Em meio à crise, Galo e Raposa invertem estratégias para garantir reforços

Rodrigo Gini, Frederico Ribeiro e Guilherme Guimarães
Hoje em Dia - Belo Horizonte
05/01/2018 às 20:37.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:37
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia e Bruno Cantini/Atlético)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia e Bruno Cantini/Atlético)

Se existe uma palavra que pode resumir as negociações no mercado brasileiro da bola para este ano, é crise. Salvo raras exceções – seja porque já vinham trabalhando com os pés no chão, sem investimentos faraônicos; seja porque contam com forte suporte financeiro nos bastidores (caso do Palmeiras) – o discurso entre os clubes da Série A se repete: há pouco dinheiro em caixa, pressa para fazer bons negócios com o exterior, muitos compromissos a cumprir e a prioridade de arrumar a casa. Mais do que nunca as contas estão no vermelho, o que explica os tantos nomes cogitados que ficam apenas no sonho, e a busca por jogadores que custem pouco, ou mesmo saiam de graça, envolvidos em trocas.

Um cenário sentido também pelos dois rivais mineiros, que iniciam a temporada sob novo comando. Tanto na Toca da Raposa II quanto na Cidade do Galo há salários e obrigações em aberto sendo quitados; compromissos de negociações passadas ainda não pagos (e em alguns casos cobrados pelos outros clubes envolvidos na Fifa). Uma análise nos reforços confirmados de Cruzeiro e Atlético, no entanto, mostra uma inversão de tendência, a ponto de transferir, do segundo para o primeiro, os olhares da crônica esportiva e a condição de favorito para as competições no calendário.

Basta lembrar das contratações feitas pelo Galo especialmente em 2016, quando chegaram Fred e Robinho, ambos com salários bastante superiores à média do mercado (o camisa 9 receberia, ano passado, cerca de R$ 1 milhão mensal, e o "rei das pedaladas" em torno dos R$ 730 mil). A vinda de Elias ajudou a inflacionar a folha, o que não foi garantia de títulos – o mineiro de 2017 ficou abaixo da expectativa da torcida.

A Raposa, por sua vez, nos últimos dois anos tentou apostar nos estrangeiros – trouxe Gino, Pisano, Sánchez Miño, Caicedo e Ábila, todos já fora do clube. Não levantou troféus em 2016 e, na temporada passada, investiu pouco para montar o time que conquistou a Copa do Brasil, apostando nos empréstimos (Hudson, Diogo Barbosa). A exceção foi Thiago Neves, apresentado pelo então presidente Gilvan de Pinho Tavares como "presente de Natal" para a torcida celeste.

De peso
Pois se não conseguiu segurar Hudson e Barbosa (o primeiro retornou ao São Paulo,enquanto o segundo se transferiu para o Palmeiras), o Cruzeiro apostou na ajuda de investidores para assegurar o retorno de Fred, que era cobiçado pelo futebol do Catar. Sem os salários que receberia no alvinegro (cerca de R$ 1,2 milhão no terceiro ano de contrato), mas com uma oferta tentadora o suficiente para impedir nova saída do artilheiro para o exterior. A diretoria admite inclusive pagar a multa rescisória de R$ 10 milhões estabelecida  no contrato anterior do atleta caso não consiga anulá-la na Justiça.

Para contar com Bruno Silva, destaque no último Brasileirão pelo Botafogo, também foi necessário pôr a mão no bolso – o time carioca e a Ponte Preta receberam compensação financeira. E a proposta feita ao lateral-direito Edílson contempla salários (consideração bônus e premiações) de até R$ 450 mil mensais, bem acima do que o Grêmio ofereceu ao jogador para seguir no atual campeão da Libertadores.

No clube de Lourdes tem prevalecido a política resumida por Elias em uma foto nas redes sociais com a inscrição "menos é mais". Sem Fred e Robinho, o alvinegro economiza ao menos R$ 20 milhões anuais. Ricardo Oliveira chegou recebendo bem menos que o comandante de ataque anterior; Erik e Arouca, que estavam encostados no Palmeiras, vieram por empréstimo, enquanto Roger Guedes foi trocado até o fim do ano por Marcos Rocha.

Dos dois lados, a expectativa é de ir adiante nas competições para contar com maior volume de premiação e cotas de TV, o que aliviaria bastante os cofres. Resta saber qual das duas estratégias vai trazer resultados, dentro e fora de campo.

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