De 'Romarinho' frustrado na infância ao sucesso na lateral-direita: o caminho traçado por Edilson

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
28/02/2018 às 18:10.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:37
 (Alex Fernandes/Jornal do Noroeste)

(Alex Fernandes/Jornal do Noroeste)

"O Romário sabe jogar, sabe dominar e fazer gol. Você é um camarada que gosta de dar porrada. Quem gosta de bater tem que ser lateral, zagueiro... Acho que você não vai dar certo como atacante. Se insistir, vai ser como seus parentes, montando  touro em rodeio". 

Ouvir isso de um treinador, aos 11 anos, não deve ser fácil para nenhum garoto que sonha ser jogador de futebol. Porém, no caso do lateral-direito Edilson, apelidado de "Romarinho" na infância, as palavras de José Albino, seu técnico na escolinha em Nova Esperança, interior do Paraná, se tornaram o melhor conselho para brilhar no mundo da bola.

"O que mais me chamou atenção nele foi a vontade de jogar. Corria bastante, não gostava de perder jogo. O coloquei para jogar de volante e lateral. Enquanto muitos não acreditavam nele, eu dizia que ele teria futuro. Hoje ele é orgulho da nossa cidade", conta Albino ao Hoje em Dia.

Ainda na infância, o lateral do Cruzeiro, campeão da Libertadores e vice do mundo com o Grêmio em 2017,  teve que aprender a lidar com as pancadas da vida. De família humilde e apaixonada pelos rodeios, ele e os dois irmãos, Éder e Edmilson, foram criados pela mãe, dona Maria Mendes, que perdeu o marido, caminhoneiro e funcionário de um frigorífico, num acidente automobilístico.

Técnico e Orientador

Apesar do gênio forte daquele menino que surgia para o futebol, Albino garante que nunca teve qualquer tipo de problema com Edilson. Orientador, ele se orgulha por ter dado conselhos importantes ao lateral.

"Ele nunca me deu trabalho. Tive que educá-lo. Se ele perdesse a bola, ele já dava voadora no camarada. Tinha que tirá-lo do treino e chamar a atenção. Com o tempo, fui tirando esse mau costume dele", acrescenta.

Sobre os primeiros passos do lateral da Raposa no futebol, o técnico, que pretende se aposentar em breve, guarda na memória o que Edilson disse, numa viagem à Londrina, quando fizera um teste no PSTC. As palavras, inclusive, mostram que a raça vista nos dias de hoje, vem do sangue da família, apaixonada por touros.

"Na primeira vez que levei o Edislon para fazer teste, no PSTC de Londrina, no carro com ele e mais dois garotos, o Edilson conversador, disse que seria profissional e que não voltaria para Nova Esperança. Só voltaria se quebrassem as duas pernas dele; que se quebrassem uma só, ele continuaria jogando. Foi dispensado depois de 7 meses. Fizemos um amistoso contra o Tupi, de Gaspar-SP, e o treinador se interessou por ele. Daí tudo começou, até chegar ao Avaí, onde foi revelado", conta.Wagner Martins Fotografias / N/A


Orgulho em casa

Já para o irmão mais velho, Éder, e mãe, Maria, Edilson é o maior motivo de orgulho para a família.  Em contato com a reportagem, ambos contaram que, do conjunto Jardim das Flores, bairro de Nova Esperança onde cresceu, a Belo Horizonte, onde mora atualmente, o atleta mais famoso da cidade não perdeu o jeito de ser; inclusive o espírito de boiadeiro.

Clássico

No próximo domingo (4), Edilson estará em campo para mais um duelo com a camisa do Cruzeiro, clube o qual defende desde o início do ano. Pela frente, ele terá o Atlético, maior rival da Raposa e clube o qual defendeu em 2005, e o amigo Fábio Santos, lateral-esquerdo do alvinegro, com quem atuou pelo Corinthians, em 2015.

A partida, válida pela nona rodada do Campeonato Mineiro, será às 11h, no Independência. Se depender da história de vida do camisa 22, raça não faltará em campo. Pela televisão, na pequena cidade de 28 mil habitantes, dona Maria e os dois filhos estarão ligados, torcendo por mais uma vitória do "ex-Romarinho".Reprodução/Instagram 



Nome completo: Edilson Mendes Guimarães
Posição: Lateral direito
Nascimento: 27/07/1986 (Nova Esperança-PR)
Altura: 1,77m
Jogos: 5
Gols: 0

Carreira: Avaí (2004), Vitória (2005), Atlético (2005), Avaí (2006-2007), Ponte Preta (2008), Guarani de Palhoça-SC (2008), Ponte Preta (2009-2010), Grêmio (2010), Atlético-PR (2011), Grêmio (2012), Botafogo (2013-2014), Corinthians (2015-2016), Grêmio (2016-2017) e Cruzeiro (2018)

Títulos: Campeonato Baiano (2005), Campeonato Paulista do Interior (2009), Campeonato Gaúcho (2010), Campeonato Carioca (2013), Campeonato Brasileiro (2015), Copa do Brasil (2016) e Copa Libertadores (2017)Washington Alves/Cruzeiro 

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