Meta de um lugar entre os 10 primeiros exigirá campanha inédita para o país

Rodrigo Gini
rmadeira@hojeemdia.com.br
01/08/2016 às 11:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:05
 (Cristiano Andujar)

(Cristiano Andujar)

Tão logo o Rio foi confirmado como sede dos Jogos Olímpicos deste ano, uma missão se impôs para a delegação verde e amarela.

Missão que não está em nenhum manual, mas que se tornou uma tradição implícita para os anfitriões da maior competição do esporte mundial: competir em casa significa fazer bonito e, de preferência, aparecer entre os primeiros no quadro de medalhas.

Menos complicado para potências como a China ou os Estados Unidos, desafio maior para os brasileiros.

O ciclo que terá seu auge a partir desta semana, quando os olhos do mundo se voltam para a Cidade Maravilhosa, teve início com a meta de levar o Brasil pela primeira vez a um posto entre as 10 maiores forças olímpicas.

Muito foi gasto na qualificação de treinadores e na vinda de profissionais estrangeiros; na construção de centros de excelência para a preparação das modalidades e na participação em competições internacionais. 

Os resultados a partir de Londres reafirmaram a expectativa. Mas, como não se trata de ciência exata e o nível técnico é elevadíssimo em todos os esportes, o que há até agora são apostas.

E a certeza de que o desempenho terá de ser muito melhor que o das 21 campanhas anteriores.

O mais próximo que o Brasil conseguiu ficar do top 10 foi a 16ª posição de Atenas-2004, com cinco medalhas de ouro – o primeiro critério de classificação. A análise do desempenho dos países que ficaram com o décimo posto nos Jogos deste milênio confirma que é preciso fazer mais.

Curiosamente, no entanto, o total de ouros vem caindo – foram 11 da Grã-Bretanha em Sydney, nove também dos britânicos em Atenas; oito dos franceses em Pequim e sete dos húngaros há quatro anos.

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não trabalha com uma previsão de medalhas por cor, mas estima que seriam necessárias de 24 a 27 para atingir a meta. Mais do que conseguiram os húngaros, menos do que alcançaram franceses e britânicos. 

Um número consistente de pratas e bronzes pode ser decisivo em caso de empate no total de ouros. Um aspecto que pesa à favor das ambições verde e amarelas é o número recorde de atletas (462).

Futurologia

Se as previsões do COB são genéricas, eleger os principais candidatos a medalhas se tornou exercício obrigatório para várias publicações internacionais.

A Gracenote, multinacional de mídia do grupo Tribune, cruzou os dados das principais competições do ciclo olímpico e levou em conta os rankings das modalidades para elaborar seu Virtual Medal Tracker.

Por ele, o Brasil atingirá exatamente a meta, com oito ouros, nove pratas e três bronzes.

Já o Olympic Medals Preditions traça um quadro menos favorável: cinco ouros, três pratas e cinco bronzes, e o 15º posto. Caberá às três semanas de disputas determinar quem chegou mais perto da realidade.

Futebol, vôlei, ginástica e algumas surpresas na conta dos prognósticos

Mas quem seriam os medalhistas brasileiros nos Jogos do Rio, de acordo com as previsões? O Gracenote faz algumas apostas lógicas e outras surpreendentes. 

Considera que as duas seleções de vôlei; as duplas de praia Alison/Bruno e Larissa/Talita, assim como Arthur Zanetti, nas argolas, serão campeões olímpicos. 

Crava ainda que o sonhado ouro inédito no futebol masculino se tornará realidade e aposta em Martine Grael/Kahena Kunze (vela) e Mayra Aguiar (judô) para chegar ao alto do pódio.

As pratas, de acordo com o levantamento, viriam do pugilista Róbson Conceição (leve), da ginasta Flávia Saraiva (duas, no solo e na trave); de Diego Hypólito, no solo, do time da canoagem C2 de 1.000m (Izaquias Santos e Erlon Silva); dos mineiros Marcelo Melo e Bruno Soares no tênis (duplas); de Ana Marcela Cunha e 

Alan do Carmo na maratona aquática de 10 quilômetros e do atirador Felipe Wu na pistola de ar de 10m. E os bronzes seriam exclusividade feminina – as judocas Érika Miranda e Maria Suelen e a lutadora Aline Ferreira.

Candidatos

Não é necessário um grande esforço para apontar outros fortes candidatos a um lugar no pódio dos Jogos. Casos de Fabiana Murer, no salto com vara, de Iane Marques, no pentatlo; das meninas do handebol, campeãs mundiais em 2013; do futebol feminino; dos nadadores Felipe França e João Gomes (ambos têm tempos entre os cinco primeiros do mundo nos 100m peito), mesma condição de Thiago Pereira, nos 200m medley; da judoca campeã olimpica em Londres Sarah Menezes e dos velejadores Robert Scheidt (dono de dois ouros, duas pratas e um bronze); Isabel Swan e Fernanda Oliveira, bronze em Pequim-2008 na classe 470. 

E, como se tornou tradição nas últimas edições dos Jogos, sempre há o fator surpresa – uma ou mais medalhas de modalidades inesperadas e atletas capazes de contrariar as previsões. Conquistas como a de Natália Falavigna, no taekowndo, em Pequim-2008; dos irmãos Yamaguchi e Esquiva Falcão, no boxe, há quatro anos.

Há ainda o caso dos esportes que perderam prestígio recentemente, mas passam por um período de renovação que pode trazer frutos antes da hora – o atletismo tem uma geração jovem que se destacou nas principais competições para as categorias de base; o remo ganhou em nível técnico, assim como as lutas e o levantamento de peso. Ainda que não tragam medalhas, bons resultados serão sinais importantes de evolução.
 

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