Longe do ideal: preceitos éticos e excelência dos Jogos estão em risco na Rio 2016

Rodrigo Gini e Cristiano Martins
esportes@hojeemdia.com.br
25/07/2016 às 21:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:00
 (Paulino Pas/Futura Press/Estadão Conteúdo)

(Paulino Pas/Futura Press/Estadão Conteúdo)

O ressurgimento das Olimpíadas na Era Moderna, em 1896, pelas mãos do barão Pierre de Coubertin, tinha como base a integração dos povos e nobres ideais éticos, resumidos na famosa máxima “o importante não é ganhar, o importante é competir”. Passados 120 anos, os Jogos Rio 2016 já carregam, antes mesmo de começar, a marca dos escândalos de doping e das ameaças terroristas.

Como se não bastasse, muitas das instalações escolhidas para as provas não se mostram à altura do principal evento esportivo do planeta. As competições da vela serão disputadas numa poluída e degradada Baía de Guanabara. E o acabamento dos prédios da Vila Olímpica destinados a hospedar as delegações mereceu críticas pesadas. Difícil, nestas circunstâncias, fazer tão bonito quanto as últimas sedes.

Doping

A sombra da busca do resultado a qualquer custo já mancha os Jogos do Rio. Além da equipe de atletismo russa (68 atletas), sete nadadores do país foram impedidos de competir, e a lista deve crescer como consequência da revelação de um esquema encoberto pelo governo. O COI apertou o cerco e também barrou 45 atletas que estiveram em Pequim'2008 e Londres'2012 – 23 deles medalhistas. Ao todo, 120 atletas foram barrados.

Segurança

Um evento com mais de 10 mil atletas e bilhões de espectadores em todo o mundo é alvo lógico para movimentos extremistas de qualquer natureza – os Jogos de Munique'1972 viveram situação semelhante. Uma ação da Polícia Federal já prendeu 12 suspeitos de articularem ações terroristas com o Estado Islâmico. Mais do que o aparato visível, será fundamental a ação integrada dos serviços de inteligência. Outra preocupação é com o risco de roubos a atletas e dirigentes.

Vila Olímpica

Seiscentos novos funcionários e mais três dias foram solicitados pelo Comitê Rio-2016 para solucionar falhas nos sistemas hidráulico, elétrico, de gás e de combate a incêndios, após queixas da Austrália. Estados Unidos e Grã-Bretanha também identificaram problemas e contrataram serviços de limpeza e reparos por conta própria. Vários envolvidos, inclusive os australianos, acabaram minimizando a polêmica, mas a situação gerou atritos, e representantes do COI a trataram nos bastidores como "o primeiro fracasso" dos Jogos.

Baía de Guanabara

Onze barcos e 17 ecobarreiras são as últimas apostas dos organizadores para a contenção do lixo flutuante na Baía de Guanabara. De acordo com o Comitê Rio-2016, a medição da qualidade da água nas áreas de prova mostram que o mar está próprio para banho. A grande quantidade de dejetos, no entanto, ainda é uma grande preocupação para as disputas da natação e, especialmente, do iatismo.

Zika vírus

Três tenistas do Top 10 da ATP desistiram dos Jogos devido ao vírus Zika: o canadense Milos Raonic (7º), o tcheco Tomas Berdych (8º) e o austríaco Dominic Thiem (9º). O surto da doença também foi o motivo alegado pela romena Simona Halep (5ª no ranking da WTA). O golfe também terá desfalques de peso, dentre eles o australiano Jason Day (número 1 do mundo) e mais três integrantes do Top 10. Vários outros atletas chegaram a anunciar a desistência, mas recuaram, como a goleira Hope Solo (EUA), criticada nas redes sociais depois de posar com um “kit anti-zika”.

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