'O diferencial da Seleção Brasileira de 2002 era a amizade’, afirma pentacampeão Luizão

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
19/05/2018 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:55
 (Onilton santos/divulgação )

(Onilton santos/divulgação )

Coadjuvante na Copa do Mundo 2002, quando foi reserva de Ronaldo “Fenômeno”, o atacante Luizão garantiu presença na lista do técnico Felipão por ter sido protagonista no jogo decisivo que garantiu a Seleção no Mundial da Coreia do Sul e do Japão. Autor de dois dos três gols brasileiros sobre a Venezuela na última rodada das Eliminatórias, o ex-jogador jamais esquecerá os momentos vividos na “Família Scolari”.

Principal goleador do país na Copa Libertadores, com ao todo 29 gols anotados em cinco edições (por Vasco, Corinthians, Grêmio e São Paulo), o paulista de pequena cidade de Rubineia pendurou as chuteiras há quase uma década e agora se prepara para entrar na política. Filiado ao PRB, é pré-candidato a deputado federal por São Paulo.

Neste Papo em Dia, o ex-artilheiro relembra a conquista do Penta, palpita sobre a convocação do técnico Tite para a Copa da Rússia e fala sobre a decisão do Campeonato Brasileiro de 1999, quando o Timão derrotou o Atlético na final, entre outros assuntos.

 O que tem feito o aposentado Luizão?

Eu tomo conta das minhas coisas. Tenho estacionamento e loteamento, e agora sou pré-candidato a deputado federal pelo estado de São Paulo, pelo PRB. Meu pai é político, é prefeito da minha cidade pelo terceiro mandato. Vou me aventurar nesse novo desafio na minha vida. Adoro desafios.

Em 1999, você foi campeão brasileiro pelo Corinthians naquela final contra o Atlético. A derrota no Mineirão, no primeiro jogo, preocupou? O que você lembra daquela decisão e como foi enfrentar o Galo? 

No começo do jogo em Minas, com o Guilherme metendo gol pra caramba, nós ficamos um pouco assustados. Mas sabíamos que reverteríamos dentro da nossa casa, porque tínhamos um time, com todo respeito ao Atlético, muito superior. Confiávamos muito em nós mesmos. Nós respeitávamos, mas sabíamos que seríamos campeões. Nossa equipe era muito forte e muito bem estruturada. 

Com 29 gols, você é ainda o brasileiro com mais gols na Copa Libertadores. O que esta marca representa, sendo que você já pendurou as chuteiras há dez anos?

Poxa, para mim representa muito e é motivo de orgulho. Um menino que saiu de Rubineia, uma cidade de 3 mil habitantes... E eu sou o maior artilheiro do Brasil em uma única edição, com 15 gols (2000, pelo Corinthians). O país teve tantos grandes jogadores como Pelé, Zico, Romário, e ser o maior... Poxa, isso é motivo de muito orgulho para mim.

Tem estátua do Luizão em Rubineia?

Tem o estádio com meu nome. Isso me orgulha muito.

Aprovou a convocação do técnico Tite para a Copa da Rússia? Se você estivesse no lugar dele, teria levado algum jogador não lembrado? 

Toda convocação sempre tem os prós e os contras. O treinador é quem decide. Por mim, eu levaria Fabinho (Monaco) e Rafinha (Bayern de Munique), e não os dois laterais (Danilo e Fagner). Levaria o Arthur (Grêmio) e não o Fred. Levaria Vinícius Júnior (Flamengo) e Luan (Grêmio), e não o Taison. Mas isso é a minha opinião. Não tenho nada contra esses jogadores, pelo amor de Deus.CBF/DIVULGAÇÃO

FAMÍLIA SCOLARI – Jogador fez parte da última Seleção Brasileira vitoriosa na maior competição de futebol

Como foi ser o reserva imediato do Ronaldo Fenômeno naquela Copa do Mundo de 2002?

Sobre isso, brinco com os meus amigos e até com ele mesmo, digo que sou um privilegiado. Falo que fui ‘titular’ numa Copa do Mundo e numa Olimpíada porque eu era reserva do Ronaldo (risos). Um fenômeno desse, eu preferia que ele jogasse e eu ficasse mesmo no banco.

Você esperava estar na lista pelo Felipão naquela época?

Esperava, sim, porque a minha batalha para poder voltar a jogar depois da minha cirurgia (ligamento cruzado do joelho, em 2001) foi muito grande. Eu treinava para voltar a jogar o mais rápido possível, e voltei em quatro meses e meio. Todo o meu sacrifício e a minha luta não foram em vão.

E aquele pênalti contra a Turquia, quando você substituiu o Ronaldo? Usou a ‘malandragem’ brasileira naquele lance decisivo na estreia do Brasil no Mundial?

Brinco com todo mundo e até com o Felipão, que é um “paizão”, que, se não tivesse aquele pênalti, não seríamos campeões do mundo. Porque aquela lance fez com que a gente vencesse o jogo e criasse muita confiança para ir em busca do título. Foi uma festa muito grande depois do jogo, sabe?

Chegou a brincar sobre isso com o Ronaldo depois da partida? Ameaçou a titularidade dele?

Não (risos). Ele era fera e tinha que jogar.

Qual o diferencial daquela equipe pentacampeã para as Seleções formadas nas Copas seguintes (2006, 2010 e 2014)?

Eu acho que era a amizade. Não sei como é a Seleção de hoje, porque não convivo, mas na de 2002 tinha muitos amigos. Ontem mesmo eu estava no lançamento do bar do Cafu. A amizade era verdadeira, e era um clima muito gostoso. Não teve briga entre a gente.

Quem são as favoritas ao título neste Mundial? Arrisca um duelo para a final desta edição? 

França, Alemanha, Espanha... E eu tenho muito medo da Argentina. Se o Messi resolver jogar, nós estamos fodidos (risos).Epitácio Pessoa/Estadão Conteúdo / N/A

CAMPEÃO – Em 1999, Corinthians e Atlético fizeram a decisão do Brasileirão, e Luizão ergueu a taça

Você foi procurado por Atlético ou Cruzeiro em algum momento da carreira? Recebeu sondagem para atuar no futebol mineiro? Por que não se concretizou?

Eu tive uma sondagem para jogar no Cruzeiro em 1997, na final do Mundial de Clubes. Mas eu estava na Espanha e, poxa, minha mãe é atleticana, gostava do Paulo Isidoro (risos). Minha cidade faz divisa com Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Infelizmente, nunca teve nada concreto. Quando eu estava no Santos, acho que em 2005, o Cruzeiro me procurou novamente, mas também não deu. Tenho muitos amigos em Belo Horizonte, como o Reinaldinho ‘pretinho’ (Reinaldo Rosa), amo ele, é um cara maravilhoso. Infelizmente, não aconteceu. Mas fiz muitos gols contra Atlético e Cruzeiro (risos).

Qual foi o melhor treinador com quem você já trabalhou? E o pior?

Poxa, cara. Essa é uma pergunta indelicada...

Então fale só o melhor.

O melhor foi o Vanderlei Luxemburgo. 

E a maior amizade no mundo da bola?

Poxa, tenho tantas! Amoroso, Djalminha, Galeano, Júnior... E tem aqueles da base que começaram comigo... É muito difícil responder isso.

E teve algum desafeto?

Não. Eu sempre fui do bem. Você pode procurar a minha carreira toda e vai ver que nunca tive nenhuma mancha.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por