De casos famosos à tela do cinema: conheça os riscos da concussão

Felippe Drummond Neto
fneto@hojeemdia.com.br
06/05/2016 às 18:39.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:18
 (NLF)

(NLF)

Apesar de apenas um impacto na cabeça (concussão) não causar nenhum dano a longo prazo, a repetição deles pode resultar numa lesão cerebral irreversível. Em toda pancada recebida pelo cérebro, ele libera substâncias como a proteína beta-amilóide, cerca de 3 horas após o trauma, como uma reação normal.

O acúmulo dessa proteína no local pode ter consequências futuras como déficits de atenção e memória, além de alterações do comportamento e motoras. Casos graves podem cursar com atrofia cerebral, perda neuronal e acúmulo de proteínas anormais e evoluir para demência e parkinsonismo”, alerta o neurologista Leonardo Dornas.

O problema, segundo o médico do América, Celso Furtado, é o risco causado por um novo impacto, quando o atleta ainda não se recuperou do primeiro choque. “No momento do trauma, nem sempre o jogador fica inconsiente, as vezes ele fica apenas atordoado e tem uma forte tontura, querendo inclusive voltar para o campo. Mas aí que está o perigo. O maior problema nos casos de concussão é a Sindrome do segundo impacto, que pode inclusive levar um atleta a óbito”, explica Celso.

Casos famosos
Apesar de não ser tão comum no futebol, alguns casos de concussão tiveram destaques na mídia nos últimos anos. O mais famoso é o do goleiro tcheco Petr Cech, atualmente no Arsenal da Inglaterra; ele sempre entra em campo usando um capacete de rúgbi.AFP

Em 2006, quando ainda atuava pelo Chelsea, Cech sofreu uma grave concussão após chocar-se contra o joelho de Stephen Hunt. O goleiro deixou o campo inconsciente e posteriormente precisou passar por uma cirurgia já que foi diagnosticado uma fratura de crânio, que quase custou sua vida. A partir dali, o arqueiro adotou o 'capacete' para se proteger como recomendação médica.

Outro caso de concussão que ganhou as manchetes foi do lateral-esquerdo uruguaio Álvaro Pereira. Na partida contra a Inglaterra na primeira fase da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, Álvaro deu um carrinho para tirar a bola do inglês Raheem Sterling, mas acabou chocando-se com o joelho do atacante. Caído e sem movimentos por alguns segundos no gramado, ele  assustou os milhões de espectadores que acompanhavam a partida no estádio e na televisão.

Outro caso foi com o goleiro Fábio do Cruzeiro. Em 2011, ele sofreu uma concussão cerebral, sem perda de consciência, durante o jogo contra o Fluminense, no returno do Campeonato Brasileiro. Na mesma partida o goleiro foi substituído e, por estar em observação, ficou de fora da rodada seguinte. O camisa 1 voltou a entrar em campo apenas 11 dias depois do choque, usando uma toquinha de rúgbi para proteção do crânio.

NFL
Apesar de no futebol a concussão ainda não ser levada tão a sério, no futebol americano ela já gerou um rombo de US$ 800 milhões para a NFL. Muito comum na modalidade preferida dos Estados Unidos, em função das repetitivas pancadas durante os jogos, em 2013 a Liga chegou a um acordo neste valor com 4,5 mil jogadores e ex-jogadores que a processavam, justamente por danos referentes a concussões cerebrais.

Além do valor pago, a Liga foi obrigada a criar um centro de estudos sobre concussões e traumas cerebrais ligados à prática do futebol americano. Em cada partida da temporada da NFL, inclusive, há uma comissão médica independente para avaliar  os jogadores que sofrem fortes impactos na cabeça. Em caso de concussão, o atleta é retirado imediatamente de campo e precisa passar por um protocolo de avaliações na semana seguinte até receber autorização para voltar a treinar e jogar normalmente.

Filme
A história desde o descobrimento do problema de concussões na NFL até a condenação da liga para pagar essa indenização milionária é retratada no filme estrelado por Will Smith, “Concussion” (Concussão: Um homem entre gigantes) que chegou aos cinemas brasileiros este ano.

Na trama baseada em fatos reais, Will Smith interpreta o Dr. Bennet Omalu, nigeriano que descobriu a encefalopatia traumática crônica (CTE na sigla em inglês), doença degenerativa encontrada em número elevado de ex-jogadores da NFL e que é cada vez mais associada as concussões sofridas pelos atletas ao longo da carreira. Omalu tentou avisar a liga várias vezes, durante anos sobre o perigo da doença, mas os chefões do futebol americano demoraram para reconhecer a gravidade do problema.

A concussão pode deixar o indivíduo com dor de cabeça, sonolência, esquecimento e, a longo prazo, danos cerebrais mais graves e até depressão. Por isso, casos de ex-atletas que cometem suicídio, por exemplo, são relacionados a esse problema.

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