Festas para visitantes: Copa do Mundo caminha para consolidar maior período sem título do país-sede

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
14/06/2018 às 00:02.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:35
 (KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP)

(KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP)

Qual a relação entre a Copa do Mundo que a anfitriã Rússia abre nesta quinta-feira 914), diante da Arábia Saudita, a partir das 12h (de Brasília), no Estádio Olímpico Lujniki, em Moscou, e a escolha na manhã da última quarta-feira (13) de Estados Unidos, México e Canadá como as sedes do Mundial de 2026? Pode parecer distante e estranho, mas não é.

A votação dos delegados da Fifa abre caminho para a que a competição viva o seu maior período sem que o país-sede levante a taça. 
Nas duas primeiras edições, em 1930, no Uruguai, e 1934, na Itália, os donos da casa ganharam a Jules Rimet, mas as cinco competições seguintes tiveram campeões visitantes decretando a maior série sem que os donos da casa levantassem a taça. Sequência interrompida apenas pela Inglaterra, em 1966 (lembrando que a Copa ficou 12 anos sem ser disputada, entre 1938 e 1950, por causa da Segunda Guerra Mundial).

A Rússia, que atravessa uma péssima fase técnica desde a separação das repúblicas soviéticas e tem retrospecto ruim nos últimos meses, estreia com a missão de impedir que novamente a Copa passe cinco edições sem que um anfitrião conquiste o caneco. Isso porque, depois do título da França em 1998, as últimas quatro (2002, 2006, 2010 e 2014) tiveram visitantes fazendo a festa.

E isso aconteceu até mesmo na casa de grandes potências como a tetracampeã Alemanha, em 2006, e o penta Brasil, em 2014. Sendo que, em ambas as oportunidades, eles não chegaram nem mesmo à decisão do título.

FUTURO

A fragilidade russa faz com que nem seus torcedores acreditem num título no próximo dia 15 de julho. E o mesmo sentimento terão os catarianos daqui a quatro anos, pois é uma grande ilusão imaginar que o Catar, 98º no último ranking da Fifa, possa conquistar uma Copa do Mundo em seu território em 2022.

O mesmo se pode dizer de México, Estados Unidos e Canadá, que garantiram ontemna última quarta-feira o direito de sediar em conjunto a 23ª edição da competição, em 2026, a primeira com três países-sede – em 2002, Coreia do Sul e Japão já haviam dividido a organização.

Apesar da melhor condição técnica dos norte-americanos, principalmente dos mexicanos, daí a eles entrarem como favoritos em uma Copa, mesmo que disputada em seus domínios, vai uma distância tão grande quanto as que serão percorridas por quem for acompanhar o Mundial de 2026, que terá nada menos que 48 participantes, três vezes mais numa comparação com a Copa de 1978, na Argentina, há 40 anos.

Portanto, pela lógica, a festa de um anfitrião na Copa do Mundo terá de esperar pelo menos 2030, quando a competição faz cem anos.

Uruguai (primeira sede), Argentina e Paraguai apresentaram uma candidatura conjunta e concorrem com China e Inglaterra. Deixará a Fifa, pela primeira vez na história, três Copas seguidas fora da Europa?

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