‘Vamos buscar quatro reforços bons para 2016’, promete Vicintin

Henrique André – Hoje em Dia
Hoje em Dia - Belo Horizonte
11/10/2015 às 10:08.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:01
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

Empresário bem sucedido do ramo metalúrgico, Bruno Vicintin completa hoje 41 dias na vice-presidência do Cruzeiro. Nascido em São Paulo, em 1977,ele conheceu a Raposa ainda criança, quando viu de perto o time que brilhava na extinta Supercopa. Cruzeirense de arquibancada, Bruno cresceu e começou a vivenciar o clube cada vez mais de perto. Em 2008, entrou na vida política celeste e tornou-se conselheiro. Três anos depois, começou a viver de perto o trabalho das categorias de base. Ativo e ganhando destaque dentro do Cruzeiro, o empresário foi nomeado superintendente da base em abril de 2013. Mas foi há pouco mais de um mês que viu a vida dentro do clube ganhar mais peso. No dia 31 de agosto, ele foi oficializado na segunda cadeira mais importante do Cruzeiro, com a missão de ajudar o presidente Gilvan de Pinho a desconstruir uma crise que a cada dia ganhava mais contornos, dentro e fora de campo.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o dirigente conta como resgatou a autoestima da torcida, explica por que escolheu Mano Menezes para ser o substituto de Vanderlei Luxemburgo e revela quais os planos de futuro. Bem humorado, ele fala também sobre a febre #TimeDoPovo, sucesso em todas as redes sociais.

O fato de você ter sido superintendente da base vai fazer com que o profissional abra mais espaço para os pratas da casa?
Eu acho que é o caminho do futebol brasileiro. Claro que a base tem que continuar fabricando jogadores de qualidade. Não adianta a gente dar oportunidade para jogador que não tem condição de vestir a camisa do Cruzeiro. Mas acho que a subida de atletas da base ajuda a diminuir a folha e aumenta os ativos do clube.

O antigo diretor de futebol Isaías Tinoco deu uma declaração infeliz sobre a torcida do Cruzeiro. Você assumiu a vice-presidência, mobilizou os cruzeirenses nas redes sociais e resgatou rapidamente a autoestima dos torcedores. Foi a maior realização até o momento?
Quando me convidaram, teve um conselheiro que me perguntou o que eu ia fazer. Respondi que a primeira coisa que deveria ser feita era trazer a torcida para junto, porque ela é uma força muito grande que o Cruzeiro tem. E ela estando junto, seria o nosso maior reforço para tirar o Cruzeiro do momento que estava vivendo. A torcida naquele jogo contra o Santos, apesar de ter tido um público menor, acho que foi o divisor de águas. Ali ela deu aquele grito para falar assim: “agora, a gente vai abraçar”.

O que representou a chegada de Mano Menezes ao clube? A diretoria temeu que ele não conseguisse, devido ao tempo, mudar o que havia sido implementado por Vanderlei Luxemburgo?
Desde quando conversamos com o Mano, ele passou uma segurança muito grande. Era o que a gente procurava. Ele foi o primeiro e o único com quem conversamos. Ele estava há oito meses esperando por um projeto que ele acreditava que pudesse ser importante para a carreira dele. Ele acreditava que o Cruzeiro não tinha time para brigar aonde estava.

Em 2014, a dívida total do Cruzeiro girava em torno de R$ 252 milhões. Este valor aumentou em 2015? Fale sobre a saúde financeira do clube.
O Cruzeiro, como todos os clubes do Brasil, não está nadando em dinheiro, mas eu posso falar que é um dos pouquíssimos do país que não atrasou salário nenhuma vez este ano. Quanto a dívida, estou esperando sair o balanço. É uma questão mais contábil.

Em que pé anda o planejamento da diretoria para 2016? Veremos um time com grandes contratações ou o mercado não permite altos investimentos?
Com o Profut – programa de refinanciamento da dívida dos clubes – todos os clubes terão os pés no chão no ano que vem. Vamos buscar entre três ou quatro contratações pontuais, que venham para jogar, e não jogadores que venham como apostas. Temos um time muito jovem, com muitos jogadores de qualidade. Então este quesito já está preenchido.

