'No fundo do poço': relação entre Atlético e Cruzeiro se rompe após série de desavenças

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
20/05/2018 às 18:08.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:10
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

Num clássico de baixos incidentes entre torcedores, as figuras que comandam os respectivos clubes é que resolveram brigar. Diretorias de Atlético e Cruzeiro romperam de vez. Um verdadeiro "toma lá, da cá" que levou a relação dos rivais para o fundo do poço, conforme dito pelo diretor de futebol celeste, Marcelo Djian, ex-zagueiro de Galo e Raposa. 

A mais recente polêmica envolve, outra vez, a presença do Cruzeiro no Estádio Independência. No que foi considerado "choro de perdedor" pelo lado alvinegro, a Raposa saiu enfurecida do clássico do último sábado - vitória do Galo por 1 a 0 - por ter tido diretores e funcionários alocados num camarote diferente do habitual, "cercado por lutadores de uma torcida organizada (do Atlético)".

Ontem, Djian ainda acrescentou que um dos integrantes da torcida organizada que fazia pressão e hostilizava a comitiva celeste seria um condenado por homicídio em 2011. O Horto, utilizado pelo Galo desde 2012 como casa, também foi causador de outras polêmicas, mesmo que o tratamento reclamado pelo Cruzeiro transparece uma reação do Atlético pelos incidentes relatados no Mineirão, na final do Estadual 2018.

INGRESSOS
Protagonistas do futebol brasileiro entre 2013 e 2014, campeões dos principais títulos, Atlético e Cruzeiro se desentendiam no que dizia respeito à ingressos para as torcidas visitantes no clássico, principalmente por conta da diferença de setorização entre Independência e Mineirão.

Outro episódio que colocou Atlético e Cruzeiro em rixa foi da contratação do atacante Fred e a multa dos R$ 10 milhões. Caso ainda se arrasta na Câmara Nacional de Resoluções e Disputadas, sem novidades.

A Raposa chegou a abrir mão de ir ao Independência durante boa parte da gestão de Gilvan Tavares. No Horto, o espaço destinado aos visitantes é menos do que 10% da capacidade total do Estádio. Tal porcentagem é garantida no Regulamento Geral de Competição da CBF. Mas o Independência só acolhe 1.871 cadeiras no setor exclusivo dos visitantes - 8,3%.

Na final da Copa do Brasil, em novembro/dezembro de 2014, o jogo de ida foi no Horto, com torcida única. O Cruzeiro, na volta no Mineirão, cedeu 1.831 ingressos e, inicialmente, queria cobrar R$ 1 mil por ticket. Na Justiça, o Galo fez o preço baixar em 50%.

HINO E TAXAS
O Gigante da Pampulha também foi palco de discordâncias envolvendo Atlético e Cruzeiro. Em 2013, por exemplo, o Galo foi campeão da Libertadores e não precisou pagar a taxa de operação para a Minas Arena. Fato que fez a Raposa também deixar de pagar o valor, e gerando discussão na Justiça entre o clube e a concessionária. O clube celeste chegou, no mesmo ano, a reclamar com a administradora por ela ter executado o hino do Atlético após a final do Estadual - entre os dois clubes.

Na gestão passada, o Cruzeiro mandava os jogos do Mineirão com uma faixa no setor central inferior: "Time do Povo". Adjetivação que também criou polêmica por todo 2015.

CAIXAS DE SOM
No ano passado, quando o Atlético preparava a festa na finalíssima do Estadual - a ser realizada no Independência - caixas de som extras foram instaladas direcionadas para a torcida do Cruzeiro. Cânticos provocativos foram testados antes do jogo que decretaria o título alvinegro.

Esse assunto foi pauta das reuniões técnicas prévias ao clássico, e a PMMG solicitou ao Atlético findar a ação. O Galo, em contrapartida, solicitou o fim da exibição de imagens igualmente provocativas no telão do Mineirão, durante os clássicos - como os gols da histórica goleada de 6 a 1.

Picuinhas entre rivais, que parecem fazer um ciclo - da arquibancada para as diretorias, das diretorias para a arquibancada. 

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