Richarlison: 'o jogo na Inglaterra é mais pegado que no Brasil. Temos menos tempo para pensar'

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
01/09/2017 às 15:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:22
 (Watford/Divulgação)

(Watford/Divulgação)

A trajetória do jovem atacante Richarlison no futebol é marcada pela rapidez na qual tudo tem acontecido. Recém-contratado pelo Watford, da Inglaterra, o capixaba, de 20 anos, vê a vida mudar, cada dia mais, graças ao talento que tem com a bola nos pés.

Revelado pelo América – onde fez 24 partidas e marcou nove gols – e vendido ao Fluminense por R$ 10 milhões (50%), o jogador, 18 meses depois – 70 jogos e 19 gols pelo Tricolor –, viu seu valor de mercado chegar aos R$ 47 milhões, valor este pago pelo clube inglês para tê-lo.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o camisa 11 do clube de coração do cantor Elton John conta como tem sido a adaptação no Velho Continente, fala dos primeiros passos pelo novo clube e projeta o futuro pela Seleção Brasileira, comandada por Tite.

Como tem sido a sua adaptação ao futebol inglês? Quais as diferenças que sentiu durante os treinos e durante os jogos?
Minha adaptação está sendo muito boa. Meus novos companheiros de time estão me dando muita moral, principalmente o Gomes (goleiro brasileiro) e o Britos (zagueiro uruguaio). O futebol daqui é bem diferente do brasileiro. Aqui são 90 minutos de jogo pegado, de correria e usando bastante a parte tática; no Brasil a gente tem mais tempo para pensar. Tenho certeza que com o passar dos jogos vou me adaptar e pegando o jeito deles de jogar.

E em relação ao idioma? Como tem se virado para se comunicar com os ingleses?
A maioria do grupo sabe falar espanhol. Aos poucos vou entendendo mais o inglês. O Gomes também tem me ajudado muito durante o dia a dia e me guiado. Faço aulas de inglês três vezes por semana e isto já está me ajudando bastante.

“Além de o Watford ter uma estrutura muito boa, a cidade é maravilhosa e a torcida me abraçou. Aqui não tem vaias e os torcedores apoiam durante os 90 minutos. No Brasil, não se pode errar três ou quatro passes”


Dá para afirmar que você acabou apadrinhado pelo Gomes? Como tem sido esta relação?
Desde que cheguei, ele tem sido fundamental para a minha adaptação. Foi quem me arrumou casa e me arrumou hotel. Ele tem feito praticamente tudo para mim aqui na Inglaterra e quem mais me ajudou até o momento.

Ter balançado as redes e mostrado o seu cartão de visitas tirou um peso das costas? O que achou da torcida do seu novo clube? Tem o mesmo calor dos brasileiros nas arquibancadas e nas ruas?
Balancei as redes, mas isso não quer dizer que tirei um peso das costas. Gosto sempre de fazer gols, já era assim no Fluminense e no América. Cheguei na Inglaterra, já marquei, e isso me deixa muito feliz. O clube tem uma estrutura muito boa, a cidade é maravilhosa e a torcida me abraçou. Aqui não tem vaias e durante os 90 minutos os torcedores apoiam, diferente do Brasil, onde você não pode errar três ou quatro passes. A torcida do Watford está sempre aplaudindo.Nelson Perez/Fluminense 


Desde que deixou o América para se transferir para o Fluminense, você teve grande valorização financeira. Sua venda, inclusive, rendeu boa grana para os seus dois ex-clubes. E pra você? A mudança de padrão significou o que? 
Fui a maior venda do América. Com isso, pude comprar uma casa para o meu pai e ajudar minha família. Nestes quatro anos, muitas coisas mudaram na minha vida. Aos poucos as coisas vão melhorando. É um privilégio pra mim poder ajudar minha família fazendo o que eu mais gosto, que é jogar futebol. Só tenho que agradecer a Deus por isso.

O que o América significa na sua vida?
Sou muito grato ao América, principalmente por ter sido o clube que me acolheu. Quando cheguei, para o sub-17, as pessoas do clube me trataram muito bem. Me sinto feliz demais por ter sido revelado pelo Coelho. Espero que o time possa brigar pelo título da Série B esse ano e subir novamente para a Primeira Divisão, que é o lugar dele.

Você quase trocou o Fluminense pelo Palmeiras. O alviverde, porém, vive um momento de turbulência. Acha que a negociação não ter evoluído pode ter sido o melhor para você?
Isso já passou. Na época não deu certo, o presidente não quis. Mas tudo acontece no seu tempo. Continuei jogando da mesma forma no Fluminense, fiz meus gols e ajudei meus companheiros, e acabou surgindo essa oportunidade de vir pra cá. Quando vi como era, gostei de cara e estou muito feliz com a minha escolha. Espero que as coisas continuem dando certo pra mim. O que passou, passou.

“A maioria do grupo sabe falar espanhol. O Gomes (goleiro) também tem me ajudado muito durante o dia a dia e me guiado pela cidade. Faço aulas de inglês três vezes por semana e isto já está me ajudando bastante”


Jogar na Inglaterra vai te dar muita visibilidade. Quais são seus planos de futuro? Acha que pintará a oportunidade de atuar num clube gigantesco da Europa? 
Estou muito feliz por jogar a Premier League e vestir a camisa do Watford. Com certeza dá muita visibilidade e, se eu for bem, outros clubes vão se interessar. Mas minha cabeça está totalmente focada aqui e no trabalho que eu preciso fazer. Estou em um clube tradicional e que tem objetivos e disputando uma liga muito difícil. Esse é o meu foco para agora.

Assim como fez Gabriel Jesus, você repete o bom início na Premier League. Acha que os olhos de Tite já estão voltados para o seu futebol? Defender a Seleção Principal representa o que na sua vida? 
Sou muito fã do Gabriel. Começar fazendo gol foi muito importante para mim. Ouvir da boca do Tite que ele está nos observando com certeza me motiva muito. Eu vou trabalhar e procurar evoluir durante os treinamentos e jogos para estar preparado quando tiver uma oportunidade de defender a nossa Seleção.

Acha que disputar a Copa da Rússia é um sonho plausível? 
Todos os jogadores sonham em disputar uma Copa do Mundo e comigo não é diferente. A única coisa que tenho a fazer é continuar trabalhando muito, me dedicando, para que isso aconteça e eu esteja na lista do Tite para a Copa de 2018.

Daqueles jogadores que você atuava apenas no videogame, qual você deseja enfrentar ou atuar ao lado, agora que está no futebol europeu?
O cara que eu desejo atuar ao lado dele é o Neymar. É o jogador que estava sempre na minha “Master League” do videogame. Tive o prazer de conhecê-lo em Paris e eu o admiro muito. Posso dizer que sou muito fã dele.

Juninho Paulista é o brasileiro que mais fez gols na Liga. São 29. Acha que consegue bater essa marca tão longa?
A marca do Juninho é realmente muito boa e impressionante. Claro que eu quero alcançá-la e batê-la. Vou trabalhar forte para que isso aconteça.

Elton John é o torcedor símbolo do clube e já foi até presidente. Teve algum contato com ele? Sabe da importância do cantor para os torcedores do Watford?
É um cara muito querido pelos torcedores. Me falaram desta ligação e da história que tem no Watford. Quero muito conhecê-lo pessoalmente.Carlos Cruz/América 

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