Olimpíadas: Desclassificações de rivais beneficiam brasileiros

Rodrigo Gini
rgini@hojeemdia.com.br
28/01/2017 às 13:09.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:36

A contagem histórica de medalhas do Brasil nos Jogos Olímpicos tem aumentado recentemente longe das competições e sem uma gota de suor derramada, por conta do esforço cada vez maior do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Agência Mundial Antidoping (Wada) em identificar e punir quem se valeu de substâncias proibidas para chegar ao pódio. Nos últimos anos, tem sido cada vez mais constante a divulgação de resultados positivos e o complexo ritual que exige, a quem é flagrado, a devolução da medalha e do diploma, repassados a quem herda o posto.

É exatamente o que ocorrerá com o quarteto brasileiro do revezamento 4x100 rasos que competiu em Pequim-2008. Vicente Lenílson, Bruno Barros (que durante a carreira chegou a ser suspenso pelo uso de doping), José Carlos Moreira, o Codó, e Sandro Viana herdarão o bronze, depois da confirmação de que o jamaicano Nesta Carter, integrante do time jamaicano campeão, com Usain Bolt, Asafa Powell e Michael Frater, apresentou resultado positivo para Metilhexanamina.
 
As amostras colhidas na edição chinesa da competição estão sendo reanalisadas com a ajuda de métodos de detecção mais eficazes surgidos desde então, diante do aumento exponencial de suspeitas e casos confirmados. O mesmo vale com os testes feitos em Londres.

PRIMEIRA MINEIRA
Situação semelhante à vivida por Rosemar Coelho, Lucimar de Moura, Thaissa Presti e Rosângela Santos que, em 2008, cruzaram a linha de chegada em quarto na mesma prova e, no ano passado, se viram alçadas à condição de medalhistas de bronze com a desclassificação da russa Yuliya Chermoshanskaya, que compunha o quarteto vencedor. Com oito anos de atraso, Lucimar, natural de Timóteo, acabou fazendo história como a primeira mineira vencedora de uma medalha no atletismo.

E a lista pode aumentar caso a política de tolerância zero seja mantida como prometido pelo presidente do COI, Thomas Bach. Sete dos 12 jogadores da seleção russa que venceu o Brasil, de Bernardinho, na final de Londres-2012, teriam sido flagrados com o uso de Meldonium, a mesma substância que tirou a russa Maria Sharapova das quadras por seis meses e está no centro do escândalo institucional envolvendo os atletas do país – o atletismo foi suspenso e sequer pôde competir no Rio. 

Como as federações das diversas modalidades ganharam autonomia para decidir, a expectativa é que a FIVB sugira ao COI a perda do ouro – hoje integrante da comissão de ética da entidade, o então ponteiro Giba promete se reunir com a cúpula (o presidente é o também brasileiro Ary Graça) para pleitear o que seria o quarto ouro olímpico do país. Os jogadores russos negam qualquer irregularidade e dizem estranhar as declarações do ex-jogador brasileiro.


CAVALO
A história das medalhas herdadas em função de doping teve, no caso brasileiro, um início curioso: Rodrigo Pessoa, montando Baloubet du Rouet (o mesmo cavalo que, ao refugar quatro anos antes, lhe tirou a chance de medalha), ficou com a prata na final individual em Atenas-2004.

Os exames veterinários posteriores nas montarias constataram, no entanto, que o cavalo montado pelo irlandês Cian O’Connor havia sido tratado com um medicamento proibido, o que fez com que a medalha do filho de Rodrigo Pessoa mudasse de cor. 

Em Pequim, ele viveu a situação oposta: Rufus, seu novo animal, foi desclassificado pelo uso de Nonivamida.

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