entrevista

Empresário mineiro explica como crowfunding pode ser útil ao esporte

Estratégia é voltada para impulsionar equipes e atletas a conquistarem resultados positivos

Angel Drumond
angel.lima@hojeemdia.com.br
22/01/2024 às 20:06.
Atualizado em 22/01/2024 às 20:07
 (Motbot divulgação)

(Motbot divulgação)

Rogério Neves é CEO da Motbot, empresa que atua na arrecadação de valores por meio do crowdfunding. O crowdfunding esportivo é uma estratégia voltada para impulsionar equipes e atletas a conquistarem resultados positivos dentro de campo, além de fundos para melhorias em suas estruturas. O empresário mineiro Rogério Herschel Baeta Neves, de 50 anos, é líder da Motbot, primeira plataforma brasileira a oferecer essa tecnologia. 

Com recursos reunidos destinados a equipes e a instituições filantrópicas, a plataforma já arrecadou mais de R$ 500 mil junto aos times parceiros. No segundo semestre de 2023, visando os Jogos Olímpicos de Paris 2024, o empresário, que é natural de Belo Horizonte, inovou e lançou um serviço de financiamento coletivo para atletas olímpicos e paralímpicos. 

Em entrevista exclusiva para o Hoje em Dia, Rogério Neves falou um pouco sobre a iniciativa, revelou novidades para 2024 e detalhou quais serão os próximos passos da empresa dentro do mundo esportivo.

A Motbot é uma empresa mineira. Como e quando ela surgiu? O que te motivou a criá-la?

Sou mineiro, de Belo Horizonte, e o Mineirão foi por muitos anos a minha segunda casa. Por diversas vezes, em conversas com amigos, sentíamos falta de um serviço que permitisse ao torcedor incentivar diretamente os atletas de sua equipe em busca dos resultados positivos. Algo que fosse diferente dos programas de sócio-torcedor. Essa foi a principal dor que motivou a criação da Motbot. Aqui, na empresa, somos todos apaixonados por esportes, principalmente pelo futebol, e tínhamos o intuito de proporcionar ao torcedor uma plataforma que pudesse auxiliá-lo com seu maior objetivo: ver o time do coração vencer. Por isso, idealizamos uma maneira em que ele pudesse apoiar diretamente o clube e ainda ser retribuído por meio do acesso a benefícios exclusivos. Foi assim então que iniciamos a concepção da empresa, em 2021, até que as operações começassem, de fato, em julho de 2022.

Quais os principais cases de sucesso que a empresa já tem? 

No momento, temos mais de 20 clubes parceiros. Destaco que, com os primeiros parceiros, arrecadamos mais de R$ 301 mil na plataforma, incluindo CRB (R$ 158.331), CSA (R$ 85.620) e Náutico (R$ 57.127) - isso somente nos primeiros meses de operação da empresa, em 2022. Já em 2023, nos aproximamos dos R$ 1 milhão em arrecadação total, principalmente com jogos decisivos da Copa do Brasil, quando houve uma mobilização interessante em partidas de equipes de menor poderio financeiro contra clubes da Série A. Outro aspecto que vale citarmos é o fato que, desde 2022, já destinamos mais de R$ 30 mil para instituições filantrópicas.

Quais aspectos vocês trabalham como o diferencial da plataforma? O que os clubes ganham com esse serviço?

Temos como grande diferencial de nossa plataforma, a possibilidade do torcedor ter a tranquilidade de saber que, ao realizar o aporte para estimular o desempenho esportivo, a agremiação apenas receberá o valor caso conquiste um resultado positivo dentro de campo. Ou seja, se o clube não fizer a sua parte dentro de campo, a quantia retorna para a conta do incentivador. Outro ponto é que, em todos os casos, parte do montante arrecadado é destinado a uma instituição de caridade, indicada pelo próprio time.

Para o torcedor que incentiva, ainda é garantido o direito a acompanhar, com transparência, onde o valor incentivado está sendo utilizado. Ao efetivar o primeiro incentivo financeiro, o torcedor também passa a fazer parte de um marketplace de recompensas. No programa, cada real apostado se transformará em pontos cumulativos que, posteriormente, poderão ser trocados por benefícios como camisa autografada pelo elenco, visita ao CT, acesso a jogo-treino, ingresso e muitos outros. Já para os clubes, os benefícios são um aumento na arrecadação, o incentivo extra aos atletas e a chance de arrecadar aporte para reformas estruturais ou projetos específicos.

