Carrasco da final, Pedro Rocha deu o primeiro passo no futebol vestindo a camisa do Atlético

Frederico Ribeiro/Enviado Especial
fmachado@hojeemdia.com.br
07/12/2016 às 12:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:58

PORTO ALEGRE - A torcida do Atlético terá de torcer, nesta quarta-feira (5), pelo maior dos milagres. Vencer por dois ou mais gols de diferença como visitante, na casa do Grêmio, que tem uma mão na taça da Copa do Brasil muito graças ao atacante Pedro Rocha, de 22 anos. O jovem goleador da decisão marcou duas vezes no Mineirão, atingindo o maior feito da carreira que teve os primeiros passos no Espírito Santo e, ironicamente, vestindo a camisa do próprio Atlético.

Natural da capital Vitória, Pedro se apaixonou pelo futebol graças a uma bola presenteada pelo avô paterno de mesmo nome, quando morava no município da Serra, também no Espírito Santo. A fixação com o brinquedo e um outdoor no trajeto entre a casa e a creche fez com que o pai, Jessé Neves, levasse o filho de apenas 4 anos para a Escolinha do Atlético no Espírito Santo, administrada pelo ex-meia do clube, Vito Capucho, que defendeu o Galo em 1985 e fez carreira em Portugal. A escolinha tinha o nome fantasia de "Núcleo Atlético Mineiro".

"Em 1998, quando eu ia buscar o Pedro na creche, havia um outdoor no caminho falando da Escolinha do Atlético. Ele se interessou e passou a pedir para ir lá todas as vezes que passávamos pelo outdoor. Levei ele na escolinha, mas só tinha categoria de 10 anos acima. O professor da escolinha, que era Vito Capucho, mandou a gente voltar no outro ano. Mas o Pedro estava com aquela ideia fixa na cabeça e, ansioso, me fez voltar lá antes de dar um ano. Poucos meses depois voltei na escolinha e o Pedro ficou por lá, jogando contra meninos mais velhos. Ele passou a arrebentar como o caçula do time", disse Jessé, ao Hoje em Dia.Reprodução/Zero Hora / N/A

TÚNEL DO TEMPO - Jessé mostra carteirinha do Galo de Pedro Rocha ao Zero Hora. Leia a entrevista do pai do jogador ao jornal gaúcho clicando aqui

Pedro vestia Atlético dos pés a cabeça. Principalmente quando o clube presenteou a escolinha de Vito Capucho com uniformes completos para os meninos. Tudo porque, em 2000, o lateral-esquerdo Michel Garbini, então com 19 anos e natural também da Serra, estreava pelo time profissional do Atlético. 

"Uma vez, o lateral-esquerdo Michel, que saiu da mesma escolinha, foi estrear no profissional do Atlético e foi uma festa lá na escolinha. O pai (Mário) dele é meu amigo e o Atlético mandou um monte de uniforme para a franquia do Espírito Santo e o Pedro ficou de preto e branco dos pés a cabeça. Tinha muita determinação e já era diferenciado, sabia os horários dos treinos e já com noção de domínio, passe e chute, isso com quatro anos. O Vito, então, criou a categoria dele (fraldinha) e ele virou garoto-propaganda da escolinha", relembra o pai do jogador.

Pedro Rocha estará logo mais na decisão da Copa do Brasil, na Arena do Grêmio. Mas não poderá jogar, pois foi expulso no jogo de ida, na melhor atuação profissional já feita até aqui. Pode se tornar o nome de uma conquista que acabará com 15 anos de espera do Imortal Tricolor. Os dois gols contra o Galo foram parar no "livro de ouro" de Jessé, que anota todos os feitos do filho desde 2002. A época atleticana de Pedro não foi contabilizada, portanto, já que Pedro ficou na escolinha do Galo entre quatro e oito anos. Reprodução

Michel jogou na mesma escolhinha do Galo

De lá rumou para outro time infantil até tentar a sorte no São Paulo, numa peneira. Rejeitado no tricolor paulista, virou jogador do Juventus da Moca até ser comprado pelo Grêmio em 2015. Já são 21 pelo time gaúcho (322 contabilizados pelo pai), com os dois diante do Atlético no último dia 23 de novembro, em pleno Mineirão. Gols estes que Jessé espera que diminua as críticas que o filho recebe em Porto Alegre. O jogador, antes reserva da equipe de Roger Machado, espera virar peça fundamental de Renato Gaúcho para 2017.

"A gente esperava este momento para ele se consolidar aqui. Porque aqui em Porto Alegre é igual lá em Belo Horizonte. Tem dois times na cidade e a torcida cobra demais. Tivemos fé em Deus, Pedro teve paciência. Ele foi rotulado como um atacante que não sabe fazer gols. Mas eu já vi ele fazer gols que não é para qualquer um. E veio a final da Copa do Brasil, as coisas são incríveis mesmo. Um gol com a perna esquerda, o outro com a perna direita, dois gols para calar os críticos", completou Jessé, que mora com a esposa e o filho em um apartamento colado à Arena do Grêmio, no bairro do Humaitá, na capital gaúcha.ReproduçãoFaixa de torcedores na Arena do Grêmio lembrando a contabilização dos gols de Pedro Rocha pelo pai

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