Galo dono do Brasil: a glória, jejum e promessa não cumprida do título que completa 45 anos

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
17/12/2016 às 13:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:07

A suspensão de Reinaldo na decisão de 1977, o gol de Nunes no ângulo fechado de João Leite em 1980, o empate sem gols contra o Santos no maior público do Mineirão pelo Brasileiro (1983), a bola que (não) entrou na semifinal diante do Coritiba, em 1985; o show de Renato Gaúcho dois anos depois, outra vez no Gigante da Pampulha, o pênalti não marcado do lateral Índio, do Corinthians, em 1999; a chuva em São Caetano do Sul em 2001, a perda do fôlego nos pontos corridos em 2012 e 2015. 

Neste segunda-feira (19), o único título do Atlético no Brasileirão completa 45 anos. Conquista que marca um jejum de quase meio século na perseguição mal sucedida ao segundo troféu da competição. Saga esta que está recheada de “batidas na trave”.

O clube alvinegro, com a maior seca entre os 12 grandes do país, foi cinco vezes vice-campeão e terminou como terceiro colocado em sete ocasiões (recorde geral). Só o Internacional tem o mesmo número de presenças nas duas melhores posições que não levantam o troféu no final (12).

Os títulos da Libertadores e da Copa do Brasil em temporadas seguidas amenizou a sede do Galo em repetir a façanha de Telê Santana, Dadá Maravilha, Oldair e Cia. O sonho foi novamente adiado. Agora, em 2017, a atual diretoria tentará o título que lhe falta no currículo e tentar acabar com uma verdadeira obsessão que já passou por Reinaldo, Ronaldinho e chega aos pés de Robinho.

PROMESSA
Para os atleticanos mais supersticiosos, as frustrações acumuladas nestes 45 anos têm “causa, motivo, razão e circunstância” direcionadas a uma promessa mal cumprida por um dos heróis do título de 1971. 

O técnico Telê Santana, falecido há 10 anos, prometeu caminhar de Belo Horizonte a uma capela em Congonhas. O local ficava às margens da BR-040, na estrada para o Rio de Janeiro. 

Telê, juntamente com membros da comissão técnica, não suportou o trajeto de quase 70 quilômetros até a capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Segundo o livro “1971: o ano do Galo”, de Marcelo Baêta, o treinador andou cerca de 25km e desistiu. Foi resgatado por uma viatura da Polícia Rodoviária Federal, cumprindo o resto da caminhada no carro da PRF. 

O treinador fez os agradecimentos religiosos e retornou a Belo Horizonte. Portanto, menos de 1/3 da promessa foi cumprida e nunca mais o Galo voltou a ser campeão brasileiro.

“Eu cheguei de madrugada na casa do Telê e fomos eu, o roupeiro Otacílio e o diretor Nery Campos fazer a caminhada. Uma radiopatrulha da polícia nos acompanhou, sabia que aquilo não iria dar certo. O Nery foi o primeiro a desistir. Depois o Otacílio. Ficamos eu e o Telê caminhando no sol quente e numa estrada que a maior parte é subida", , o auxiliar-técnico daquele time histórico, Léo Coutinho

"Chegou uma hora que não dava mais e o Telê pegou carona na viatura e chegou numa capela na entrada de Congonhas para agradecer. Ainda avisei que a promessa não havia sido cumprida. Mas o título já tinha sido conquistado e era um clima só de festa”, completou o único participante da peregrinação incompleta ainda vivo. (Leia mais sobre a conquista atleticana nesta segunda, data do 45º aniversário do título).ARTE/HOJE EM DIA / N/A

O jejum dos grandes, trajeto que Telê percorreria a pé, a igreja e imagens da caminhada

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