Exemplo de superação, Alessandro Zanardi luta pelo bicampeonato no ciclismo paralímpico

Rodrigo Gini
Hoje em Dia - Belo Horizonte
13/09/2016 às 20:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:49
 (alex-zanardi.com)

(alex-zanardi.com)

Há 18 anos, ele acelerava no oval de Jacarepaguá a caminho do que seria seu segundo título na Fórmula Indy – não venceu a prova, mas estabeleceu a volta mais rápida do circuito. O Autódromo Internacional Nelson Piquet foi destruído para dar lugar ao Parque Olímpico mas, quase duas décadas depois, este italiano de 49 anos está de volta ao mesmo espaço. Ele continua competindo sobre rodas, mas o motor, ao menos por enquanto, está de lado. Dono de uma história de superação e limites deixados para trás, Alessandro Zanardi se transformou num exemplo de vida. E soube fazer de uma tragédia o ponto de partida para se reinventar. Hoje, no Rio, luta pelo bicampeonato paralímpico na prova contrarrelógio do ciclismo de estrada, categoria H5, às 8h, no Pontal.

Amanhã se completarão 15 anos daquele trágico dia em que o Reynard comandado pelo piloto de Bolonha foi atingido em cheio pelo carro de Alex Tagliani depois de rodar na saída dos boxes durante a etapa de Lausitzring (Alemanha) da Fórmula Indy. Mais do que as imagens chocantes, o acidente deixou um saldo trágico, com a amputação das duas pernas, quadro que poderia ter sido ainda pior. Começava ali a corrida mais importante da vida do italiano a quem nem mesmo a dor foi capaz de tirar o sorriso, a simpatia e a vontade de vencer. Ao contrário, transformou um craque do automobilismo numa personalidade global, ainda mais querido e admirado.

Zanardi não pensava em voltar ao esporte, mas a recuperação impressionante o levou a disputar o Mundial de Turismo com uma BMW 320 adaptada, contra adversários sem qualquer limitação. Pois o bolonhês voltou a vencer e mostrou que impossível era palavra inexistente em seu dicionário. Ganhou um programa de TV na Rai (Sfide, ou desafios) em que conta histórias marcantes das mais diversas modalidades e atletas. “É possível se drogar de muitas coisas boas, e uma delas certamente é o esporte”, afirmou.

Força nas mãos
E como precisava manter o condicionamento dos braços, especialmente exigidos já que todos os comandos de seus carros se concentram no volante, encontrou em sua handbike (a bicicleta adaptada com pedais nas mãos) a companheira de novas histórias. Foi quarto na Maratona de Nova York em 2007, dominando a prova quatro anos depois. Na Paralimpíada londrina, em 2012, viria a primeira coincidência: o ouro no contrarrelógio foi conquistado no circuito de Brands Hatch, onde já havia brilhado sobre quatro rodas, cenário parecido ao que vive agora no Rio. O pensamento de reduzir o ritmo de treinos e competições tinha de esperar pelos Jogos e, em nome deles, Zanardi recusou convites para provas de longa duração no automobilismo desde o ano passado.

”Fiz algumas coisas belas na vida, e amanhã (hoje), tentarei mais uma. Não deixa de ser especial que os Jogos aconteçam exatamente onde havia a pista de Jacarepaguá, é um estímulo a mais”, explicou o italiano, que em nenhum momento abriu mão do bom humor. Ao desembarcar no Rio, postou no Twitter a foto de uma casa de câmbio, com o comentário: “dizem que o Brasil está em crise mas, se o Euro está em promoção, é um bom sinal”. E se é de se esperar que ele lute até a última reserva de energia por mais um ouro, com certeza não abrirá mão do que se tornou sua filosofia de vida. “Não se vive só de disputas, é preciso ter a capacidade de rir das coisas e aproveitar a vida de verdade.”

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por