Sem incentivo, pugilismo pode salvar quadro de medalhas

Henrique André - Enviado Especial
hcarmo@hojeemdia.com.br
15/08/2016 às 09:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:22
 (Yuri Cortez/AFP)

(Yuri Cortez/AFP)

RIO DE JANEIRO – A realidade dos pugilistas brasileiros está longe do conforto e das facilidades oferecidas a outros atletas. Praticamente esquecidos pelos grandes empresários antes da Olimpíada, lutadores de todas as categorias enfrentam dificuldades e só são vistos quando brigam por medalhas no Jogos. Não foi diferente com o baiano Robson Conceição, finalista olímpico.

Há um ano, o pugilista da categoria peso ligeiro (até 60kg) vivia junto com mais cinco atletas numa pequena casa no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. 

No quarto, espaço apenas para a cama, um armário e uma televisão de 14 polegadas. Na parede, um pôster de Michael Jordan, inspiração do baiano no esporte.

“Temos um apoio muito bom do Comitê Brasileiro, da Petrobras, da Marinha, porém ainda não é o suficiente para que a gente alcance bons resultados”, comenta Robson. 

“O Brasil é um celeiro de talentos, tem uma galera boa chegando agora. Só precisamos de mais oportunidades e visibilidade”, acrescenta. 

Apesar da disparidade do incentivo em relação a outros esportes – como natação, judô, vôlei e futebol –, o pugilista, prata em Londres 2012, garante que o Brasil está no mesmo patamar técnico das potências mundiais. 

Segundo ele, o boxe tupiniquim tem tudo para brilhar ainda mais, caso seja abraçado pelos “homens do dinheiro”.

“Estamos de igual a igual para o mundo inteiro e brigamos com quem vier. Acho que impressionei a todos hoje (ontem)”, afirma Conceição. 

“Sendo campeão olímpico e chegando ao boxe profissional, as coisas caminham muito mais fácil”, conclui o baiano, já projetando os próximos passos na carreira.

Grande final
Amanhã, às 19h15, Robson poderá chegar ao lugar mais alto do pódio, um feito inédito para o pugilismo brasileiro. Pela frente, o lutador terá o francês Sofiane Oumiha, que superou o mongol Otgondalai Dorjnyambuu na semifinal.

Esta será a primeira vez que os dois se enfrentarão. “Conheço o francês, mas nunca lutei contra ele. É um cara muito bom” disse Robson.

Caso conquiste o ouro, o baiano de 27 anos, além de superar a segunda colocação conquistada há quatro anos, entrará de vez para o hall dos maiores pugilistas brasileiros da história.

Antes de derrotar o cubano Lazaro Jorge Álvarez, na semifinal, o desportista mais famoso do bairro da Boa Vista de São Caetano, em Salvador (BA), venceu sua primeira luta na última terça-feira, quando conseguiu um nocaute técnico contra Anvar Yunusov, do Tadjiquistão. 

O adversário não voltou para o último round da luta. Na sexta-feira, o brasileiro venceu o combate contra Hurshid Tojibaev, do Uzbequistão, por 3 rounds a 0.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por