Há 40 anos nascia a rivalidade entre Cruzeiro e Internacional

Felippe Drummond Neto e Alexandre Simões – Hoje em Dia
14/12/2015 às 13:00.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:19
 (Reprodução/YouTube)

(Reprodução/YouTube)

Dez minutos do segundo tempo. Após uma cobrança de falta da ponta direita, o zagueiro chileno Figueroa sobe de cabeça e acerta o canto direito do goleiro Raul, que nem se move. É o gol que dá ao Internacional o título brasileiro de 1975, numa decisão com o Cruzeiro, disputada há exatamente 40 anos. A conquista colorada dava início a maior rivalidade interestadual do futebol nacional nos anos 70.

Isso porque nos dois anos seguintes, os dois clubes voltaram a se enfrentar em confrontos decisivos pela Copa Libertadores. E o Cruzeiro levou a melhor nas duas vezes, seguindo na competição, que conquistou em 1976 e foi vice em 1977.

Em 1979, eles voltaram a se encontrar na reta final do Brasileirão, e o Iternacional levou a melhor, firme na sua caminhada rumo ao único título invicto da história da competição, sob o comando do técnico Ênio Andrade.

“É engraçado pensar que já se passaram 40 anos, pois as lembranças estão todas nítidas na cabeça. Foi um grande jogo entre dois grandes times, que gostavam de ter a bola e a tratava muito bem”, revela o atacante Palhinha, um dos destaques do Cruzeiro, que não deixa de fazer uma reclamação: “Tem que lembrar que a falta que originou o gol não existiu”.

Outra lembrança ainda viva na memória de Palhinha é a grande atuação do goleiro Manga. “Quando um goleiro do nível do Manga está em um dia iluminado é muito difícil. Não tenho uma sensação que foi sorte, ele simplesmente fechou o gol. Nem eu, nem Nelinho nem Joãozinho conseguimos passar por ele”, recorda o ex-atacante.

Para Raul, realmente os goleiros foram os destaques daquela decisão. “Todos se lembram do 5 a 4, em 1976, pelo número de gols marcados. Para mim, aquele jogo não foi o melhor, afinal nenhum goleiro gosta de sofrer quatro gols. Houve outros grandes jogos, como a final do Brasileiro de 1975, quando os dois times tiveram inúmeras chances de gol e eu e o Manga fizemos grandes defesas”, afirma o ex-goleiro cruzeirense.

O jogo de 1976 que Raul faz referência é a partida que abriu a fase de grupos da Copa Libertadores e que é considerada a maior já disputada no Mineirão nestes 50 anos do estádio. O Cruzeiro venceu por 5 a 4, num confronto em que Palhinha foi um dos personagens.

“Quase que eu estraguei aquela vitória. Já tinha feito dois gols e tentei dar uma cotovelada no Figueroa, que tinha me acertado na final de 1975 e quebrou o meu nariz. Só que o árbitro (Luis Pestarino, da Argentina) viu e me expulsou. Achei que as coisas estavam controladas, mas rapidamente eles empataram o jogo. Sorte que naquele dia o Joãozinho estava iluminado. Ele acabou com o jogo, tanto que o Inter trocou três vezes o jogador que estava marcando ele”, revela Palhinha.

Para o ex-jogador, aquele confronto merecia um reconhecimento maior, pelo espetáculo que proporcionou ao público que foi ao Mineirão: “A televisão podia aproveitar para mostrar esse jogo pelo menos uma vez por ano. Foi uma aula de futebol, que todos que gostam do esporte tinham que assistir. Acho que foi o melhor jogo do futebol brasileiro”, garante Palhinha.

Cada confronto era carregado de história e craques. Assim foi construída a maior rivalidade interestadual do futebol brasileiro, que teve seu pontapé inicial há quatro décadas.

Ficha do jogo:

Internacional x Cruzeiro
Data: 14/12/1975
Motivo: final do Campeonato Brasileiro de 1975
Estádio: Beira-Rio (Porto Alegre, RS)
Público: 82.568
Arbitragem: Dulcídio Boschilla/SP. Auxiliado por Emídio Mesquita/SP e Valquir Pimentel/RJ
Internacional: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio, Chico Fraga; Caçapava, Falcão, Carpegiani; Valdomiro (Jair), Flávio e Lula. Téc: Rubens Minelli
Cruzeiro: Raul; Nelinho, Darci Menezes, Morais e Isidoro; Piazza, Zé Carlos, Eduardo (Souza); Roberto Batata (Eli Mendes), Palhinha e Joãozinho. Téc: Zezé Moreira
Gol: Figueroa 55'

Assista os melhores momentos da partida:

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