Pacotão da final: Balão da B, provocações a Fábio e Mano; 'torcida de alto-falante' e caixões azuis

Guilherme Guimarães
Hoje em Dia - Belo Horizonte
07/05/2017 às 19:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:27

Palco de tantas decisões ao longo da história, o estádio Independência, que já sediou jogo de Copa do Mundo e partidas de Copa Libertadores, teve o privilégio, novamente, de receber uma grandes e mais tradicionais partidas do futebol brasileiro: o clássico entre Atlético e Cruzeiro, válido pela finalíssima do Campeonato Mineiro. E a partida que terminou com o título atleticano, após vitória do Galo por 2 a 1, teve todos os ingredientes de um verdadeiro dérbi: provocações, gols, pressão e adrenalina por parte dos torcedores.

Com a maioria de atleticanos presentes nas arquibancadas, já que o mando de campo era do Atlético, o Independência se pintou de preto e branco numa ensolarada tarde de domingo. De azul mesmo, o céu e apenas 10% de torcedores do Cruzeiro, que garantiram o direito de assistir à final in loco depois de muita polêmica envolvendo os próprios clubes e a Polícia Militar.

Ajuda de alto-falante

Antes mesmo da entrada dos torcedores no Independência a primeira polêmica. Foram instaladas caixas de som na estrutura superior do estádio, com os alto-falantes posicionados em frente à arquibancada destinada à torcida do Cruzeiro. Testes de áudios foram feitos horas antes do duelo e músicas provocativas como “Maria eu sei que você treme”, “não chora não, não chora não, Atlético campeão”, além de cânticos comuns dos atleticanos foram ecoados do sistema de sonorização.

Durante o pré-jogo, quando a torcida cruzeirense ameaçava emplacar alguma música em alto e bom som, as caixas tocavam o hino do Atlético.

Outras caixas de som também foram instaladas em cima dos vestiários, área onde também estão os “esqueletos” das arquibancadas modulares, impedidas pela Justiça de serem totalmente erguidas. Por ali, um DJ contratado pelo Atlético agitou os torcedores com hits musicais e sucessos do momento, antes, durante e depois do jogo.

Antes da bola rolar e na volta dos jogadores para o segundo tempo, os atleticanos provocaram o goleiro Fábio o chamando de reserva, já que o titular do gol cruzeirense desde o ano passado é o jovem Rafael. O camisa 1 da Raposa retrucou, colocou a mão no ouvido em tom provocativo, bateu no peito e fez gestos com a mão, mostrando o número seis em alusão a vitória celeste por 6 a 1 em 2011.

O técnico Mano Menezes também foi bastante “homenageado”, sendo chamado diversas vezes de “chorão”. Adjetivo recebido pelas reclamações recentes em relação ao trabalho da arbitragem no primeiro jogo da final com o Atlético, no Mineirão.

Durante partida

Depois que a bola rolou o clima de tensão tomou conta. A torcida do Atlético, em maioria, cantava alto e tinha ajuda das caixas de som em alguns momentos. Nitidamente se percebeu que áudios com gritos de “Galo” saiam dos alto-falantes do estádio.

A torcida celeste provocava, citando o caso do “bandeirão” atleticano, roubado ainda em fase de confecção nesse fim de semana. “Ão, Ão, Ão, cadê o bandeirão”, gritavam, logo sendo respondidos pelos alvinegros.

Antes mesmo dos gols os cruzeirenses já tinham do que reclamar. Os bares do setor destinado aos visitantes ficaram, em sua maioria, fechados. Apenas um abriu as portas e, ainda por cima, não vendeu cerveja comum. Apenas a bebida com 0% de álcool era encontrada nas geladeiras.

“Isso é um absurdo, não vendem cerveja e só um bar está aberto”, reclamava um dos cruzeirenses.

O fato por pouco não poderia ter sido noticiado, já que por ordem da diretoria do Atlético a imprensa estava proibida de acessar à área da torcida visitante e, também, o setor do Galo na Veia, conhecido como “Especial Ismênia”.

Mas, a reportagem do Hoje em Dia conseguiu acessar à arquibancada superior, onde estavam os cruzeirenses, e flagrou os bares fechados. (como mostra a imagem).Guilherme Guimarães 

Como tem se tornado rotina, os cruzeirenses não deixaram de levar ao Horto os “balões da Série B” para provocar os atleticanos. Vez ou outra caiam do setor dos visitantes as bexigas com a letra B em vermelho. Assim que chegavam ao chão eles eram estourados pelos torcedores do Galo. 

Fora e dentro de campo os atleticanos usaram caixões azuis em alusão ao falecimento do Cruzeiro, que há três anos não conquista o título Mineiro. Jogadores do Atlético usaram antes da premiação os caixões para provocar os cruzeirenses. 

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