(Bruno Cantini/Atlético)
A final Libertadores que abrigou novamente uma equipe brasileira após quatro anos está marcada pela revelação da ESPN Brasil de que o Grêmio utilizava drones para espionar os treinos secretos dos rivais. Em 2013, horas antes de o Atlético se sagrar campeão, o Olimpia treinava na Toca da Raposa II no dia anterior ao jogo, e numa atividade marcada pela suspeita de espionagem.
O Hoje em Dia resgata esta história que remete à polêmica gremista, apesar de ter pontos distantes entre si. Em 23 de julho de 2013, um dia antes de Atlético e Olimpia entrarem no Mineirão para decidir quem levantaria a mais importante taça da América do Sul, a equipe paraguaia realizava o último "apronto" na Toca da Raposa II. Ever Hugo Almeida, treinador da equipe de Assunção, mandou fechar os portões. Sem jornalistas e curiosos, o treino seria secreto.Reprodução/D10
Porém, não foi um drone que chamou a atenção e levantou suspeitas de quem estava lá. Um helicóptero realizou um sobrevoo no campo de treinamento do Olimpia, no CT do Cruzeiro. O fato chegou à imprensa local através de postagem no Twitter de Marco Trovato (veja abaixo). Em pesquisa online, é possível achar apenas duas publicações sobre o fato, em dois veículos de comunicação do Paraguai. Um deles foi o ABC Color, o outro, que explorou mais o assunto, é o site do jornal esportivo D10, do Paraguai.Reprodução/D10 / N/A
Matéria publicada que fala do helicóptero na Toca II
Batizada de "Práctica de Olimpia bajo el sobrevuelo de helicóptero", a matéria é ilustrada pela foto do helicóptero sobre a Toca da Raposa II, de autoria de Trovato, que a legendou assim, de forma jocosa: "Obrigado aos amigos que nos mandaram um helicóptero para filmar o treino". Trovato era identificado na matéria como "homem forte da direção do Olimpia, mesmo que sem um cargo oficial".
Um ano depois daquele confronto, entretanto, Trovato subiria igual foguete na hierarquia do "Decano". Ocuparia o cargo de Óscar Carísimo Netto (aquele mesmo que fez o símbolo de "4" com a mão ao lado do presidente da Conmebol e de Alexandre Kalil, antes da final, já confiante na conquista da 4ª Libertadores). Hoje, Marco Trovato é o presidente do Olimpia.
A publicação da véspera da final não teve repercussão na mídia brasileira, talvez até mesmo pelas informações reveladas na nota. Ela explica que a presença do helicóptero causou certo desconforto nos jogadores e comissão técnica, e que o veículo tinha a "aparente intenção de filmar" o treino.
Mas uma das possibilidades levantadas era de a missão do objeto voador ser o combate a um foco de incêndio nos arredores da Toca da Raposa II.
Neste ponto, as duas situações se distinguem. No caso do Grêmio, a reportagem investigativa da ESPN Brasil flagrou a ação do espião contratado pelo Imortal Tricolor no treino do Lanús, com provas sólidas. O técnico Renato Gaúcho admitiu o uso da estratégia, impossibilitando qualquer argumento contrário às revelações da ESPN.
O helicóptero da Toca da Raposa II passou e não deixou marcas. O Atlético foi campeão, com a conquista sendo simbolizada pelos milagres na fase de mata-mata. O Grêmio colocou uma mão na taça nesta quarta-feira, e pode erguê-la na próxima semana com a ajuda inegável dos drones.