Maioria dos jovens que começam a jogar bola sonha com a oportunidade de vestir a camisa de um grande clube. Mas, para isso, esses garotos vivem muitas dificuldades, transitam por um caminho bastante tortuoso e são afastados precocemente do convívio dos pais. É o caso do zagueiro Murilo, atualmente com 20 anos e que, aos 13, deixou a cidade natal (São Gonçalo dos Campos, distante mais de 100 km de Salvador, capital da na Bahia), para tentar a sorte no futebol profissional.

Vivendo longe dos pais há tanto tempo, Murilo morou sete anos na Toca da Raposa I e só encontrava com os pais quando desfrutava das férias. 

Agora, com a promoção ao elenco principal do Cruzeiro e a presença na equipe titular, o jogador conseguiu trazer para perto, já neste ano de 2017, o pai José Joracy Paim e a mãe Raimunda Paim, antes afastados de Belo Horizonte por quase 1.400 km.

Feliz com o momento do filho, o pai mostra muita felicidade por estar mais perto do zagueiro, e conta que Murilo nasceu para jogar futebol.

“Estamos há sete meses em Belo Horizonte. Fomos à final contra o Flamengo. Ele sempre quis jogar futebol. Com 1 ano de idade, já estava nos campos. O primeiro pedido que ele fez de presente foi uma bola”, comenta José Joracy. 

Além dos pais, Murilo também ganhou a companhia do irmão Gil na capital mineira. Com tanto carinho e cuidado, o jovem campeão da Copa do Brasil de 2017 garante que tantas mudanças bruscas e rápidas na sua vida ainda o surpreendem.

“A ficha não cai rápido. Sempre quis jogar futebol, é o meu sonho de criança. Venho lutando desde então. Eu só tenho que trabalhar cada vez mais, e me empenhar para conquistar mais títulos pelo Cruzeiro”, disse o jogador, fã declarado do zagueiro espanhol Sérgio Ramos, capitão do Real Madrid. “Me espelho nele, é um zagueiro completo e artilheiro”, destaca o cruzeirense.

Responsável por anular o experiente atacante peruano Paolo Guerrero na final da Copa do Brasil, contra o Flamengo, Murilo ainda sonha com o primeiro gol. “Queria tanto que saísse na final. Agora é trabalhar que o gol sairá na hora certa”, completa.Lucas PratesNo estúdio do Globo Esporte, o zagueiro cruzeirense faz a foto com a taça com os companheiros de defesa Léo e Diogo Barbosa

Do acaso à titularidade, defensor tornou-se trunfo de Mano

Até o início deste ano, poucos torcedores conheciam o jovem Murilo Cerqueira, zagueiro promissor que ganhava a chance de integrar o elenco principal da Raposa, após deixar uma boa impressão nas categorias de base do clube.

Nesta quinta-feira (28), dia seguinte à conquista do título da Copa do Brasil, ele viveu mais um momento, que foi participar com o capitão Henrique e os companheiros de defesa Léo e Diogo Barbosa do Globo Esporte, programa mais tradicional da TV brasileira quando o assunto é esporte. A timidez do garoto era evidente, mas foi apenas a primeira de várias experiências que ele, com certeza, passará a viver na sua trajetória no mundo da bola. 

Com várias convocações para Seleções Brasileiras de categorias inferiores, Murilo foi promovido ao elenco principal do Cruzeiro antes mesmo de “estourar a idade” do Sub-20. 

A primeira chance veio em janeiro, em jogo amistoso da pré-temporada, na vitória cruzeirense por 8 a 2 sobre o Brasília.

Daquele teste no começo do ano até sua primeira chance no time principal, foi necessário esperar quase cinco meses, quando o técnico Mano Menezes vivia uma crise no setor defensivo. Dedé e Manoel lesionados e Kunty Caicedo em má fase fizeram o treinador escolher: ou improvisava Henrique na zaga ou escalava o garoto Murilo contra o Bahia, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro.

A convicção do técnico foi o improviso, que acabou se mostrando a pior escolha, já que Henrique foi expulso. Murilo, então, entrou no lugar de Ábila.

A partir dali, o jogador despertou mais a confiança do treinador. E, na 12ª rodada do Brasileirão, a partir da vitória por 3 a 1 diante o Palmeiras, ganharia a titularidade. 

“O trabalho desde o começo do ano me trouxe até aqui. Meus companheiros me ajudam muito, o Dedé, o Léo, Manoel e o Digão, que chegou agora. Isso é muito importante para mim. E, claro, minha personalidade”, diz Murilo.

Sequência
Dos 24 jogos que fez com a camisa do Cruzeiro, Murilo foi titular em 16. E, partida a partida, o jogador, mesmo muito novo, se agigantou perante grandes atacantes em compromissos importantes da Raposa no segundo semestre.

Adversários como Luan, do Grêmio, nas semifinais da Copa do Brasil, e Guerrero, do Flamengo, no jogo que decretou o pentacampeonato do mata-mata para a Raposa, pararam na forte marcação do garoto, que não se apavora em campo.
“É preciso ter tranquilidade para conquistar o espaço em um grande clube”, conclui o defensor.

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