Fonte de quase 20% das medalhas russas, atletismo do país está fora do Rio-2016

Rodrigo Gini
rmadeira@hojeemdia.com.br
22/07/2016 às 09:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 19:58
 (Adrian Dennis)

(Adrian Dennis)

Um velho problema e uma nova situação. Se o fantasma do doping é quase tão antigo quanto os Jogos Olímpicos, pela primeira vez a questão se tornou tão séria a ponto de tirar da mais importante competição do esporte mundial uma equipe inteira – os 68 integrantes do time de atletismo da Rússia – e pôr em risco a própria participação do país. A Olimpíada do Rio pode ficar privada de um contingente de 368 atletas e, mais do que isso, da segunda principal potência da história do evento. Os próximos dias serão palco de uma intensa batalha política nos bastidores para impedir ou confirmar o que seria uma exclusão sem precedentes.

Considerando as diversas denominações por que competiu – até Estocolmo’1912 como Império Russo; de Antuérpia’1920 a Seul’1988 como União Soviética; em Barcelona’1992 como Comunidade dos Estados Independentes e, a partir de então, como Rússia – são ao todo 1.525 medalhas. Menos apenas do que as 2.399 dos Estados Unidos. Números que poderiam ser ainda mais significativos se os soviéticos não tivessem boicotado a edição de 1984, em Los Angeles, em resposta a decisão semelhante dos norte-americanos quatro anos antes, como represália à invasão do Afeganistão pela URSS.



Considerando apenas o atletismo, são 290 medalhas, ou 19% do total conquistado pelos russos. Em Londres, foram sete títulos olímpicos, com destaque para o time feminino (seis ouros). Do grupo apenas Ivan Ukhov, do salto em altura, tinha qualificação para buscar o bicampeonato.

Sem grande tradição nas provas de velocidade – embora o revezamento 4x100m feminino tenha vencido em Pequim’2008 e o 4x400m conquistado a prata em Londres – os russos se transformaram em força nas disputas de campo; na marcha atlética e nos saltos. Viktor Saneyev foi um dos principais rivais dos brasileiros Nelson Prudêncio e João Carlos de Oliveira (o João do Pulo) no salto triplo na década de 1970. Yuriy Sedikh deu as cartas no lançamento do martelo em 1976 e 1980.

O nome mais conhecido, curiosamente, não nasceu na Rússia e tem um retrospecto olímpico relativamente modesto. O ucraniano Sergei Bubka se tornou sinônimo do salto com vara nos anos 1980 mas, com o boicote, não pôde competir em 1984 e, em 1992, teve participação decepcionante defendendo a CEI, eliminado ainda na primeira fase.

Em Seul’1988, no entanto, reinou soberano e conseguiu o sonhado ouro. Sua versão feminina é hoje a atleta mais popular e carismática da modalidade. Yelena Isinbayeva soma, desde 2004, dois ouros e um bronze.



A decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS) ainda não fechou totalmente as portas para o atletismo russo no Rio, mas a grande maioria do time deve mesmo ficar fora. O Comitê Olímpico Internacional (COI) abriu a possibilidade de os russos competirem como atletas independentes, desde que, no entanto, comprovem que foram submetidos recentemente a controles antidoping fora de seu país de forma sistemática.



Por enquanto, apenas a fundista Yuliya Stepanova (que vive nos EUA e denunciou irregularidades nos exames feitos em seu país natal) e a saltadora em distância Darya Klishina, 10ª do mundo, atendem ao critério e foram autorizadas a participar dos Jogos.

Os demais terão de começar uma corrida burocrática e contar com a boa vontade da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) e da Agência Mundial Antidoping (Wada) para poder ao menos entrar na pista do Engenhão.

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