Com boxe no sangue, irmãos buscam medalhas olímpicas

Émile Patrício - Do Hoje em Dia
06/07/2012 às 07:18.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:21
 (Petrobrás)

(Petrobrás)

Se depender da vontade dos irmãos capixabas Yamaguchi, de 24 anos, e Esquiva Falcão, 22, o Brasil vai encerrar, nas Olimpíadas de Londres, um jejum de 44 anos sem medalhas no boxe. A única conquista foi o bronze de Servílio de Oliveira, na Cidade do México, em 1968.

Os pugilistas não escondem que subir ao pódio é, além de um sonho, uma fixação, impulsionada pelo pai, o lendário lutador de MMA, “Touro Moreno”, que os iniciou no ringue.

De uma infância difícil, na qual o boxe, mesmo que improvisado, sempre esteve presente, Yamaguchi e Esquiva chegaram a morar na rua com os pais e os outros sete irmãos. Na infância, o ringue era improvisado entre as folhas de bananeiras do quintal.

A vaga para as Olimpíadas veio para Esquiva (75 kg), após a conquista do bronze no Mundial de 2011, em Baku, no Azerbaijão. Já Yamaguchi (81 kg), se garantiu em Londres ao derrotar o canadense Jonathan Savard, no Pré-Olímpico do Rio de Janeiro, em abril deste ano. Ele já sentiu o gosto de ouvir o hino nacional no pódio, já que no Pan- Americano de Guadalajara, no ano passado, assegurou a medalha de prata.

Para Esquiva, participar dos Jogos de Londres reflete “uma conquista de vida”, já que trabalhou até como carroceiro nas ruas. Com confiança, ele falou sobre os adversários em Londres: “Tem muita gente boa no boxe, tem atleta da Rússia, do Azerbaijão, do Japão, de muito lugar, mas eu acredito em mim, na minha capacidade”.

Um desejo de Yamaguchi era levar o pai junto, mas disseram que no momento ainda não há recursos para isso. Ele conta que só mudou de categoria a pedido do pai, para dar espaço ao irmão Esquiva, que, na época, disputava na mesma categoria. “Ele disse pra mudar de peso, para facilitar as coisas para o Esquiva. Mas, na verdade, acho que ele não queria era ver nós dois, irmãos, brigando”, contou, entre risadas.

Até mesmo o nome dos dois faz referência ao esporte. Esquiva é um movimento do boxe visando a desviar de um golpe do adversário. “Até hoje, as pessoas não acreditam que fui registrado com esse nome. Tenho de mostrar o RG para comprovar”, revela.

Já Yamaguchi era o nome de um mestre de judô do pai. “Esse professor morreu antes do meu nascimento e meu pai resolveu fazer essa homenagem”, explica o atleta.

Com esse espírito de lutador, “Touro Moreno”, pai dos irmãos boxeadores, tinha um método nada tradicional para resolver os problemas de família. “Quando aprontávamos ou queríamos brigar, ele dava a luva de boxe e nos mandava subir no ringue para acertar tudo. Brigávamos, cansávamos e ficava tudo em paz”, relembra Esquiva.

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