Como funciona exatamente a plataforma? Como torcedores, atletas e clubes podem utilizá-la?

Nossa plataforma atua em três frentes: esportiva, financeira e social. Após se cadastrar como incentivador, o torcedor pode escolher um time para apoiar financeiramente, a cada partida. O clube apenas recebe o valor ao conquistar o resultado esportivo positivo, caso contrário, o valor volta integralmente ao torcedor. Nos valores arrecadados pelos clubes, vinculados a vitórias (em casa ou fora) ou empates (fora), as cifras são distribuídas da seguinte maneira: 50% entre atletas relacionados e comissão técnica, 20% para o clube, 10% destinados a uma instituição filantrópica e 20% para os custos da plataforma. Em caso de empate fora de casa, somente 50% do valor arrecadado é distribuído conforme acima, e os outros 50% são retornados à conta do usuário.

Também possibilitamos que o clube parceiro capte recursos para diversos projetos através da plataforma. Reforma do estádio, melhorias no centro de treinamento, troca do gramado e outras formas de otimização da infraestrutura são alguns dos exemplos de ações que podem ser realizadas com o auxílio da empresa. Neste modelo, todo o processo deverá ser feito com máxima transparência. Inicialmente, o time irá fixar o valor desejado para a realização do projeto e o prazo para a arrecadação do montante. Posteriormente, a agremiação deve detalhar para a torcida como o dinheiro foi gasto e disponibilizar o direcionamento da verba para consulta dos doadores.

Recentemente vocês lançaram um serviço com foco em atletas olímpicos. Por que optaram por essa novidade? O que ela traz de diferente?

Queremos ser mais um meio facilitador para os atletas olímpicos e paralímpicos, principalmente para aqueles que estão começando a trajetória e ainda são desconhecidos da grande mídia e do público. Sabemos das dificuldades que alguns se deparam ao longo do ciclo, com períodos em que, na maior parte do tempo, encontram-se longe dos holofotes. São grandes os gastos em suplementação, transporte e materiais esportivos, por exemplo, além do fato de que esses esportistas nem sempre têm o apoio necessário e, por diversas vezes, acabam tendo que arcar sozinhos com todas as despesas, o que dificulta o processo, podendo fazê-lo desistir dos seus sonhos no esporte.

Para utilizar o serviço, basta o atleta entrar no site da plataforma, criar um perfil, definindo o título do projeto, valor a ser arrecadado, estipular meta e prazo, e fazer uma breve descrição sobre o motivo que o levou a criar essa campanha de financiamento coletivo. É bem fácil e intuitivo. O grande diferencial nosso é a taxa de manutenção, que é de 5%, a menor do mercado.

Quais são os planos para 2024?

Em primeiro lugar, buscamos poder auxiliar a maior quantidade possível de atletas olímpicos e paralímpicos, nesse momento tão importante que é a reta final preparatória para os Jogos de Paris. Pretendemos turbinar nossas parcerias com clubes e seguir promovendo o bem, com os recursos destinados a instituições filantrópicas.

Também tem uma novidade que gostaria de passar em primeira mão para vocês. Em 2024 vamos trabalhar no formato de White Label para os clubes. Ou seja, criaremos um modelo adaptado da plataforma de crowdfunding para cada time, de acordo com as necessidades dele. O time não precisará estar vinculado ao nosso site mais, será algo independente, ainda mais assertivo e útil para os nossos parceiros. Queremos ser aliados dos clubes e dos atletas, ajudando-os a alcançarem os seus objetivos e sonhos dentro do esporte. 

(CRB/divulgação)

(CRB/divulgação)

Vocês atuam com tecnologia no esporte. Acredita que o futebol estará cada vez mais conectado com o mercado de tecnologia? Como analisa esse movimento?

Acredito que sim, e penso que é um caminho sem volta rumo à crescente modernização no futebol. Vemos isso em todos os aspectos, desde às novas tecnologias adotadas durante o próprio jogo, como o VAR - este já há algum tempo –, e o impedimento semi-automático, que já foi testado em algumas das principais competições. Para os torcedores, a forma de se relacionar com o espetáculo e com o jogo também é totalmente diferente do que era há alguns anos. Isso se dá por uma série de motivos, como as ativações digitais oferecidas pelos clubes, estádios cada vez mais modernos, com tecnologias de reconhecimento facial para acesso e formas de pagamento. Vejo a tecnologia como uma grande aliada do esporte e que, se usada da maneira correta, poderá potencializá-lo desde o aspecto esportivo até o estrutural.

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