Possível vinda de Jony Calleri ao Atlético envolve rede poderosa de empresários da bola

Frederico Ribeiro - Hoje em Dia
14/01/2016 às 14:25.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:01
 (Javier García Martino/Boca Juniors)

(Javier García Martino/Boca Juniors)

Da Bombonera, passando pela Casa Rosada, até chegar à Cidade do Galo. O caminho a ser percorrido por Jonathan Calleri pode ter um destino final - mesmo que temporário - nesta quinta-feira (14). O jogador já acertou verbalmente a despedida do Boca Juniors. Agora, falta assinar os documentos para oficializar a venda a um grupo de investidores e, posteriormente, o empréstimo a outra equipe, sendo o Atlético o destino mais provável. Empresários de forte influência mundial estão por trás dessa novela, o que ajuda a entender a demora na resolução. Um deles, por exemplo, trabalha para o Governo da Argentina.

Calleri só assinará a saída do Boca quando estiver certo sobre o clube no qual passará os próximos seis meses. A negociação de US$ 12 milhões (R$ 48,2 milhões) - 4,1% dessa quantia vão para o All Boys, clube formador - , tem por trás a figura de Gustavo Arribas, empresário argentino, da empresa HAZ Sport Agency, com forte atuação em terras brasileiras. Esta empresa é uma subsidiária da HAZ Football Worldwide Ltda., com sede em Gibraltar, paraíso fiscal ao sul da Espanha

Arribas, atualmente, trabalha como presidente da Agência Federal de Inteligência (AFI) do governo federal argentino. Foi nomeado no dia 10 de dezembro de 2015 pelo presidente recém-eleito Mauricio Macri, ex-manda-chuva do Boca Juniors, entre 1996 e 2008. O clube xeneize detém 100% dos direitos de Calleri.

Na HAZ, Arribas tinha como sócios o também argentino Fernando Hidalgo e o israelense Pini Zahavi, um mega-agente da bola, muitas vezes oculto nas tratativas. Hidalgo, inclusive, era o empresário de Jony Calleri até pouco tempo. Mas saiu de cena para dar lugar ao agente Adrián Rouco, responsável por administrar a carreira de Carlitos Tévez.

Por falar no camisa 10, ele foi vendido do Boca para o Corinthians em 2005, na parceria com a MSI, comandada por Kia Joorabchian. Negócio milionário que teve a participação de Gustavo Arribas no papel de intermediador. A amizade com Mauricio Macri, que naquela época comandava os xeneizes de forma oficial, foi essencial para a ida do "Apache" para o Parque São Jorge.

Zahavi, participante da parceria MSI/Corinthians, foi responsável por intermediar a ida de Tévez e Mascherano ao West Ham, após passagem pelo Corinthians. Ele tem ótimo trânsito na Inglaterra e, segundo informações de jornais da Rússia, foi essencial na compra do Chelsea pelo bilionário Roman Abramovich.

Quando for vendido a este fundo de investimentos, do qual participa só o "crème de la crème" do futebol extra-campo, Calleri terá os direitos federativos repassados ao Deportivo Maldonado, do Uruguai. O Deportivo é o "clube de aluguel" utilizado pela HAZ Sports Agency em negociações envolvendo, inclusive, jogadores brasileiros, como Thiago Heleno (Cruzeiro-Corinthians), William José (São Paulo-Real Madrid), Alex Sandro (Atlético Paranaense-Santos) e Wallyson (Atlético Paranaense-Cruzeiro). Na Raposa, inclusive, Gustavo Arribas foi um parceiro comercial do ex-presidente Zezé Perrella.

Outro empresário com ligações no Deportivo Maldonado é Paco Casal, o maior do ramo no Uruguai. Nascido em São Paulo, ele já fez negócios com Giuliano Bertolucci, braço-direito de Kia Joorabchian, o empresário iraniano que levou Tévez ao Timão há 11 anos. Casal também tem ligações com o Rentistas, outro clube "de aluguel" do Uruguai, operado por Juan Figer, uruguaio que detém os direitos, por exemplo, do atacante Thiago Ribeiro, do Atlético.

GALO FAVORITO

O Atlético segue como favorito para levar Calleri de forma temporária. Muito pela visibilidade que a Libertadores apresenta e pela facilidade de adaptação, uma vez que o clube mineiro possui quatro estrangeiros, entre eles dois argentinos. O atleta até já solicitou o telefone de Lucas Pratto para entrar em contato com o artilheiro.

O Hoje em Dia apurou com uma fonte ligada às negociações que a demora para bater o martelo se deve às "triangulações" das conversas. Afinal, são três interesses na mesa. O Boca não gostaria de reforçar um rival da Libertadores, mas não tem poder de definir isso em cláusula de contrato. O atacante, por sua vez, não gostaria de ir para um clube no qual corre o risco de ser reserva. Afinal de contas, esse é um dos motivos para a despedida da Bombonera, já que Osvaldo voltou e deve formar a dupla de ataque com Tévez.

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