As investigações sobre os esquemas de apostas que tomaram conta do noticiário do futebol brasileiro nas últimas semanas seguem a todo vapor. O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso a alguns depoimentos, incluindo o do líder do esquema, Bruno Lopez, que contou detalhes das ações.

Bruno é apontado como o cabeça do esquema de manipulação de partidas de futebol no Brasil. Em depoimentos para a polícia quando foi preso na primeira fase da operação, ele confirmou as manipulações e explicou alguns detalhes.

Bruno explicou que, em apostas casadas (mais de uma ação em uma única aposta), os sites deixam apostar R$ 500, R$ 1 mil em jogos de “times grandes”, já em jogos com times pequenos, as apostas só podem ser de R$ 200 ou R$ 300. Ao todo, ele revelou que gastou por volta de R$ 400 mil entre apostas e aliciamentos.

Momento em que Bruno Lopez é preso durante a segunda fase da Operação Penalidade Máxima (Reprodução/Globo)

Fernando Cesconetto, promotor do MP de Goiás, que deu início a essas investigações, revelou alguns lucros desses grupos que manipulavam as partidas: “Nós temos elementos aqui que, em apenas uma rodada, o lucro que os apostadores tiveram foi de R$ 700 mil. Na antepenúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro, foram múltiplas apostas realizadas. E se esperava em um dos grupos receber um lucro de R$ 2 milhões”.

Esse lucro de R$ 2 milhões não aconteceu por conta do zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, não ter conseguido receber um cartão amarelo, o que acabou com toda a aposta da quadrilha. O Fantástico mostrou que, quando os jogadores não cumpriam com sua parte, eles eram ameaçados. Há um áudio de Bruno Lopez sobre a situação do zagueiro santista:

“O do Santos não tomou. Eduardo Bauermann. Meu sócio já caiu lá pra Santos pra trocar umas ideias. Ontem ele trombou o cara no hotel, levou o dinheiro na mão do cara, olhou no olho dele e deu o papo e o maluco não fez. Sabendo como funciona, que é muito dinheiro envolvido”, diz Bruno ao ainda citar que é melhor o zagueiro arrumar outro jogador para fazer a manipulação “senão o bagulho vai ficar pesado para ele”.

Há ainda um vídeo de um dos integrantes da quadrilha mostrando uma arma, soltando as balas e dizendo: “Falar pra ele aqui, fio (sic). Essa (bala) aqui é pra você. Essa aqui é pra sua irmã. É, viado. Aqui com "nós" é só assim”.