Casamento, filho e religião: os bastidores do tratamento de Judivan um ano após a lesão

Cristiano Martins
csmartins@hojeemdia.com.br
14/07/2016 às 06:01.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:17
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Um ano completo longe dos gramados, e até mais 12 meses de recuperação após a nova cirurgia, realizada nesta quarta-feira (13). Se as previsões dos médicos do Cruzeiro se confirmarem, Judivan voltará a defender a equipe apenas em meados de 2017. Uma rotina dolorosa, mas superada graças ao apoio da família.

Não foi apenas a grave lesão sofrida no Mundial Sub-20 que mudou a vida do jogador. Nesse período, o atacante da Raposa reatou o casamento com Tatiane Fontes, ex-nutricionista do clube, passou a frequentar a igreja com a esposa e teve um filho com ela: o pequeno Davi, nascido no último dia 14 de março.

“É uma motivação a mais para ele querer voltar a jogar, ter força para continuar. Nós ficamos chateados pelo que aconteceu, mas nunca passou pela cabeça dele desistir. Ele já provou ter potencial, e vai voltar em menos tempo do que o estimado, eu tenho certeza”, afirma Tatiane.

Judivan não entra em campo desde 11 de junho de 2015, quando teve ligamentos, menisco e cartilagem do joelho esquerdo rompidos, no duelo entre Brasil e Uruguai, pelas oitavas de final. Era o auge do atacante no torneio, ao lado de Gabriel Jesus, hoje pretendido por grandes clubes da Europa.

O atleta de 21 anos chegou a retomar os treinos físicos no primeiro semestre, mas o organismo apresentou rejeição a um tendão implantado cirurgicamente. A expectativa é que ele receba alta do hospital Albert Einstein, em São Paulo, nesta sexta-feira (15).

  

Dedicação

Para acelerar a recuperação, Judivan abriu mão das férias de dezembro e reiniciou imediatamente o tratamento após uma artroscopia feita no mês anterior. Desde a contusão, os trabalhos na Toca da Raposa II são realizados em dois períodos, com direito a “hora extra” em casa.

“Ele tem feito tudo ao alcance. Sai pela manhã e só volta no início da noite, fica o dia inteiro no Cruzeiro. O clube dá todo o apoio, e até aqui em casa tinha aparelho da fisioterapia que ele trouxe. Então ele está tranquilo e confiante, porque sabe que não é culpa dele, nem do médico, nem de ninguém. Foi uma fatalidade (a rejeição)”, diz a esposa.

Segundo ela, o jogador tem recebido o apoio de uma ampla maioria de torcedores pelas redes sociais. “Alguns até cobram, ironizam perguntando se ele não quer mais sair do DM (departamento médico), mas quem está do outro lado não sabe o sofrimento. Quem mais deseja voltar é o próprio jogador, porque isso é o sonho dele, é o que ele ama fazer”, afirma.

Paizão

A maratona de tratamentos só dá uma pausa na hora de cuidar do filho recém-nascido. “O Judivan é apaixonado, passou a gravidez toda ‘babando’. Ele faz tudo, dá mamadeira, troca falda e coloca o Davi para dormir todos os dias”, conta Tatiane.

Quando sobra um tempinho, o atacante mata a saudade da bola por meio do videogame. E também tem talento no mundo virtual, segundo o amigo Breno Morais, 29. “Ele vem aqui uma semana sim, uma não. Outro dia mesmo eu tomei um ‘couro’, porque ele é viciado, é o melhorzinho da turma”, conta o parceiro, dono de uma barbearia na cidade de Contagem.

A programação que mais tira o jogador de casa, porém, são os cultos religiosos. De família católica, o atacante passou a frequentar cerimônias nas igrejas Batista e Maranata junto com a mulher. “Ele sempre foi cristão, mas acho que isso (lesão) aproximou ele de Deus, sim. Vamos toda semana, às vezes até duas, três vezes. Acredito que a fé ameniza nesse momento, porque não dá para dizer que todos nós não sofremos junto com ele também”, conclui Tatiane.

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