Caso Ramón Ábila coloca Cruzeiro no grupo do "devo, não nego, pagarei quando puder".

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
19/06/2017 às 18:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:09
 (Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

(Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

“Devo, não nego, pagarei quando puder”. O ditado popular se transformou em uma máxima do futebol nesses tempos de crise e o Cruzeiro se apoia nele na questão envolvendo o atacante Ramón Ábila, contratado em julho do ano passado do Huracán, da Argentina.

Na manhã desta segunda-feira (19), o repórter César Luis Merlo, do “Diário Olé”, da Argentina, revelou que a Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) notificou o Cruzeiro no último sábado a pagar US$ 1,5 milhão (R$ 4,8 milhões) ao Huracán, ainda como parte da metade dos direitos econômicos de Ábila. O prazo para quitar o débito, acrescidos de juros de 10% ao ano, com 6 de dezembro de 2016 como data base para se iniciar a contagem do período, é de 30 dias.

Recebendo a notificação da Fifa, o Cruzeiro irá recorrer da decisão. Na semana passada, o presidente Gilvan de Pinho Tavares, em coletiva na Toca da Raposa II, disse que após tentativas de acordo negadas pelo presidente do Huracán, ele mesmo sugeriu o recurso à entidade máxima do futebol.

“Eu vejo como falta de habilidade do clube (Huracán). Estávamos negociando, pagando e ele (Alejandro Nadur, presidente) tratando como se a gente não merecesse respeito. Ele disse que levaria para a Fifa e eu falei para levar. Como ele fez raiva na gente, vamos fazer ele esperar”, afirmou Gilvan de Pinho Tavares durante a apresentação do também atacante Sassá.

Apesar de não assumir oficialmente essa posição, o Cruzeiro sabe que vários clubes vivem processo parecido com ações que já duram anos de vendedores que não receberam pela transferência de jogadores.

A diretoria do Cruzeiro entende que o melhor caminho para a solução com o problema seria um acordo entre as duas partes. Com uma queda significativa em sua arrecadação em 2016, numa comparação com 2015, e um déficit de quase R$ 30 milhões na temporada, provocada principalmente pelas quedas na bilheteria e no programa de sócios, o clube não tinha em dezembro do ano passado o US$ 1,5 milhão devido ao Huracán.

“Se os argentinos tivessem feito o acordo com o Cruzeiro em março, como foi proposto e eles não aceitaram, já teriam recebido quatro parcelas”, afirma uma fonte cruzeirenses.

Pela compra de 50% dos direitos econômicos de Ábila, o Cruzeiro pagou US$ 2,7 milhões (cerca de R$ 8,9 milhões) ao clube argentino em agosto de 2016 e teria que repassar mais US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 4,9 milhões) no início de dezembro, o que não foi feito. E desde janeiro entrou em cartaz a novela “Pagamento do Ábila”, com cobranças constantes da diretoria do Huracán, principalmente por redes sociais.

Dentro da estratégia de fazer raiva na diretoria do Huracán, Gilvan revelou semana passada que não pretende vender Ábila na janela de transferências, que será aberta no início do mês que vem. O problema é que isso pode custar mais US$ 4 milhões (R$ 13,1 milhões) ou a perda do atacante.

Para ficar com Ábila, o Cruzeiro terá que pagar até 5 de dezembro deste ano mais US$ 4 milhões ao Huracán pelos outros 50% do atacante, o que totalizaria US$ 8,2 milhões (cerca de R$ 27 milhões) pelo camisa 9. Caso não faça isso, ele retorna ao clube argentino, com a Raposa mantendo metade dos seus direitos econômicos, mas sem poder contar com ele em seu grupo de jogadores.

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