Palmeiras usa estratégia questionada para lucrar mais com Gabriel Jesus

Estadão Conteúdo
27/07/2016 às 09:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:01
 (César Greco)

(César Greco)

Com apenas 30% dos direitos econômicos, o Palmeiras tenta receber um porcentual maior em uma possível transferência de Gabriel Jesus e uma forma encontrada para fazer isso é tentar conseguir na Justiça obter os 22,5% dos direitos econômicos pertencentes ao empresário Fábio Caran, ex-agente do atacante. O clube alega que o empresário não respeitou uma cláusula no contrato de que ele não poderia repassar seus direitos econômicos para terceiros e isso faria com que o agente perdesse os direitos sobre o jogador.

A estratégia do Palmeiras foi confirmada pelo Estadão.com, que ouviu três advogados para explicar se a reclamação do clube tem fundamento. Todos acreditam que, dificilmente, o time conseguirá ganhar o processo, pois não enxergam irregularidades na negociação.

"É uma tese, digamos, abusada. Eu li o processo e acho difícil um juiz tirar todo o direito da empresa por causa do que o clube alega, até porque, o Palmeiras não teve prejuízo no fato da empresa ter uma proprietária e passar a ter três e isso não configura transferência dos direitos do atleta. Além disso, tem uma cláusula onde diz que o Palmeiras teria direito a uma multa de R$ 1 milhão caso algumas das partes repassem os direitos econômicos do jogador para terceiros. Então, se for para o Palmeiras ganhar algo, o que eu já acho difícil, seria, no máximo, esse R$ 1 milhão", disse um advogado, especialista em defender jogadores contra diversos clubes, e que pediu para não ser identificado por uma questão ética.

Ex-advogado do Palmeiras, Luiz Roberto Castro também não vê motivos para reclamações por parte do clube. "As dívidas e os direitos são todos do mesmo CNPJ. Não importa quem são os donos. A questão é a intenção disso. A mudança de empresa individual para limitada foi para lesar o Palmeiras ou o fisco? Caso não seja, é apenas uma operação comercial e não tem nada de errado nisso. De acordo com o que foi divulgado, não vejo motivos para a reclamação. Um terceiro advogado acredita que isso é uma forma do clube tentar pressionar o agente do atleta para que ele venda sua parte e o Palmeiras consiga ganhar mais na transferência. "Faz parte do jogo fazer essa pressão, mesmo sabendo que não tem um fundamento jurídico. Pelo que eu li do processo, não houve irregularidade por parte da empresa e acredito que seja uma forma do clube tenta pressionar o agente para vender sua parte e o Palmeiras lucrar mais", disse o advogado.

O Palmeiras alega que quando renovou o contrato de Gabriel Jesus, a empresa NAIMA, pertencente a Naima Ferreira, mulher de Fábio Caran, ficou com 22,5% dos direitos do jogador, e ela era a única proprietária da empresa. Pouco depois do acordo, ela transformou a empresa em uma sociedade limitada, com mais dois sócios. Naima passou a ter 1% da empresa, que mudou o nome para Naima Ferreira Ltda. Os 99% restantes ficaram sob a responsabilidade de Reinaldo Ayesh e Marco Redondo, amigos de Fabio Caran.

Para o Palmeiras, isso é considerado uma transferência dos direitos econômicos do atleta, algo que faria a empresa perder a porcentagem sobre Gabriel Jesus. Entretanto, a empresa manteve o CNPJ e apenas passou a ter mais sócios. Na visão dos advogados ouvidos pelo Estadão.com, isso não configura como transferência dos direitos econômicos, logo o clube, não tem direito sobre os 22,5% pertencentes a empresa de Naima e administrada por Fabio Caran.

O Manchester City ofereceu 32 milhões de euros (R$ 114,3 milhões) que seriam divididos em 30% para o Palmeiras (R$ 34,3 milhões), enquanto que os empresários Cristiano Simões e Fábio Caran, que têm 22,5%, ficariam com R$ 25,7 milhões cada. Gabriel Jesus é dono de 25% e ficaria com R$ 28,5 milhões. O Manchester United também está na briga e disposto a pagar 35 milhões de euros (R$ 125 milhões) pelo jogador e um salário de cerca de 2,5 milhões de euros (R$ 8,9 milhões) por temporada, algo em torno de R$ 741 mil mensais.

O United é um dos clubes que tem desconto para contratar o atacante e poderia fechar o acordo por 24 milhões de euros (R$ 85,8 milhões), entretanto, para não perder o atleta para o rival, a ideia é oferecer 20 milhões de euros (R$ 71,4 milhões) só para o Palmeiras, com os outros 15 milhões de euros (R$ 53,6 milhões) sendo divididos entre empresários e o jogador. O problema, no caso do United, é que a proposta apareceu através de um intermediário, que ganharia uma quantia na transição.

O Palmeiras está disposto a fazer negócio mesmo assim, mas Cristiano Simões, não. Além disso, Gabriel se animou com a possibilidade de atuar no City, sob o comando de Pep Guardiola, que ligou pessoalmente para o jogador e tentou convencê-lo a aceitar a proposta. A reportagem entrou em contato com Fabio Caran, que negou qualquer irregularidade, mas disse que não comentaria do assunto no momento. Gabriel Jesus está com a seleção brasileira olímpica.
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