os selecionados se apresentarão no dia 27 e terão duas oportunidades para tentar ganhar entrosamento antes do torneio, contra a França, no dia 2 de junho, e Inglaterra, sete dias depois.

Motor engasgado

O destino aprontou das suas e fez com que o primeiro desafio de Felipão após sua volta ao comando brasileiro marcasse também a última oportunidade para definir quem entra e quem sai da lista de convocados para a Copa das Confederações. E ele deve ter ficado tenso com o que viu.

Sofreu por observar que sua defesa ainda precisa de ajustes. Exposta por uma marcação falha do meio-campo, a zaga brasileira não conseguiu segurar o audacioso esquema de três atacantes chileno, proposto por Jorge Sampaoli.

Com a bola no chão, as laterais apresentavam buracos, muito pela falta de cobertura e comunicação. Quando foi alçada na área brasileira, não foi interceptada com precisão, como ocorreu aos sete minutos. Após falta cobrada em direção à área brasileira, a defesa não conseguiu interceptar a gorduchinha, que no bate-rebate sobrou para o zagueiro do Flamengo Marcos González. Livre, o xerifão só teve o trabalho de cabecear para a rede para abri o marcador. 1 a 0.

O ataque também não mostrou o futebol desejado. Neymar buscava muito a bola no meio-campo, enquanto Leandro Damião não conseguia fazer bem a função de “pivô”. Muito desse “ostracismo” lá na frente se devia a pouca aproximação dos meias e laterais e demasiadas bolas lançadas ainda no setor defensivo, o que facilitava o corte da zaga chilena.

Se pelo chão não dava, a solução veio pelo alto. E com Réver, para o delírio da defesa atleticana. Aos 24 minutos, Neymar cobrou escanteio pela esquerda, o zagueiro-artilheiro se antecipou ao marcador e cabeceou firme para balançar o barbante. Tudo igual na Pampulha. 1 a 1.

Ao fim da primeira etapa, ficou a sensação de que um dos principais obstáculos da Seleção é o entrosamento. Há qualidade. Há boas tentativas de trama. Mas o meio-campo, que deveria ser o motor do time, pecou na marcação e na distribuição de jogadas rumo à meta rival.

Falta muito...

Felipão trouxe do intervalo duas novas caras para o segundo tempo. Para a tristeza da torcida cruzeirense, Dedé deu lugar a Henrique, substituição que já era prevista pelo treinador. Como Damião ficou refém da marcação, Pato entrou em sua vaga. E a substituição fez efeito.

O atacante do Corinthians deu maior dinâmica ao time canarinho. Abrindo espaços entre os defensores andinos, Alexandre conseguia fazer boas triangulações, que davam maior ímpeto ao setor ofensivo. Tanto foi que em uma dessas tramas, aos nove minutos, ele recebeu na cara de Johnny Herrera e deu uma “garçom” ao dar passe açucarado para Neymar cutucar para a rede. Vira-vira no Mineirão 2 a 1.

A entrada de Fernando deu um pouco mais de consistência defensiva para a defesa. O volante do Grêmio fazia bem o “sujo”, matando a bola no meio-campo. Porém, justamente quando dava a impressão que a defesa estava se ajustando, veio o castigo. E com classe, diga-se de passagem. Aos 18 minutos, Vargas recebeu pelo meio, deixou um marcador na saudade e mandou no ângulo esquerdo de Cavalieri, que, adiantado, não conseguiu chegar na pelota. Golaço, aplausos da torcida no Mineirão e 2 a 2 no placar.

 

Jogadores do Chile comemoram o segundo gol, no segundo tempo contra o Brasil, no Mineirão (Foto: Lucas Prates/Hoje em Dia)

 

Felipão ainda tentou ganhar o meio-campo e desempatar a partida, ao colocar Marcos Rocha com liberdade para apoiar e deslocar Fernando para cobrir os espaços deixados. Porém, Sampaoli soube compactar bem seu meio-campo. Vargas voltava e pegava os avanços dos laterais brasileiros, enquanto Leal não deixava Ronaldinho jogar.

Esse não é o Brasil que nos representará na Copa das Confederações. Porém, o pragmatismo e as poucas oportunidades criadas parece que viraram uma tônica de qualquer selecionado que vestir a camisa canarinho e deixam a torcida cada vez mais desconfiada sobre o futuro que nos aguarda. Sem muitas opções e tempo para entrosamento, Felipão seguirá sua ilíada tentando devolver o bom futebol à Seleção Brasileira. Enquanto isso, convive com os incômodos gritos de “olé” para o adversário, como os escutados ao final do jogo desta quarta-feira.

 

FICHA  TÉCNICA

BRASIL 2 X 2 CHILE

Brasil: Diego Cavalieri, Jean (Marcos Rocha), Dedé (Henrique), Réver, André Santos; Ralf (Fernando), Paulinho, Jadson (Osvaldo), Ronaldinho; Neymar e Leandro Damião (Alexandre Pato). Técnico: Luis Felipe Scolari

Chile: Johnny Herrera, Cristian Álvarez, Marcos González, José Rojas, Eugenio Mena; Lorenzo Reyes, Braulio Leal, Fernando Meneses (Muñoz); Eduardo Vargas (Robles), Patricio Rubio (Figueroa) e César Cortés (Fuenzalida). Técnico: Jorge Sampaoli

Gols: González (aos 7’) e Réver (aos 24’  do 1º tempo); Neymar (aos 9’), Vargas (aos 18’ do 2º tempo)

Motivo: amistoso

Data: 24 de abril de 2013

Estádio: Mineirão

Cidade: Belo Horizonte

Árbitro: Carlos Amarilla

Arbitragem: Dario Gaona e Carlos Cáceres

Público: 53.331 pagantes

Renda: R$ 3.255.205,00

Cartões amarelos: Ronaldinho e Fernando (Brasil); Álvarez e Carlos Muñoz (Chile)

Cartão vermelho: Leal (Chile)

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