Neymar, Tite, visitas a Barcelona e R. Madrid, projeto chinês: Rogério Micale chega ao Galo

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
24/07/2017 às 20:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:43
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

Em mais de 30 minutos de perguntas e respostas, Rogério Micale fez a apresentação mais longa de um novo treinador do Atlético desde Cuca. O novo comandante da equipe alvinegra utilizou um bom tempo para responder sobre o desafio que lhe surgiu, o maior da carreira ao lado do ouro olímpico.

Por falar na conquista inédita do ano passado pela Seleção Brasileira sub-23, ela norteou boa parte do bate-papo do treinador baiano na Sala de Imprensa da Cidade do Galo. Micale comentou sobre a relação com o astro brasileiro Neymar. Como que, mesmo sendo desconhecido, foi bastante respeitado pela estrela do Barcelona. Além disso, desmentiu que Tite tivesse tido uma participação fundamental para colocar o Brasil nos trilhos nos Jogos Olímpicos.

Quando fui para a Seleção Brasileira com Neymar, Marquinhos e Renato Augusto...conseguir pautar a ideia baseado em respeito e domínio do conhecimento. 

Para Micale, Tite não seria deselegante ou antiético em se intrometer nos métodos de formação de time e treinamento que o treinador da Seleção olímpica tinha convicção. Micale ainda creditou a Neymar o fato de sua carreira não ter sido encerrada precocemente, usando uma hipérbole curiosa: caso o camisa 10 do Brasil tivesse errado o pênalti na disputa fatal pelo ouro olímpico, sua carreira como treinador iria parar no Paraguai.

"Se o Neymar erra o pênalti (da final olímpica), eu estaria dando aula na escolinha do Paraguai. Com todo respeito aos nossos irmãos paraguaios. Porque no Brasil eu estaria com carreira encerrada. Porque vivemos no fio da navalha". 

Micale chegou ao Atlético sob muita desconfiança de parte da torcida. Muito por ter trabalho longos anos nas categorias de base do clube, foi escolhido pelo presidente Daniel Nepomuceno para ocupar o cargo deixado por Roger Machado, demitido na última quinta-feira. Diante do cenário de divisão de opinião, Micale se disse grato também para quem não acredita em seu trabalho, pois se sente desafiado. 

Ainda sobre o período olímpico, Micale comentou sobre a história de que Tite, treinador da equipe principal, tenha tido papel fundamental após o Brasil empatar com África do Sul e Iraque, ambos por 0 a 0. Para o novo treinador do Galo, Tite não teria tal atitude de se "meter" no trabalho alheio. Participou apenas de um almoço com os jogadores e comissão técnica.

"Professor Tite foi almoçar conosco. Nunca participou de nenhuma palestra, de encontro, de uma conversa sobre tática específica da equipe. Até porque ele é uma pessoa gentil e generosa. Sabe muito bem onde inicia e termina sua função".Bruno Cantini/Atlético

VISITAS AOS GIGANTES EUROPEUS
Em resposta a quem possa desmerecer a sua vinda ao Atlético, Micale apresentou o currículo na base. Foi campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo Figueirense. Venceu torneios no Atlético, vice-campeão mundial sub-20. 

"Se não oportunizar, não vamos saber se é bom ou não, Acho que tenho história no clube, tenho histórico de títulos na base. Fui medalhista olímpico, medalhista Pan-Americano. Fui campeão da Copa São Paulo, Taça BH, vice campeão mundial. Tenho requisitos para ter oportunidade maior. E me sinto muito preparado e à vontade com o elenco. Se vai dar certo, o tempo vai dizer. Mas me sinto apto a exercer essa profissão". 

Além disso, citou a necessidade de se atualizar e aprimorar conhecimentos. Informou que passou 50 dias na Europa e viu de perto o trabalho de Real Madrid e Barcelona, além das Seleções de elite do Velho Continente.

"Sou formado, me especializei fora do país, vi o que fazem Barcelona, Real Madrid, Porto, Benfica, Seleção Portuguesa, Seleção Alemã, Seleção Espanhola. Fiquei mais de 50 dias estudando metodologia na Europa".

Aqueles que gostariam na minha presença aqui, agradeço demais por confiarem. Aqueles que não acreditam tanto, também agradeço, porque vou trabalhar muito para conquistar a confiança deles. Não terei 100% de aceitação em nenhum lugar

VOLTA DA CHINA
Rogério Micale não esperava ter a oferta de emprego de um grande clube do Brasil pelas próximas semanas. Tanto que se planejou para viajar à China e participar de palestras e intercâmbio de conhecimento com a Federação local.

Participou de encontros com outros treinadores brasileiros, mas teve que deixar a China e correr para refazer as malas e desembarcar em Belo Horizonte. Chegou na noite de domingo (23), enquanto o Galo perdia para o Vasco no Independência. 

Apesar de ter adiado o projeto na China, Micale prometeu retornar à Grande Muralha para completar o objetivo do intercâmbio. Ele explicou que as mudanças de regras no mercado chinês (limite de estrangeiros, valores envolvidos em transferências de gringos terem 100% de tributação para a Federação) motivaram o futebol chinês a buscar profissionais que sejam capacitados em produzir talentos domésticos.

"Depois do meu ciclo olímpico, fui atrás de mais conhecimento em futebol em outras escolas. Também queria aprender outro idioma, surgiu este projeto chinês.  É um mercado que mudou totalmente a forma de ver o futebol, com novas regras. Estão  buscando profissionais no mundo que tenham metodologia que produzem jogadores internamente. Foco mudou. Tive reunião com vários treinadores da China. Mas infelizmente foi adiado. Peço desculpas e me comprometi a voltar um dia, num momento de folga. Mas foi muito bom abrir este mercado", disse.

Pretendo me adequar às características dos jogadores. Não adianta ter equipe de posse de bola, se as características do meu atleta não é esse. Mas eu sei do que o nosso torcedor vai querer.
Aqueles que gostariam na minha presença aqui, agradeço demais por confiarem. Aqueles que não acreditam tanto, também agradeço, porque vou trabalhar muito para conquistar a confiança deles
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