Davi contra Golias: o desafio dos "pequenos" no estadual

Vinícius Las Casas - Portal HD
28/01/2013 às 11:40.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:17
 (Gabriel Castro/Divulgação Guarani)

(Gabriel Castro/Divulgação Guarani)

O Campeonato Mineiro tem 100 títulos distribuídos, mas uma alta concentração dos troféus em Belo Horizonte. O Galo gritou 41 vezes "é campeão". O Cruzeiro aparece com 35 conquistas. O América vem na terceira colocação com 15 títulos. Ou seja, 1% dos canecos da competição ficaram na capital do estado.

No interior, em raras ocasiões, os times conseguem beliscar uma conquista. A última vez ocorreu em 2005, com o título inédito do Ipatinga. Além da extinta equipe do Vale do Aço, Villa Nova, cinco títulos, Siderúrgica, duas vezes, e a Caldense, em um campeonato sem a participação de Atlético, Cruzeiro e América, tiveram a honra de serem campeões mineiros.

Reduzir essa gigantesca diferença é, ano após ano, objetivo das equipes do interior, para, ao menos, tentarem incomodar os clubes da capital e se estruturarem buscando os holofotes nacionais.

Tem solução?

Barroso acredita que planejamento pode minimizar diferenças (Lucas Prates/Hoje em Dia)

Nos clubes "pequenos, alguns acreditam que há maneiras para se minimizar dentro de campo essa diferença de infraestrutura e orçamento. Contudo, existem também opiniões que refutam a afirmação anterior. Alexandre Barroso, técnico do Villa e com passagens por Atlético e Cruzeiro, acredita que o abismo é muito grande para ser rompido a curto prazo.

"Primeira coisa, tem que admitir que não tem competição igual. Tem que partir deste pressuposto. Eu sei que há um hiato, diferença de orçamento e que vai influenciar na qualidade técnica, na infraestrutura, e o somatório disso tudo faz a diferença", alertou, complementando que dá para se buscar um diferencial com planejamento:

"Não tem pretensão em competir de igual para igual. Atlético e Cruzeiro estão em um patamar superior, América depois e, então, aparecem os times do interior. No meu caso, o que faço é escolher bem o jogador e acho que trouxemos atletas de qualidade. Tendo isso em vista, é importante fazer um bom planejamento de trabalho. O Villa Nova fez uma pré-temporada séria. Na amizade, no relacionamento com profissionais, conseguimos realizar os testes físicos que Atlético e Cruzeiro fizeram. Tem que buscar alternativas, planejar com antecedência. Mas não tem esse objetivo de competir de igual pra igual", destacou Barroso.

Background de seleção

Opinião semelhante é compartilhada por Marcelo Cabo, treinador do Tombense. Utilizando o planejamento como base, o comandante do Carcará acredita que pode se contratar os atletas certos, avaliando bons jogadores que estão fora do radar dos "grandes".

Marcelo Cabo pontua a captação de jogadores como fundamental (Tombense/Divulgação)

 

"Temos um trabalho feito aqui desde novembro para não errar nestas contratações, para fazer um bom trabalho. O critério é um bom mapeamento para captação de jogadores e que minimize os erros. Vamos buscar aquilo que precisa e dentro da nossa realidade", afirmou Cabo, que foi assistente de Dunga na Seleção Brasileira.

Dirigentes

No campo da diretoria, Roger Galvão, diretor de futebol do Nacional, ressalta a necessidade de montar um estafe técnico de qualidade e que possa motivar os jogadores contratados. Além disso, os atletas do clube precisam ser profissionais, na acepção da palavra e respeitarem a instituição que estão defendendo.

"Às vezes, não tem receita financeira, mas tem conhecimento de elementos que fazem diferença na performance. Uma comissão técnica com pessoas com excelência que surte efeito no trabalho. Um bom treinador, auxiliares que trazem motivação ao grupo, dirigentes que detectem atletas profissionais e que tem envolvimento com a instituiçao. Uma alimentação adequada um trabalho de logística... São varios fatores que podem surtir efeito e minimizarem essa diferença. Além de identificar jogador certo e distribuir de forma adequada o elenco", comentou o dirigente.

Parceria

Felipe Surian apostas nos parceiros  (Tupi/Divulgação)

Em Juiz de Fora, o técnico Felipe Surian, do Tupi, relata a importância do relacionamento dentro do futebol. O Galo Carijó buscou parceiros para viabilizar alguns reforços advindos de clubes fortes do cenário nacional. Essa situação permite uma sobra de dinheiro em caixa para a contratação de reforços.

"Esse ano nós conseguimos parceiros. E eles têm bastante influência em alguns clubes e puxaram atletas para o Tupi. Isso tem nos ajudado muito. Fez com que sobrasse um pouco mais de dinheiro para contratar jogadores-chave para a montagem do grupo", afirmou.

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