Capitães de 92 e 97 rebatem declaração de Sette Câmara sobre títulos do Atlético na Conmebol

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
10/05/2018 às 00:01.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:45
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

Na mesma frase em que classificou a Copa Sul-Americana como “Segunda Divisão da Libertadores”, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, revoltou parte da torcida alvinegra ao colocar a antiga Copa Conmebol em um patamar de inferioridade.

O Galo é bicampeão (1992 e 1997) da extinta competição, uma das precursoras para a criação da Sul-Americana pela entidade que rege o futebol do continente, em 2002. 

Aquela Conmebol, a dificuldade que foi, quatro meses de salário atrasado... Ganhamos um título inédito para o clube, e jogar no lixo assim...”Paulo Roberto Prestes

Para o capitão da primeira conquista atleticana, o ex-lateral e atual comentarista Paulo Roberto Prestes, a fala de Sette Câmara causou estranheza e pareceu uma atitude desesperada para justificar a decepção diante do San Lorenzo.

“Achei a entrevista muito esquisita. Me pareceu um certo desespero na hora de receber as críticas da eliminação. Ele, como comandante de um clube, jamais poderia ter dito isso. Acho que ele deu um tiro no pé. Aquela Conmebol (1992), a dificuldade que foi, quatro meses de salário atrasado, dificuldade de treinar... Ganhamos um título inédito para o clube, e jogar no lixo assim...”, declarou, ao Hoje em Dia.

Na entrevista ao canal Fox Sports, após a queda na última terça-feira (8), Sette Câmara questionou o verdadeiro valor da Copa Conmebol, disputada entre 1992 e 1999. Atlético/Divulgação

Ícones do clube como João Leite e Sérgio Araújo participaram da conquista sobre o Olimpia em 1992 

 Nas duas edições em que ergueu o troféu (sobre Olimpia-PAR e Lanús-ARG, respectivamente), o Galo se classificou para o torneio ao ter ficado entre os quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro nos anos anteriores (1991 e 1996).

Em 1994, porém, o São Paulo ergueu a taça diante do Peñarol-URU com um time reserva, enquanto o modesto CSA fez a final com o Talleres-ARG cinco anos depois, fatos que acabaram rotulando a Conmebol como um torneio “menor”.

Tem grande valor. Se compararmos com a Libertadores, logicamente, há um diferencial. Mas ela reunia times de destaque nos campeonatos nacionais”Valdir Bigode

Na visão do ex-atacante Valdir Bigode, capitão no segundo título alvinegro, a competição tinha “grande valor”, e só se difere da atual Sul-Americana por não dar vaga na Libertadores do ano seguinte – a própria “Sula” só passou a ter esse bônus a partir de 2011, em sua décima edição.

Atual auxiliar do técnico Zé Ricardo no Vasco da Gama, Valdir foi protagonista daquela final contra o Lanús e lembra da festa feita pela torcida na época. Ele disse não ter conhecimento sobre as declarações de Sette Câmara, mas ratificou a importância do troféu conquistado há 21 anos.

“Não ouvi o que o presidente do Atlético falou. É a opinião dele, eu respeito. Mas a Copa Conmebol tem grande valor", afirmou o ex-camisa 9 do Galo.Conmebol/Site oficial/Reprodução

Taffarel, Dedê, Marques e o próprio Valdir estão entre destaques da campanha do segundo título, em 1997

 "Se compararmos com a Libertadores, logicamente, há um diferencial claro, pois uma te leva ao Mundial de Clubes, e a Copa Conmebol não dava vaga na Libertadores. Mas ela reunia times com campanhas de destaque nos campeonatos nacionais nos anos anteriores”, completou o ex-companheiro de Marques, Neguette, Edgard e Hernâni, campeões daquela Conmebol e hoje integrantes do departamento de base do clube.

Aquele foi o primeiro título internacional que o clube conquistou de forma oficial. Por isso, o levo com muita honra no meu currículo”Procópio Cardoso

Taça internacional

Por muito pouco, o Galo não se sagrou bicampeão da Copa Conmebol já em 1995. Na final, venceu o jogo de ida contra o Rosário Central-ARG por 4 a 0, mas foi derrotado pelo mesmo placar na volta. A decisão foi para os pênaltis, e a taça ficou com os Canallas.

O então técnico Procópio Cardoso via escapar ali, no Gigante de Arroyito, a chance de ser campeão do torneio novamente, após a conquista inédita em 1992. 

“Aquele foi o primeiro título internacional que o clube conquistou de forma oficial. Por isso, o levo com muita honra no meu currículo”, ressaltou o ex-treinador.Arquivo Hoje em Dia

Valdir Bigode (centro) com a taça do bicampeonato após vitória no placar agregado sobre o Lanús

  

  

  

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