Com passagem por clube de Belo Horizonte, Marta é esperança da Seleção Feminina

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
02/08/2016 às 20:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:07
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Os pés gravados no Calçada da Fama do estádio Maracanã, que marcaram mais de cem gols pela Seleção Brasileira, cansaram de driblar adversárias, preconceitos e buracos no campo de terra do Santa Cruz, equipe amadora da região Nordeste de Belo Horizonte.

Cinco vezes eleita a melhor jogadora do mundo, a meia-atacante Marta começa nesta quarta-feira (3), às 16h, contra a China, a sua quarta edição de Olimpíada. Principal estrela do time feminino, a camisa 10 tem a chance de escrever o inédito capítulo dourado de uma biografia que tem as primeiras páginas marcada por uma longa estadia na capital mineira.

Aos 30 anos, Marta chega aos Jogos Rio 2016 para o que muitos consideram ser a sua última chance de subir no lugar mais alto do pódio. A torcida é para que ela consiga repetir as jogadas brilhantes de outrora, as mesmas que os torcedores e associados do Santa Cruz cansaram de ver entre 2002 e 2004, quando a atleta chegou para a implantação do futebol feminino no clube (veja as fotos abaixo).Santa Cruz/Arquivo

PRIMEIROS PASSOS – Atacante chegou no fim
de 2002 e defendeu o clube por três temporadas

“Quem trouxe a Marta para o Santa Cruz foi a Vera Lúcia, uma pessoa ligada ao futebol feminino. Ela veio com o projeto para o clube e foi a coordenadora da equipe. Isso foi em outubro de 2002. A Marta chegou muito nova, mas já se destacava das demais”, relembra Carlos Henrique Soares, presidente do clube amador mineiro, que recebeu a jogadora no começo do milênio, após ela deixar o Vasco da Gama.

Confiança

A Seleção Brasileira feminina não vive um momento de protagonismo nem mesmo o seu próprio auge no cenário mundial, como há uma década. Mas o que não falta é confiança e esperança para que a “Pelé de saias” comande a busca à inédita medalha dourada, após dois vices em 2004 e 2008.

Quem afirma é Cléber Soares. Há mais de 30 anos trabalhando como roupeiro do Santa Cruz, ele já cansou de ver das piores peladas às partidas mais eletrizantes. Para Cléber, ninguém encantou mais no campo do que Marta. Lembranças que ele guarda através de uma foto tirada ao lado da jogadora, enquadrada e pendurada junto aos troféus conquistados pelo clube.

“O time era muito bom. A Marta foi três vezes campeã aqui. Uma menina muito humilde, que, depois de passar pelo Santa Cruz, foi para a Seleção Brasileira. Lembro muito dos gols que ela fazia, especialmente um do meio de campo. Joga mais bola que muito homem. É uma jogadora especial”, garante.

Na passagem pelo Santa Cruz, Marta liderou a equipe na conquista da Copa Centenário de Futebol Amador Wadson Lima.

Recompensa

Marta deixou o Santa Cruz e o alojamento do bairro Jaraguá em 2004. Após se destacar no Mundial do ano anterior e ser eliminada pela Suécia, a jogadora encantou um diretor do país nórdico, que a contratou para o Umea IK. Na Europa, a atleta seria quatro vezes campeã nacional e levantaria o troféu da Liga dos Campeões feminino.

O Santa Cruz entrou com um processo na Fifa para requerer um ressarcimento por ter ajudado na formação da estrela. Apesar de a transferência entre os clubes ter acontecido de forma gratuita, o Santa teria direito ao mecanismo de solidariedade, que beneficia o clube formador, mas ainda espera sentado para ver a cor deste dinheiro. Enquanto isso, a jogadora mantém laços com o clube. Já visitou o Santa Cruz, atraindo a população do bairro homônimo e garantindo a farra dos antigos amigos.

Parceria antiga

Mas não foi apenas Marta que passou pelo Santa Cruz, clube também conhecido por ter formado o volante Moisés (ex-América, atualmente no Palmeiras). Outra lenda do futebol feminino brasileiro defendeu as cores rubro-negras juntamente com a camisa 10. Trata-se de Miraildes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, dona de outras cinco participações em Olimpíadas e o mesmo número de presenças em Copas do Mundo.

Aos 38 anos, a meia também tomou o caminho dos vikings junto com Marta, em 2004, para atuar pelo Malmö FF Dam. Depois, voltou a ser rival da colega, nos Estados Unidos. Na época, jogou pelo FC Gold Pride, enquanto Marta atuava no Los Angeles Sol.

Depois da primeira experiência em solo americano, Marta chegou ao Santos e venceu a Libertadores da América em 2009. O Peixe, junto com o Santa Cruz e o Vasco da Gama, foram as três equipes brasileiras que abrigaram oficialmente a melhor jogadora de futebol feminino da história. A camisa deixou o cruzmaltino justamente para aterrissar em Belo Horizonte.

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