Muito além do coreto: endereços 'escondidos' da capital que fizeram a história do Atlético

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
23/03/2017 às 21:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:51

Um torcedor atleticano desavisado poderá se concentrar nesta sexta-feira (24), a partir das 20h, no Parque Municipal, para saída do coreto rumo à Sede do Atlético, em Lourdes. Sem perceber, no entanto, que o trajeto percorrido é capaz de esconder vários outros locais que ajudaram a construir a história do Galo, que celebrará 109 anos de existência neste sábado. 

A tradicional vigília da torcida, à 0h, na Avenida Olegário Maciel, para comemorar o aniversário do clube, pode ser feita com uma verdadeira regressão ao passado. Especificamente, a uma Belo Horizonte recém-criada no início do século XX, na qual 22 estudantes resolveram fundar o Clube Atlético Mineiro.Flávio Tavares/Hoje em Dia / N/A

Placa dos 100 anos no Coreto sofre de
depredação e está bamba

Muito além do coreto no Parque Municipal – onde está localizada uma placa em homenagem aos fundadores –, do shopping Diamond Mall e da Sede do Galo, a região central da capital abriga “lugares escondidos", mas sagrados para o clube. 

Criado em 1908, o Atlético se concentrava em três lugares essenciais, para encontros dos jovens criadores. Um deles virou uma unidade das Faculdades Promove. Era um prédio da Rua Guajajaras, entre a Avenida João Pinheiro e a Rua da Bahia. Por lá ocorreram as primeiras reuniões numa pensão, sob a supervisão de Dona Alice Neves, mãe de um dos fundadores e a maior incentivadora daquela “ideia de criança”. 

Alice desempenhou papel fundamental para impulsionar o desenvolvimento do time, como a confecção da primeira bandeira e a criação de uma espécie de torcida organizada feminina, feito então jamais testemunhado. A metros de distância dali, na Rua Goiás, nº 255 (hoje um prédio do Tribunal de Justiça), a casa de Margival Mendes Leal também reunia os fundadores. "Vate", como era conhecido, foi o primeiro presidente do Atlético. Na sua residência, por exemplo, em uma dessas reuniões, foi definida a compra da primeira bola do clube. O objeto mais importante do esporte custou 11 mil réis. A conversão de valores, de forma rude, seria de R$ 85. O primeiro grande investimento do Atlético.

A partida inaugural do Galo, disputada em 1909, aconteceu no final da Avenida Afonso Pena. No terreno hoje ocupado pela 1ª Região Integrada de Segurança Pública, na Praça Rio Branco, ao lado da Rodoviária de BH, o time alvinegro bateu o extinto Sport Club por 3 a 0.

O gol inicial foi marcado pelo futuro escritor Aníbal Machado, irmão de Cristiano Machado, que seria prefeito da capital, candidato derrotado à presidência e nome de batismo da avenida mais caótica de BH.

Retornando um pouco mais, geograficamente, quando a Avenida Augusto de Lima se chamava Avenida Paraopeba, dois outros locais históricos para o Atlético foram ocupados por edificações que fazem, há muito, parte do cotidiano belo-horizontino. 

O Minascentro e o Mercado Central foram campos históricos do começo do futebol na capital mineira. Do lado direito, saindo da Praça Raul Soares, se localizava o primeiro estádio do clube. No outro, de propriedade do América, aconteceu a goleada por 9 a 2 sobre o Cruzeiro, à época chamado de Palestra Itália. O terreno do Minascentro deixou de ser do Atlético em um acordo com a prefeitura, que, em formato de permuta, cedeu o território no qual o Galo pode se desenvolver mais.

Em Lourdes, construiu o Estádio Antônio Carlos, inaugurado em 1929. Por lá, após recuperar a propriedade do local que chegou a voltar para as mãos da PBH, o Galo ergueu um dos seus maiores patrimônios: o Diamond Mall, que renderá ao Atlético neste ano, em orçamento traçado pela diretoria, quase R$ 10 milhões.

Belo Horizonte se resumia a área interna da Av. do Contorno, naqueles primeiros anos do século passado. As fronteiras foram derrubadas e o Atlético seguiu o fluxo. Hoje, a Cidade do Galo, um dos CT's mais modernos do Brasil, fincado em outro município, não para de crescer. Uma das ações de aniversário, do clube, inclusive, é a instalação de um gigantesco escudo numa parede de pedra onde, acima, há obras de ampliação e construção de novos campos para as categorias de base. E tudo começou naquele velho coreto, que torce contra o vento.

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