Peladeiro usa capacete para não largar a bola

Henrique André - Hoje em Dia
06/02/2016 às 08:54.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:19

Quem vê o advogado Francisco Nunes entrar em quadra com um capacete de futebol americano nas mãos, espanta-se ao vê-lo conduzindo uma bola – redonda, e não oval como a utilizada no football – com os pés.

Apaixonado por futebol desde a infância, o advogado, de 57 anos, passou por várias cirurgias no rosto, após um implante dentário mal sucedido.

Por conta disso, ele precisou do capacete para continuar frequentando as peladinhas semanais, das quais nunca abriu mão.

Natural de Malacacheta, no Vale do Mucuri mineiro, Chico teve parte da calota craniana retirada e transferida para a maxila. A solução para um drama que começou há 30 anos e que teve desfecho feliz em 2010.

“A tecnologia de implantes era meio antiquada na década de 80. Houve uma invasão do pino para o seio da face, que infeccionou bastante”, conta Francisco.

Como sofria também de sinusite, na época ele achou que o inchaço na região era causado por ela. Contudo, depois de um tempo fazendo uso de medicamentos por conta própria, viu a situação piorar; procurou um médico e descobriu que seria necessário ser operado.

“Quando fizemos a cirurgia, parecia um tumor. Perdemos muito osso para tirar a contaminação. Na época tirei ossos das duas pernas para fazer o enxerto. Foram vários procedimentos”, relata Chico.

Mas o drama não parou por aí. Há mais ou menos cinco anos, quando jogava normalmente as peladinhas com os amigos, ainda sem o capacete, ele viu surgir uma nova infecção no rosto. E não teve jeito – o malacachetense precisou novamente encarar a mesa de cirurgias.

“Nesta (cirurgia), moderna e com procedimentos alemães, contei com um neurocirurgião, para retirar a calota craniana – que tinha o tamanho de um biscoito –, e um buco-maxilo-facial, para fazer o enxerto”, explica o peladeiro. Ele ficou apenas dois dias internado.

O capacete

Recuperado, mas com mais de 20 pinos de titânio na parte interna da cabeça, Chico precisou ser criativo para não deixar de fazer o que mais gosta na vida: jogar futebol.

A ideia inicial foi usar um capacete de boxe, mas Chico perdia toda visão periférica. Buscando outra solução, ele experimentou um capacete de futebol americano, pelo qual desembolsou R$ 900. Deu certo.

Apesar de não conseguir fazer gols de cabeça, já que o equipamento amortece a bola, Chico esbanja saúde e, perto dos 60 anos, dá trabalho para os mais jovens.

Peladeiro profissional e ciclista quando a turma não entra em quadra, Francisco vê no esporte a melhor forma de viver bem, e longe de qualquer doença.

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