Automobilismo se aprende na escola? Se depender de um projeto que entrou em seu terceiro ano e já graduou mais de 200 pilotos de 7 a 10 anos no Kartódromo RBC Racing, em Vespasiano, a resposta é sim. Com uma vantagem importante para o bolso dos pais que poderiam torcer a cara diante de um eventual interesse dos filhos pela velocidade: o primeiro contato com o esporte motor é gratuito, não exige investimento em equipamento e ainda traz, de bandeja, toda a orientação sobre o caminho das pedras para começar, a sério, sem precisar empenhar a casa ou torrar as economias.

Tudo começou quando os administradores da pista identificaram a grande procura da meninada pelos karts de aluguel nos finais de semana – os modelos contam com proteção extra e correspondem aos das categorias mirim e cadete (chassi menor), para os pequenos. Como toda a estrutura já estava disponível, vieram a ideia e a parceria com a Federação Mineira de Automobilismo (FMA) que deram origem ao Projeto Piloto do Futuro. Os primeiros alunos foram justamente os destaques das baterias do indoor (os karts amadores), e inicialmente com orientações apenas teóricas.

Para que a molecada não ficasse apenas na vontade e pudesse sentir na pele o que é acelerar junto ao asfalto sem suspensão e protegida por macacão e capacete – sensação que a turma que chegou ao topo da pirâmide diz ser a mais próxima da de comandar um F-1,  começaram a ser formadas turmas com oito "alunos" cada, sempre com a preocupação de não queimar etapas e proporcionar uma experiência divertida, sem pressão por resultados. Empurrado por um motor quatro tempos de 160cc devidamente amansado (potência de apenas 5.5cv), o kart não passa dos 60 km/h. Atualmente o curso é oferecido em módulos de quatro aulas – uma por semana –, e a última delas coincide com uma corrida de encerramento, disputada como parte da programação de um evento oficial, como as etapas do Mineiro de Kart. O resultado é o menos importante, pois o que conta é propiciar aos pequenos a experiência de viver o ambiente do esporte.

Se seria um certo exagero imaginar que todos levassem o sonho de acelerar com os karts de competição adiante, 12 formados pelo projeto (Henrique Magioni, Lucas Lima, Gustavo de Luka, Helena Melo, João Vitor, Davi Santos, Lucas Staico, Luca Neuenschwander, Matheus Sena, Leonardo Almeida, Joaquim Marques e Rodrigo Jorge) encararam o desafio e hoje brigam por posições em corridas "de verdade" – tanto na mirim (7 e 8 anos) quanto na cadete (9 a 11 anos).

"Nós sabemos que não é fácil um esporte se consolidar sem ídolos e em meio a tantos atrativos para a meninada. Por outro lado, queremos mostrar aos pais que os custos podem ser bastante contidos, já que oferecemos descontos e incentivos para os meninos que querem começar a competir, além de dar toda a orientação para fazer as coisas pelo caminho certo, sem gastar mais do que o necessário. É a única iniciativa do gênero no Brasil, a procura foi surpreendente e hoje temos até uma fila, mas as turmas continuam, pois queremos ver os grids dos campeonatos cheios e a renovação acontecendo", explica Rafael Cançado, proprietário da RBC Preparações e do complexo em Vespasiano.

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