Desafio do 10: Neymar tem segunda chance de honrar tradição dos herdeiros de Pelé

Frederico Ribeiro
ENVIADO ESPECIAL
14/06/2018 às 00:24.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:35
 (Lucas Figueiredo/CBF)

(Lucas Figueiredo/CBF)

SÓCHI (Rússia) – Não existe nenhuma confirmação de que realmente o uruguaio Lorenzo Villizio, membro do Comitê Organizador da Copa de 1958, tenha sido o responsável por escolher, por conta própria, a numeração do Brasil, já que a CBD mandou sua lista sem ela.

De toda forma, nascia na Suécia, há seis décadas, a camisa mais pesada do futebol mundial, a 10 da Seleção Brasileira. Ela será usada por Neymar na Rússia com o craque buscando algo que seis dos nove jogadores que a vestiram nos últimos 60 anos alcançaram: o título mundial.

Nono elemento dessa dinastia, Neymar teve uma Copa decepcionante no Brasil, há quatro anos, marcada por uma séria contusão nas quartas de final, diante da Colômbia, e depois pelas duas goleadas que seus companheiros sofreram diante de Alemanha (7 a 1), nas semifinais, e Holanda (3 a 0), na disputa do terceiro lugar, sem ele em campo.

Com 26 anos, a história de Neymar em Copas pode estar chegando à metade na Rússia, pois em 2022, no Catar, ele terá 30 anos, e em 2026, 34. Ou seja: como diz o ditado, não se deve deixar para depois o que se pode fazer agora.

Maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé usou a camisa 10 da Seleção em quatro Copas – 1958 (Suécia), 1962 (Chile), 1966 (Inglaterra) e 1970 (México) – e só não voltou para casa com a taça no Mundial disputado na Terra da Rainha.

Neymar é seu oitavo herdeiro, sendo que seis deles são campeões mundiais. O primeiro a vestir a camisa 10 do Brasil numa Copa depois de Pelé foi Rivellino, em 1974, na Alemanha, e 1978, na Argentina.

Nas duas Copas, a Seleção ficou em quarto e terceiro lugar, respectivamente, mas o Patada Atômica já era campeão mundial, pois jogou ao lado de Pelé em 1970, no México, vestindo a 11.

TEMPOS DIFÍCEIS

Em 1982, começa o período dos dois camisas 10 do Brasil que não venceram a Copa do Mundo nos últimos 60 anos. Zico usou o manto na Espanha e em 1986, no México.

Em 1990, na Itália, Silas foi o único camisa 10 da Seleção, nos últimos 60 anos, que começou um Mundial na reserva por questões técnicas. Zico, em 1986, também iniciou o torneio no banco, mas por problemas físicos relacionados a uma lesão de joelho.

Além disso, Silas é também o único que não marcou pelo menos um gol vestindo a camisa. No esquema 3-5-2 de Sebastião Lazaroni, ele disputava posição com Valdo, ex-Cruzeiro e Atlético, que foi o titular e usava a 8.

HISTÓRIA

A história dos camisas 10 da Seleção, em Copas do Mundo, se inicia em 1954, na Suíça, o primeiro com numeração fixa e que teve Pinga, do Vasco, usando o manto que Pelé tornaria sagrado quatro anos depois, na Suécia.

Após a era Pelé, o auge da construção vitoriosa desta mítica da camisa 10 começa em 1994, nos Estados Unidos, quando foi usada por Raí. O meio campista começou o torneio como titular, perdendo depois a posição para Mazinho, quando Carlos Alberto Parreira passou a escalar três volantes.

Em 1998, na França, e na conquista do penta, em 2002, Rivaldo era o camisa 10 de uma Seleção que tinha ainda os jogadores que usariam o número nas duas Copas seguintes: Ronaldinho Gaúcho, em 2006, na Alemanha, e Kaká, em 2010, na África do Sul.

Em 2015, em entrevista ao Hoje em Dia, o ex-jogador Tostão disse que Neymar tem potencial para se transformar no maior jogador brasileiro depois de Pelé, afirmação repetida recentemente para Cléber Machado, no programa Seleção SporTV. Para que isso aconteça, Tostão impõe uma condição: a conquista de uma Copa do Mundo. Assim, motivos não faltam para o jogador iniciar, a partir do próximo domingo na Rússia, um título que terá o significado de libertação e também de consagração.

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