(Jefferson Bernardes)
Um dos ditados mais conhecidos do futebol diz que “em time que está ganhando não se mexe”. E, apesar de velho, o chavão pode ilustrar bem o porquê do sucesso do Cruzeiro nesta temporada. A principal característica deste elenco bicampeão brasileiro é o entrosamento, sintonia que só veio com a manutenção da base. Quando chegou ao Cruzeiro, no final de 2012, Marcelo Oliveira tinha como obrigação dar uma nova cara a uma equipe que vinha de duas temporadas fracassadas. Assim, ao lado da diretoria, promoveu uma verdadeira reformulação do elenco para 2013. Na campanha do tricampeonato, mais de 70% do grupo era composto de caras novas em relação ao ano anterior. Como o time conseguiu um resultado expressivo antes do esperado, a cúpula estrelada apostou na base tricampeã para mais um ano de sucesso. "Um dos grandes trabalhos e a maior contratação de 2014 foi a manutenção completa ou praticamente completa. O Cruzeiro fez contratações pontuais que foram solicitados por Marcelo Oliveira ", afirmou o diretor de futebol da Raposa, Alexandre Mattos. Do elenco tricampeão, deixaram o clube os zagueiros Paulão e Wallace, o lateral-esquerdo Éverton, os volantes Souza e Leandro Guerreiro e os atacantes Martinuccio, Luan, Vinícius Araújo e Anselmo Ramon. Como prometido por Mattos, o Cruzeiro se reforçou com peças estratégicas ao longo desta temporada. Chegaram o zagueiro Manoel, o lateral-esquerdo Samudio, o volante William Farias, o meia Marlone e os atacantes Neilton, Marcelo Moreno e Marquinhos. Assim, a Raposa conseguiu ter um grupo em sintonia para enfrentar grandes adversidades ao longo de uma competição desgastante como é o Campeonato Brasileiro. Como inevitavelmente o time titular iria sofrer com contusões e suspensões, criou-se a mentalidade de que seria necessário sintonia entre os jogadores para que o substituto conseguisse suprir a ausência. E para Júlio Baptista, a força desse elenco foi primordial para o sucesso da Raposa. “O Cruzeiro tem um elenco muito forte. Qualquer jogador que entra em campo consegue fazer o seu melhor. Mas isso também acontece pela forma como treinamos, os jogadores entendem essa dinâmica. Se você for analisar, o time do Cruzeiro erra poucos passes. A gente consegue criar muitas jogadas ofensivas. Taticamente somos um time que entende muito bem. O time que não consegue se desenvolver dentro de campo acaba perdendo a formação e o time que é mais ajeitado vai conseguir levar vantagem e vencerá os jogos”, afirmou o atleta em entrevista ao Arena Sportv. E não ficou somente na teoria. Na prática, o Cruzeiro conseguiu levar a campo essa proposta. No ataque, Marquinhos, Willian, Alisson e Dagoberto revezaram ao longo do torneio, sabendo bem o que deveriam fazer. Júlio Baptista conseguia suprir bem as ausências de Marcelo Moreno e Ricardo Goulart, ainda que fossem funções distintas. Se Lucas Silva ou Henrique não conseguiam entrar em campo, Nilton e Willian Farias estavam a postos para suprir suas ausências. Com tanta força de conjunto, o resultado não poderia ser outro. O Cruzeiro, assim como no ano passado, voltou a se sobressair e fez sua imagem resplandecer e faturou o tetracampeonato “com um pé nas costas”.