"Curry seguirá mudando o basquete, pela influência sobre os mais jovens", avalia armador do Minas

Cristiano Martins - Hoje em Dia
07/03/2016 às 07:44.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:42
 (Orlando Bento/Divulgação Minas)

(Orlando Bento/Divulgação Minas)

Isaac Sosa ainda não fala quase nada de português, mas já se sente à vontade no Minas. Primeiro porto-riquenho a atuar no NBB (Novo Basquete Brasil), o ala-armador chegou a Belo Horizonte em setembro de 2015, após duas temporadas na Argentina. O suficiente para afirmar que esta tem sido, até aqui, a melhor experiência da carreira.

Fã de Stephen Curry e especialista nas bolas de três pontos desde os tempos de basquete universitário nos Estados Unidos (2009 a 2013), o atleta de 26 anos é um dos candidatos ao Jogo das Estrelas 2015/16, marcado para o próximo dia 19. Mas Sosa também tem planos ambiciosos para além das montanhas da capital mineira, como disputar a Olimpíada do Rio e, quem sabe, a NBA.

O arremesso de três pontos é uma das suas especialidades. Stephen Curry é hoje uma referência para você?

Tenho falado bastante sobre ele ultimamente. Realmente o admiro muito, e trato de observar e praticar seus movimentos. Tenho um físico parecido ao dele, e me encanta muito sua forma de jogar, de passar a bola, a visão que tem da quadra, a forma como busca o tiro, cria o espaço e envolve os companheiros de equipe. É realmente impressionante o talento que tem, e sei também que trabalha muitíssimo. Isso é algo que as pessoas não comentam tanto. É um grande trabalhador, e foi isso que o levou a ter o êxito que teve até agora. Por isso, sim, eu o admiro muitíssimo e trato de praticar as coisas que ele faz. Me serve de exemplo.

Você concorda com a tese de que Curry está revolucionando o basquete?

Sim. Eu penso que é um jogador que já mudou muito o basquete, e o seguirá mudando. Não apenas pela técnica, mas pela influência sobre os mais jovens. Porque ele não tem as qualidades físicas de alguns, como LeBron James, Kobe Bryant e Kevin Durant. São atributos que nem todos têm por natureza. Qualquer criança e adolescente vê um jogador que não tem nada disso, que é fisicamente comum e que se sobressai pela destreza e pelo que faz na quadra. E conclui que, trabalhando bem, também pode alcançar êxito. Por isso, Steph já se converteu em um ícone. Ele traz a mudança da regra e a esperança a quem tenha um físico como o dele. Eu, obviamente, me encaixo nesse grupo.

Qual a sua expectativa para o Jogo das Estrelas em sua primeira temporada no Brasil?

Para mim, é uma grande honra. Eu fiz parte de dois jogos das estrelas na Argentina, no ano passado e no retrasado. Tem uma importância pessoal para a minha carreira. Creio que o NBB tem feito um grande trabalho de marketing com esse tipo de evento. Estou alegre em ser participante disso, e significa muito para mim estar entre os melhores jogadores da liga, estar na votação. Não sei ainda quem serão os eleitos no fim, mas já é um orgulho estar cotado, assim como a escolha para o Torneio de Três Pontos. Será uma experiência única, do ponto de vista pessoal e profissional.

Porto Rico tem uma tradição de grandes seleções, mas não se classificou no Pré-Olímpico. Você ainda acha possível disputar os Jogos?

Participar de uma Olimpíada sempre foi um sonho para mim, totalmente. Para este ano, não conseguimos a classificação no México, então agora se tornou uma tarefa muito mais difícil, porque teremos que ir à repescagem e competir com equipes europeias, por isso a meta está mais distante. Creio que a chave é a preparação e a antecipação com que se prepara a equipe. Em Porto Rico, há a limitação de que a Liga profissional se joga de março a junho, e a seleção começa a treinar ainda durante o torneio. Por isso, muitos jogadores, obviamente, não podem fazer parte da preparação. Temos esse problema conflitivo de datas. Nesse ano, adiantaram a liga, mas de toda maneira terminará em julho. Assim, vai continuar sendo um problema.
 

E disputar a NBA? Ainda diria que é um sonho?

Claro. Este sempre foi o meu sonho, e isso não vai mudar nunca. Mas há um processo, eu teria que passar por certas ligas antes. Eu já havia escutado que a liga do Brasil é muito boa, tem boa tradição, e saíram jogadores direto daqui para a NBA. Ao fim da temporada, vamos ver as alternativas e decidir qual será o melhor caminho para mim, se aqui ou na Europa, porque obviamente também anseio em jogar na Europa.

O Minas tem só nove vitórias em 24 jogos, mas está na zona de classificação às oitavas de final do NBB. Até onde esse time pode chegar?

Para mim, é uma equipe com muitíssimo potencial. Claro que temos a limitação de sermos, na maioria, muito jovens. Carecemos de experiência, e certas situações de jogo nos afetaram em algumas partidas em particular. Mas somos uma equipe de muito talento individual, sendo que precisamos trabalhar algumas coisas nos treinos, ajustes táticos e técnicos. Esperamos chegar aos playoffs e ir o mais longe possível.

Como tem sido a sua adaptação ao grupo desde que chegou ao Minas?

Gosto muito dos companheiros, do clube, do treinador, não tenho nenhum problema com ninguém e me dou bem com todo mundo. Estou muito satisfeito. Tem sido, eu creio, a minha melhor experiência em termos de química com a equipe. Este tem sido somente o meu terceiro ano como profissional, e creio que tem sido o melhor.

E a vida em Belo Horizonte?

Na verdade, gostei muitíssimo de Belo Horizonte. É das cidades mais lindas que já visitei, definitivamente. Estou bem acomodado em um apartamento, e venho passando muito bem nesses cinco meses. Não tenho família aqui, mas, como já mencionei, me dou bem com os companheiros. Tem sido sido uma experiência formidável. Quando não há treinamentos e jogos, passo muito tempo com os companheiros de equipe, que por sorte são da minha idade. Somos a maioria mais ou menos da mesma idade, e sempre estamos juntos. Na verdade, nunca estou entediado, e isso é o que mais me agrada aqui.
 

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