Goleira do América negocia folga em fábrica de Santa Luzia para defender Seleção Brasileira

Cristiano Martins
csmartins@hojeemdia.com.br
03/02/2017 às 21:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:41

As mãos da mineira Camila Menezes já venderam frutas, legumes e verduras em uma feira. Atualmente, operam o maquinário de uma fábrica de medicamentos em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. E, a partir da próxima semana, passarão também a defender a meta da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, na Granja Comary, em Teresópolis (RJ).

Conciliar a paixão pela bola com os trabalhos paralelos sempre foi um desafio para a jovem goleira do América. Aos 25 anos, ela recebeu a primeira convocação da carreira com surpresa e também um pouco de preocupação, pois precisaria negociar uma licença no emprego. “Eles estão estudando uma maneira de eu pagar esses dias. Se não der para ser no banco de horas, provavelmente será descontado no meu salário”, lamenta.

"Conversei com o diretor da empresa. Eles estão estudando uma maneira de eu pagar esses dias. Se não der para ser no banco de horas, provavelmente será descontado no meu salário"

Entre os dias 6 e 11 deste mês, Camila e outras 25 jogadoras que atuam no país serão observadas pela técnica Emily Lima no Centro de Treinamento da CBF.

A atividade representa o início da montagem da equipe que defenderá o Brasil na Copa América do ano que vem. A competição garante vagas na Copa do Mundo de 2019 e nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

“Estou bastante ansiosa. Tento imaginar a chegada à Granja, mas tenho certeza que vai ser bem surpreendente. Será uma experiência nova, e que vai acrescentar muito no meu currículo”, diz a goleira.

Sem contrato nem salários desde a conquista do Campeonato Mineiro de 2016 pelo Coelho, em novembro, a atleta não descarta deixar a cidade natal pela primeira vez na vida para defender outro clube do país ou mesmo do exterior. “Se for algo que compense, onde eu possa jogar e ao mesmo tempo estudar para ter um futuro depois do futebol, acho que valeria a pena”, cogita.Mourão Panda/América/Divulgação

Jogadora conquistou a Taça BH e o Campeonato
Mineiro, e disputou a Série A do Brasileirão

Trajetória

Camila começou no futebol como a maioria das jogadoras, brincando com meninos na escola e nas ruas do bairro Santa Rita. Depois, participou do projeto social Atleta do Amanhã, no qual chegou a atuar na linha antes de usar luvas.

Campeã dos Jogos Escolares de Minas Gerais (Jemg) e outros torneios estudantis de futsal, a goleira foi “descoberta” e indicada por um professor de educação física ao Nacional do Carmo, clube amador de Belo Horizonte onde teve a primeira experiência no futebol de campo.

Em 2011, Camila passou ainda pelo já extinto time feminino do Atlético, antes de chegar ao América, há dois anos. Pela equipe alviverde, conquistou a Taça BH e o Campeonato Mineiro, e disputou pela primeira vez a Série A do Campeonato Brasileiro.

“Me ligaram na semana anterior para confirmar alguns dados, mesmo assim a convocação me pegou um pouco de surpresa. Se pensar bem, tem muita menina boa, e eu estou aqui em Minas Gerais, em um time que começou agora. Achei que seria improvável, mas recebi esse presente de Deus e estou muito feliz”, comenta a atleta.

Sem contrato

Neste ano, o América disputará a Segunda Divisão do Brasileirão, a partir de maio. Até o momento, porém, as Coelhinhas ainda não tiveram renovados os contratos com o único clube profissional da modalidade no Estado.

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