Confiante em medalhas de ouro no rio, Giovane planeja se aventurar como dirigente

Felippe Drummond Neto
fneto@hojeemdia.com.br
08/05/2016 às 12:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:19
 (Divulgação Rio 2016)

(Divulgação Rio 2016)

Bicampeão olímpico de vôlei (Barcelona-1992 e Atenas-2004), o ex-ponteiro da Seleção Giovane Gávio foi o primeiro brasileiro a conduzir a tocha símbolo dos Jogos, em Olímpia, na Grécia, no fim de abril. Integrante do Comitê Organizador da Rio-2016, o mineiro de Juiz de Fora se tornou figura frequente nos principais eventos-teste para as competições de quadra e praia. Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o ex-atleta fala sobre essa experiência única, o passado como jogador e a expectativa para o evento.

Como foi ser o primeiro brasileiro a carregar a tocha olímpica?
Foi um momento de muita emoção. Recebi a notícia diretamente do presidente (do COB) Carlos Arthur Nuzman, no início de março. Participar da cerimônia em Olímpia era um sonho, e conduzir a tocha foi muito mais emocionante do que eu esperava. Foi uma honra. Com certeza, um dos momentos mais marcantes da minha carreira.

Dois dos maiores times do Brasil são mineiros (Sada/Cruzeiro e Minas). Por ser do Estado e ter sido técnico, você tem vontade de trabalhar aqui?
Sem dúvida, tratam-se de dois dos maiores clubes, não só do Brasil, mas do mundo. Como treinador, me sentiria honrado de poder trabalhar em um deles.

“Em Barcelona (1992), nós não sabíamos o que realmente estava acontecendo. Nosso time surpreendeu o mundo. Já em Atenas (2004), fomos como favoritos. Posso dizer que foi onde eu me realizei”

Você participou de duas gerações de ouro diferentes. Qual foi a conquista mais difícil? E qual tinha o melhor ambiente?
As duas conquistas foram muito importantes e igualmente emocionantes. A diferença é que, em Barcelona, nós não sabíamos o que realmente estava acontecendo. Apesar de termos ido preparados, nós mesmos ainda tínhamos algumas dúvidas se realmente conseguiríamos ganhar. Tudo foi acontecendo durante os jogos, o time foi crescendo e atuando em um nível que, na época, ninguém consegui acompanhar. Nosso time surpreendeu o mundo. Já em Atenas, fomos como favoritos, e vínhamos com uma sequência de conquistas nos anos anteriores. Então para mim foi um momento mais lúcido, que eu aproveitei bastante, apesar de ter jogado pouco. Posso dizer que foi onde eu me realizei.

O que representa uma Olimpíada para você?
Não só para mim, mas acho que, para qualquer atleta, é o momento mais importante da carreira. Conseguir duas medalhas de ouro foi sem dúvida um motivo de alegria e realização, por ter feito parte de duas grandes gerações brasileiras.

Qual é a sua maior lembrança dos Jogos?
Sem dúvida, os pódios são os momentos mais marcantes. Apesar de valorizar todas as participações, quando fecho os olhos, é o hino nacional sendo tocado com a gente lá no alto do pódio que vem à cabeça.

Se você tivesse que montar uma seleção de jogadores com os quais você atuou, qual seria?
Não é fácil montar um time titular, afinal joguei com muitos bons jogadores nas quatro gerações olímpicas. Não vou me limitar apenas aos titulares, vou falar os melhores com quem joguei. E, mesmo assim, com certeza vou acabar deixando alguém de fora: Bernard, Renan, Tande, Marcelo Negrão, Carlão, Gustavo, Serginho, Giba, Nalbert, Maurício e Ricardinho.

Como você vê a possibilidade de essa ser a última competição do Bernardinho e do José Roberto à frente das seleções masculina e feminina?
Enquanto demonstrarem vontade e espírito, eles têm que continuar. São dois grandes treinadores, e ainda não vejo ninguém em condições de substituí-los.