A escolha do Thiago Scuro para a diretoria de futebol é um passo importante para o Cruzeiro seguir o modelo de clube empresa?
O Scuro foi contratado por ter experiência em clubes empresas. Ele vai ter o desafio de mexer com um clube grande, de uma torcida gigante como é a do Cruzeiro, mas o clube é uma das maiores empresas do estado, em faturamento. É uma das trinta maiores.

O fato de ser um “cruzeirense de arquibancada” pode gerar uma pressão maior para que você atenda aos anseios da torcida? Qual é a vantagem e qual a desvantagem de ter sido um “torcedor comum”?
Sei do tamanho da responsabilidade, sei do tamanho da expectativa que colocam em mim e do tamanho do desafio. Acredito que me preparei para isso, ficando três anos na base. Acho que todo dirigente deveria passar um período lá. A gente aprende bastante. Eu, na verdade, rezei muito para Deus me colocar no caminho certo. Ser vice-presidente num clube do tamanho do Cruzeiro, a pessoa não sabe, mas influencia na família, nos negócios, em tudo. Sobre ser torcedor, a grande vantagem é saber o que machuca a torcida, o que dói nela e os anseios. A grande desvantagem é que, como torcedor, você não precisa ser frio. Como dirigente você tem que ser mais racional e colocar tudo na balança. É o grande desafio.

Você pensa ser presidente do Cruzeiro um dia? Qual o legado que gostaria de deixar no clube?
Todo mundo me pergunta isso. Eu sendo vice-presidente de futebol nos dois anos que restam no mandato do presidente Gilvan, posso dizer que vou me focar totalmente neles. Óbvio que ser presidente do Cruzeiro é um sonho dos oito milhões de cruzeirenses, mas falando de coração aberto, o que me importa mesmo é ver o Cruzeiro bem. Não tenho esta vaidade. Quero ver o Cruzeiro forte. Tudo o que eu tenho eu vou deixar no Cruzeiro. Se vai dar certo ou não, eu espero que dê. Eu não sou vice-presidente do Cruzeiro, eu estou vice presidente. Quando eu sair, quero olhar para trás e ver que fiz o maior trabalho que pude.

O Cruzeiro só conseguiu fechar patrocínios no segundo semestre do ano. Esta dificuldade acarretou em quê nos cofres do clubes?
O patrocínio master é muito importante para o clube financeiramente, mas, como eu disse, o Cruzeiro conseguiu manter uma estabilidade razoável durante o ano. Agora, temos que conseguir mantê-la para frente. O sócio-torcedor é a nossa locomotiva maior, com mais de 72 mil. Precisamos chegar ao dobro disso para o clube ser autossuficiente. Só tem duas coisas que vão manter o Cruzeiro grande: o sócio-torcedor e um fluxo contínuo de atletas subindo da base.

O presidente Gilvan de Pinho revelou ter pensado em renunciar ao cargo. Qual foi a conversa que vocês tiveram e o que você usou de argumentos para fazê-lo desistir da ideia?
Foram conselheiros do grupo político dele que se reuniram e passaram que ele era o presidente mais vitorioso da história do clube, e muito querido e respeitado por todos. Falamos que era um momento passageiro, que íamos conseguir sair. Às vezes quem está de fora do clube vê com mais tranquilidade do que quem está de dentro. Em respeito a pessoa que viveu dentro do clube, conheceu a esposa dentro do clube, criou os filhos dentro do clube. Doutor Gilvan é um patrimônio que o clube tem.

O Cruzeiro ainda paga salários ou tem gastos com os dois últimos treinadores (Marcelo Oliveira e Vanderlei Luxemburgo)?
Não fui eu que demiti os dois, mas acredito que não.

Quem é o principal responsável pelo baixo rendimento do time em 2015?
Pra mim é difícil comentar do passado antes de eu assumir. É indelicado e antiético. Prefiro comentar a partir do momento que eu assumi para frente. Esta análise do que deu errado a gente vai fazer internamente.

Gostaria de deixar um recado para a China Azul?
Queria agradecer ao apoio e a confiança de todos, mandar um abraço para a torcida do “Time do Povo”, e agradecer por tudo que ela tem feito.

Por que “Time do Povo”?
Na verdade, foi um áudio que passei para um amigo, que acabou vazando, e acho que não tem discussão. Qualquer pesquisa que você vê, a torcida do Cruzeiro é amplamente maior nas classes C e D.

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