Crise no futebol brasileiro: destaques na Europa, jogadores seguem em baixa na Seleção

Felippe Drummond Neto
fneto@hojeemdia.com.br
24/04/2016 às 20:19.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:05
 (LLUIS GENE/AFP)

(LLUIS GENE/AFP)

A crise técnica e tática que a Seleção Brasileira enfrenta nos últimos anos não condiz com o desempenho dos jogadores que fazem parte do grupo de Dunga pelos gramados europeus. Uma prova disso é que oito selecionáveis estarão em ação, a partir de amanhã, pelas semifinais da Liga dos Campeões.

Amanhã, às 15h45 (de Brasília), Manchester City e Real Madrid se enfrentam, na Inglaterra e coloca frente a frente a dupla Fernando e Fernandinho, do City, contra Danilo, Marcelo e Casemiro, do Real Madrid. Já na quarta-feira, também às 15h45, será a vez de Filipe Luis, do Atlético Madri encarar os compatriotas Rafinha e Douglas Costas, que atuam pelo Bayern de Munique.

A dúvida não chega a ser nova, mas é recorrente: por que os grandes jogadores brasileiros da atualidade têm um bom rendimento em seus clubes, no Velho Mundo, mas não conseguem o mesmo brilho quando vestem a camisa da Seleção?

“Ainda falta conquistarmos o coletivo. Individualmente, nós ainda temos grandes jogadores. É nesse ponto que acho que o Dunga ainda não conseguiu acertar a mão. Temos, por exemplo, o Neymar, que vem sendo o melhor ponta esquerda do mundo no Barcelona, e na Seleção não joga pelo lado esquerdo. Temos William e Douglas Costa atravessando um grande momento em seus times jogando pelo lado do campo. Ou seja, temos três ótimos jogadores para duas funções, mas ao invés de colocá-los em suas respectivas posições e um ficar de fora, o Dunga está tentando colocar os três juntos”, explica o craque Alex, símbolo maior da Tríplice Coroa cruzeirense e que teve larga experiência atuando no futebol brasileiro (Coritiba, Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro) e no europeu (Parma e Fenerbahce).

PRESSÃO
O volante Gilberto Silva, pentacampeão mundial com a Seleção em 2002, na Coreia do Sul e Japão, e com passagem no futebol brasileiro por América, Atlético e Grêmio, e no europeu por Arsenal e Panathinaikos, acha que a responsabilidade pelo momento ruim precisa ser dividida.

“Quando você não está no dia a dia é um pouco complicado. Mas acredito que cada um precisa assumir sua responsabilidade, da importância do seu papel, o que significa cada jogo. Temos grandes talentos, em clubes de ponta da Europa, mas dentro da Seleção ainda precisamos de um resultado melhor. Vamos torcer para que tudo se ajeite, principalmente depois dos últimos resultados, que não foram o que todo mundo esperava”, analisa Gilberto.

DIFERENÇAS TÁTICAS
Há três semanas, o lateral-esquerdo Filipe Luis foi um dos jogadores mais criticados após os empates da Seleção Brasileira contra Uruguai e Paraguai, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, que será na Rússia.

Depois, foi um dos mais elogiados quando o Atlético Madrid eliminou o Barcelona, nas quartas de final da Liga dos Campeões.

Uma análise leva à conclusão de que o Brasil possui vários jogadores que estão entre os melhores das suas posições no mundo, como Daniel Alves, Thiago Silva, Marcelo, Willian, Douglas Costa, Phillipe Coutinho e Neymar.

Mas fica clara a dificuldade de todos eles quando vestem a amarelinha. E a explicação parece evidente: a diferença tática entre o futebol praticado na Europa e o implantado por Dunga na Seleção.

E isso passa a ser determinante quando se comprara o tempo de Brasil e Europa da nossa nova geração. Citados por Alex, Douglas Costa jogou dois anos e meio por aqui. Está há seis temporadas no futebol europeu.

Revelação corintiana, Willian passou um ano e meio no Parque São Jorge. Já está há nove na Europa. 

“O Brasil precisa encontrar uma forma de marcar os adversários. Ainda não conseguimos isso. No atual nível do futebol, não tem mais jeito de jogar sem marcar. Nós temos bons jogadores e o trabalho do Dunga é fazer o coletivo dar certo”, analisa o craque Alex. (Colaborou Clarissa Carvalhaes)
 

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