Qual a sua avaliação sobre o ranking de atletas da CBV, que prejudicou o Sada/Cruzeiro?
O ranking foi criado para equilibrar o campeonato, mas ele precisa ser revisto. Mas são os próprios clubes que votam e decidem, são eles que devem pensar direito o que querem. Porque não adianta ficar culpando a CBV, sendo que os clubes têm total poder para mudar, ou até mesmo acabar com o ranking. É preciso que se organizem, para evitar que sejam prejudicados, como aconteceu com o Wallace no Cruzeiro, devido à pontuação máxima.

Acha que algum time pode tirar o Cruzeiro do topo nesta temporada?
O Cruzeiro, da forma como está jogando e mantendo o mesmo grupo há muitos anos, tem uma grande vantagem. E a cada temporada, o time se reforça com peças pontuais. Com certeza, é o time a ser batido. Acredito que Taubaté, Sesi e Campinas são os que estão mais perto de ameaçar o reinado, mas será algo ainda muito desafiador para eles.

As duas seleções são favoritas ao ouro. Quem são os maiores adversários?
O Brasil está muito bem preparado, tanto entre os homens quanto entre as mulheres. Temos jogadores e jogadoras entre os melhores do mundo em cada uma das posições, mas vamos enfrentar grandes adversários, talvez como nunca tivemos. No masculino, temos pelo menos outros cinco países com chances reais de título, como França, Polônia, Rússia, Estados Unidos e Itália. No feminino, vejo Estados Unidos, Rússia, China e Itália com chances.

Você também se aventurou no vôlei de praia. Que duplas você destacaria atualmente?
No vôlei de praia, atravessamos um momento muito feliz. No ano passado, fomos campeões mundiais, tanto no masculino como no feminino. Temos grandes duplas, como Alison e Bruno Schmidt, Pedro Solberg e Evandro, Larissa e Talita, e Ágatha e Bárbara. Entre os homens, somos os favoritos. O grande desafio será para as meninas, que terão pela frente a norte-americana Kerri Walsh defendendo o tricampeonato.

Você faz parte da gestão da Rio-2106. O que ainda falta organizar?
O Maracanãzinho está passando por uma pequena reforma no teto, tudo dentro do cronograma. No vôlei de praia, já está na reta final a construção da arena em Copacabana. Está tudo encaminhado, e tenho certeza que tudo funcionará perfeitamente na Olimpíada.

“Sem dúvida, os pódios olímpicos são os momentos mais marcantes. Quando fecho os olhos, é o hino nacional sendo tocado com a gente lá no alto do pódio que vem à cabeça”

Faltando pouco menos de 100 dias, que avaliação você faz da preparação para os Jogos?
As estruturas estão ficando prontas a tempo. O grande desafio será a operação de tudo, para que as coisas fiquem alinhadas e funcionando como devem. São várias áreas que precisam se conectar. É um momento delicado, mas tenho certeza que dará certo.

Por que decidiu se aventurar na política? Pretende concorrer na eleição deste ano ou em 2018?
Foi um momento de aprendizado, pude ter um contato muito próximo com eleitores e fãs. Recebi muito apoio, apesar de não ter sido eleito. Quem sabe em um futuro bem distante eu tente de novo (risos).

Como vê o atual processo de impeachment da presidente Dilma e qual a sua opinião sobre isso?
Enquanto não aprendermos a escolher nossos representantes e seguirmos votando por votar, estaremos sujeitos a escutar um monte de abobrinhas e vivendo várias situações em que o nosso representante pensa apenas no próprio umbigo. Então, considero que o problema maior está no voto das pessoas.

Existem conversas de que, após a Olimpíada, você estará à frente de um grande projeto de vôlei ligado a um time de futebol. É verdade?

 Estou tentando montar um time de vôlei, sim, mas não tem nenhuma ligação com nenhum time do futebol brasileiro. Se tudo der certo, em breve, anunciaremos a formação de um novo time de vôlei no Brasil.

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