Em noite equatoriana, Galo fica no empate e Grêmio se consagra pentacampeão da Copa do Brasil

Frederico Ribeiro - Enviado Especial
fmachado@hojeemdia.com.br
07/12/2016 às 23:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:59

PORTO ALEGRE - Carlinhos, o vidente, já havia errado onde seria o jogo da final da Copa do Brasil. E após alguns acertos assustadores, ele somará mais um erro na carreira de prever o futuro, para a decepção da torcida do Atlético. O Galo não conseguiu um novo milagre. Pelo contrário, sem oferecer perigo, só impediu uma nova derrota para o Grêmio graças a um golaço de Juan Cazares, antes do meio de campo, para sacramentar um empate em 1 a 1 em Porto Alegre. Com os 3 a 1 para o Grêmio no jogo de ida, em BH, a taça da competição vai, pela quinta vez, para o Imortal Tricolor. 

Em noite de homenagem às vítimas da tragédia da Chapecoense, o primeiro jogo do futebol brasileiro após a queda do avião consagrou o pentacampeonato do Grêmio em plena Arena, com quebra de recorde de público presente: 55.337 tricolores viram, in loco, o fim do jejum de 15 anos sem um grande título. Os gols da partida foram marcados por dois equatorianos. Num jogo truncado, Miller Bolaños marcou no fim e explodiu a Arena. Minutos depois, Cazares, num golaço do meio de campo, impediu que o Galo perdesse novamente. 

Com Renato Gaúcho no banco de reservas acompanhado pelo "amuleto" Carol Portaluppi, a festa foi completa no lado preto, azul e branco, que não via uma taça deste porte desde 2001, quando foi campeão pela última vez da Copa do Brasil. 

O Atlético, para amenizar a dor da perda do título, estará classificado diretamente para a fase de grupos da Copa Libertadores, pois herdou, como quarto colocado do Brasileirão, uma das vagas que o México abriu mão junto à Conmebol. O sorteio dos grupos erá no dia 21 de dezembro e os atletas entram instantenamente de férias, retornando na segunda semana de janeiro.

O JOGO

O Atlético precisava arriscar no ataque e teve mais posse de bola do que o rival, mesmo sendo visitante. Entretanto, a marcação do Grêmio impedia que o clube mineiro construísse jogadas efetivas que terminassem em finalizações dentro da área. Tirando uma tentativa de cabeça do volante Junior Urso, que passou por cima do travessão de Marcelo Grohe, todas as tentativas alvinegras no primeiro tempo foram em chutes fora da área.

Com Lucas Pratto, Luan e Leandro Donizete, o Galo arriscou de longe. Nas duas primeiras, assustou. Mas no caso do volante, foi um chute fraco. Rafael Carioca poderia entrar na lista, mas preferiu fazer um corta-luz errado quando recebeu de Lucas Pratto, na entrada da área. O Galo tentava chegar nas pontas e Marcos Rocha era um jogador em brilho técnico. Mas faltava mais ímpeto ao time e aquele passe final na medida. Grêmio Oficial

O Grêmio, cozinhando o jogo nas cobranças de escanteio e tiro de meta, jogava com categoria no ataque e com segurança na defesa. Com Douglas posicionado como um falso nove, Renato abria Luan e Everton nas pontas. Num erro aéreo de Erazo, o Grêmio teve falta perigosamente batida por Douglas. Em outro lance, foi Luan que chutou prensado em Fabio Santos. Já Everton teve a melhor chance do jogo até então. Aproveitou erro da defesa atleticana e saiu na cara de Victor. Mas chutou mal e o camisa 1 fez mais uma ótima defesa para evitar que o Galo desse adeus ao título em definitivo.

Na volta do intervalo, enquanto o Grêmio celebrava o 0 a 0 de momento, o Atlético alterava o time que entrou com 3 volantes. Maicosuel no lugar de Junior Urso. Mas nada mudou e o Galo passou a chegar com menos perna no ataque. Robinho sumido, Luan cansado, o meio de campo fechado e Marcelo Grohe seguia sem sujar o uniforme tricolor. 

O Grêmio tentava explorar o contra-ataque e Ramiro chegava com perigo nas costas de Fabio Santos. Com Douglas dominando o meio de campo da partida, Luan quase marcou um golaço. Recebeu de Ramiro na ponta, protegeu a bola, girou e, contra três marcadores, chutou colocado e quase acertou em cheio o ângulo de Victor. 

Sem ver no horizonte uma possibilidade de nova virada, o Galo foi ainda mais para o ataque, pelo menos na teoria das mudanças. Cazares em campo no lugar de mais um volante, Leandro Donizete, com Luan (que fez péssima partida, exausto, daria lugar para Lucas Cândido) jogando mais recuado. Se o Galo tirava os volantes, o Grêmio chamou Jaílson para fechar o jogo.

No fim da partida, em contragolpe puxado pelo reserva Miller Bolãnos, o próprio atacante marcou o gol que selaria mais uma vitória gremista e a certeza absoluta da conquista. No fim, porém, Cazares, outro equatoriano reserva, produziu o chute mais bonito da carreira, do meio de campo, encobrindo Marcelo Grohe e fazendo o famoso "gol que Pelé não fez". Mas nada que evitasse a conquista da taça da Copa do Brasil pelo tricolor gaúcho, para delírio da torcida gremista, que agora espera o rebaixamento do Internacional para ter o maior Natal da vida. 

No fim, lamentavelmente, os jogadores de ambas equipes brigaram na área gremista, enquanto a Arena do Grêmio soltava fogos de artifícios e montava o palco para a entrega das medalhas. 

Ficha Técnica:
Grêmio 1x1 Atlético

Grêmio: Marcelo Grohe; Edílson, Pedro Geromel, Kannemann e Marcelo Oliveira; Maicon, Wallace, Ramiro (Jaílson), Everton (Fred) e Douglas (Miller Bolaños); Luan. Técnico: Renato Gaúcho

Atlético: Victor; Marcos Rocha, Gabriel, Erazo e Fabio Santos; Rafael Carioca, Junior Urso (Maicosuel) e Leandro Donizete (Cazares); Luan (Lucas Cândido), Robinho e Lucas Pratto. Técnico: Diogo Giacomini

Gols: Miller Bolaños, aos 43 minutos e Juan Cazares, aos 46 minutos do segundo tempo.
Arbitragem: Luiz Flávio de Oliveira (SP); Marcelo Carvalho Van Gase (SP) e Kleber Lucio Gil (SC)
Cartões amarelos: Erazo e Fabio Santos (CAM) Marcelo Grohe, Bolaños e Marcelo Oliveira (GRE)
Público: 52.233 pagantes
Renda: R$ 5.105.964,00

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por