Paris Saint-Germain 'promete' Luis Enrique para Neymar, diz livro

Estadão Conteúdo
18/04/2018 às 08:15.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:24
 (FRANCK FIFE/AFP)

(FRANCK FIFE/AFP)

Desde que Neymar pisou em Paris com um contrato assinado com o Paris Saint-Germain (PSG), em 5 de agosto de 2017, dois fenômenos se produziram no clube. O primeiro foi tornar-se um furacão de mídia internacional. O segundo, de acordo com seus dirigentes e torcedores, foi tornar-se alvo preferencial de rumores, especulações, notícias falsas e campanhas de desestabilização, não raro vindas da imprensa espanhola, irada com sua saída do Barcelona.

Indignados com a cobertura, um grupo de oito jornalistas e profissionais de diferentes áreas, todos com acesso a fontes de informação primárias sobre o clube, decidiu criar um jornal online, o Paris United, para informar a respeito do dia a dia do time. Desde então, conquistaram credibilidade ímpar ao confirmar em primeira mão bastidores sobre as disputas internas no maior clube da França.

O rápido prestígio levou os jornalistas a escreverem um primeiro livro, "Paris - Revelações de uma Revolução", que se tornou best seller na França nas últimas semanas. A obra revela detalhes do funcionamento - e "desfuncionamentos" - do clube parisiense que tem Neymar como seu maior astro e que sonha com a conquista da Liga dos Campeões.

O livro revela bastidores da transação de € 222 milhões que fez o astro brasileiro deixar o Barcelona. Conforme os jornalistas, o "clã Neymar" tenta intervir com frequência, que seja em favor de jogadores, seja com os métodos de treinamento e até o nome do futuro treinador - Luis Enrique, ex-Barcelona, que seria o preferido do craque.

Ao Estado, Alexandre Couppey, fundador do Paris United e um dos autores do livro, faz um apanhado de revelações e análises sobre o clube.

Paris United foi criado há um ano e meio. Seu espírito é partidário, como os jornais esportivos espanhóis, como Marca, As e outros, não?
Exatamente. A ideia é um veículo de mídia partidário, com um verdadeiro trabalho jornalístico. Nós queremos o sucesso do clube. Mas para isso queremos restabelecer certas verdades, trazer a público informações e fazer avançar algumas coisas. Há gente demais na França que reclama do tratamento midiático do PSG. Há apenas um jornal de esporte no país, L’Équipe, que detém o monopólio, e a ideia é gerar um contrapoder. É preciso que o ambiente do clube seja menos nacionalizado e mais "parisiense".

Vocês creem que L’Équipe é um veículo contrário ao PSG?
Não. É apenas um jornal nacional, e a dominação extrema do PSG no cenário nacional pode ser um problema para eles. Daí a vontade de bater no PSG, que é um clube superdimensionado para o mercado da Liga [francesa]. Historicamente não é um clube forte. É um clube que progrediu com o tempo, mas que ainda era o clube de Paris. Ele precisa ser mais valorizado, ao mesmo tempo com exigência. Ser um veículo partidário não significa dizer sempre coisas boas do PSG, mas sim frisar crítica positiva.

O livro traz revelações sobre a transferência de Neymar, e diz que a decisão havia sido tomada cerca de um mês antes do anúncio oficial. É isso?
Sim. O que é interessante na transferência de Neymar é a diferença entre junho de 2016 e junho de 2017. Nos dois casos o PSG procura sua família e anuncia que quer sua transferência. Por que sua transferência fracassa no primeiro caso? Por que no segundo dá certo? Não podemos revelar tudo nessa entrevista, mas quando o agente Pini Zahavi entra na dança, a transferência acontece. No final de junho, a contratação já está resolvida e Neymar se torna jogador do PSG.

Você diz que o "clã Neymar" faz reivindicações frequentes e não raro inconvenientes, inclusive na escolha de jogadores, de treinador, etc.
Sim, é preciso ver como o "clã Neymar" será gerenciado a partir da próxima temporada por Nasser Al-Khelaifi e Antero Henrique, diretor esportivo do clube. Na viagem ao Brasil, em março, os dirigentes lhe fizeram promessas de que Luis Enrique seria o novo treinador do PSG. Neymar e seu ex-treinador estão em contato. Se ele não for o escolhido, o PSG poderá ter problemas. Ao mesmo tempo, não é possível que Neymar seja maior do que a instituição e tenha privilégios demais. É normal que ele tenha alguns, porque é o melhor jogador do PSG, o maior do Brasil, fez uma escolha muito boa. Mas ele fez a escolha da audácia ao vir ao PSG, grandiosa e magnífica, um pouco como Maradona fez ao partir ao Napoli. Ele pode ganhar a Liga dos Campeões em Paris, porque é jovem, tem um talento incrível. Mas Neymar precisa acreditar, estar convicto de sua escolha, assim como seu "clã". Se ele acreditar, ele alcançará esse objetivo e será o herói eterno de Paris.

No futebol sul-americano, temos uma expressão para isso: garra, raça, pegada. Você acredita que é o que falta no PSG?
É exatamente isso, a garra. É o que falta ao grupo de jogadores, inclusive a Neymar. Sua escolha pelo PSG foi excepcional, porque é única. Se ele for ao Real Madrid e conquistar a 13ª Liga dos Campeões do time, ele será mais um atleta inscrito na história do clube, mas não haverá nenhum heroísmo. Se ele conquistar com o Paris Saint-Germain, isso fará dele um herói eterno.
 

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