Técnicos apontam o caminho em busca do caneco da Copa das Confederações

Wallace Graciano - Especial para o Portal HD
30/11/2012 às 13:38.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:57
 (Marcelo Machado Melo/Fotoarena/Estadão Conteúdo)

(Marcelo Machado Melo/Fotoarena/Estadão Conteúdo)

SÃO PAULO - O clima amistoso tomou conta do Parque Anhembi, um dia antes do sorteio que determinará o agrupamento das seleções que disputarão entre 15 e 30 de junho de 2013 a Copa das Confederações. Deixando o clima evasivo de lado, sete dos oito treinadores que estarão no torneio mostraram um panorama sobre o que podemos esperar de suas respectivas seleções na competição internacional.

Confira a situação atual e o que cada um dos comandantes apontou sobre suas seleções:

Brasil

Classificado automaticamente como país-sede, o Brasil vai em busca do tetracampeonato do torneio (o terceiro de forma consecutiva). Campeão em 1997, 2005 e 2009, a Seleção Canarinho chega com o fardo de ter de recuperar a autoestima de seus mais de 190 milhões de torcedores.

O caminho não será fácil, afinal, fortes adversários como Espanha, Itália e Uruguai querem estragar a festa. Por isso, o presidente da CBF, José Maria Marin, preferiu apostar na experiência dos campeões do Mundo Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira para ajustarem a Seleção Brasileira.

Em entrevista coletiva, Felipão afirmou que ainda não teve tempo de analisar possíveis convocados, mas mostrou que já tem um panorama sobre o futuro da equipe canarinho. “A expectativa é de que iremos idealizar e montar na Copa das Confederações 90% da equipe que estará no Mundial. Desde já, surgem muitos atletas de um ano para o outro com condições de jogar na Seleção. Muitas vezes, os espaços podem ser preenchidos por outro atleta, em melhores condições. A Copa das Confederações nos dará o balizamento certo se precisamos de uma troca de jogadores para termos uma função da equipe mais organizada ou mudança de ordem técnica. É uma oportunidade muito interessante, pois será realizada no Brasil e teremos jogos bem fortes”, avaliou.

Sobre Neymar, a principal aposta da Seleção para 2014, Felipão se mostrou confiante no futebol do craque e afirmou que irá tentar explorar o melhor de suas qualidades. “Temos alguns jogadores espetaculares, que precisam de uma liberdade maior que alguns jogadores. É preciso que o restante da equipe entenda isso. É uma questão de entendimento e organização”, avaliou o treinador, se referindo ao camisa 11 do Santos.

Espanha

Franca favorita. Não há outra forma de descrever a Espanha, atual campeã mundial e bicampeã europeia. Com um futebol cadenciado, mas que não deixa de ser vistoso, o time de Vicente Del Bosque vem encantando o mundo e tornou-se a seleção a ser batida, até mesmo em terras tupiniquins.

Antes decepção frequente em Mundiais, a “Fúria” cresceu seu futebol principalmente pelas boas peças que chegam de seus clubes, fator que Del Bosque apontou como determinante para o sucesso contemporâneo da seleção espanhola.

"Em nível de seleção, esperamos ter esses títulos de nossos clubes, pois vivemos o melhor momento do futebol espanhol, é um momento de bonança. Há alguns anos tínhamos muitos jovens que eram de grandes ligas europeias. Antigamente, eles tinham obsessão pela tática. Hoje, valorizamos e a aliamos com a técnica. Temos uma geração que promete ainda dar muitas alegrias ao nosso país”, avaliou.

O último grande momento da Fúria foi a conquista da Eurocopa, em julho desde ano, quando venceu a Itália por 4 a 0 na grande final. Logo após o torneio continental, o time de Del Bosque foi em busca da vaga para defender seu título mundial no Brasil, em 2014, através da eliminatória do velho mundo. Em seu grupo, a Espanha é líder com sete pontos em três jogos. Seu único empate ocorreu contra a França, em outubro passado, quando os “Bleus” conseguiram conter a tão temida posse de bola espanhola e acuaram o adversário, que jogava dentro de seus domínios. Apesar de raro, esse domínio pode ser alento para aqueles que ainda tentam combater a “formação mágica” que dominou o mundo nos últimos anos.

Uruguai

Após a belíssima campanha na Copa do Mundo de 2010, quando ficou com o quarto lugar, o Uruguai confirmou seu retorno entre os grandes do futebol mundial ao faturar a Copa América de 2011, disputada na Argentina. Com o triunfo, a Celeste Olímpica mostrava sua força e prometia entrar no papel de uma das favoritas ao título da Copa das Confederações e do Mundial de 2014.

Porém, o time comandado por Óscar Tabárez virou o fio e vem de uma série negativa de quatro jogos sem vitórias nas Eliminatórias, que o colocaram no 11º lugar do Ranking da Fifa e fora das seleções que garantiriam sua vaga de forma direta para a Copa do Mundo de 2014.

A situação é preocupante, mas o comandante segue confiante no trabalho, que foi iniciado na Celeste em 2006.

“Um dos grandes objetivos que tivemos nos sete anos de trabalho é formar uma equipe que possa ter um conjunto estável, que não variasse muito, para que a memória coletiva compense a falta de contato com os jogadores. Nós só nos vemos três a quatro dias antes de cada jogo. É verdade que em setembro e outubro tivemos quatro resultados fatais, não jogamos bem, mas temos a certeza que o futuro nos dará a oportunidade de reverter o quadro”, ponderou.

Itália

Vice-campeã da Eurocopa, a Itália obteve sua vaga para a Copa das Confederações em virtude que a Espanha, campeã da Euro, já estava classificada por ser a atual campeã mundial.

Comandada por Cesare Prandelli, a “Azzurra”, quinta colocada no Ranking da Fifa, aposta em uma renovação da seleção que fracassou no Mundial de 2010. Na última convocação, somente dez jogadores figurou na lista que foi à África do Sul (a maioria peças-chave, como Pirlo e Buffon). Esses novos talentos colocaram a Itália no topo de seu grupo nas Eliminatórias para Copa. Ainda assim, o time sente a falta de um companheiro para Balotelli e de uma zaga mais consistente, o que outrora era seu ponto forte.

Prandelli reconhece as limitações de sua equipe, mas aposta na renovação para reerguer a Itália aos tempos áureos. “Estamos preparados mentalmente para esse grande desafio. Para mim, hoje começa a Copa das Confederações e vou tentar passar isso para os jogadores. Queremos dar continuidade para esses meninos que vem buscando espaço. Eles mostrarem que podem buscar os resultados”, avaliou.

Japão

Em janeiro de 2011, o Japão vencia a Austrália (sim, o time da Oceania disputa competições em continente asiático!), no Catar, por 1 a 0, e se tornava o primeiro país a conquistar a vaga para a Copa das Confederações através de um torneio continental.

De lá para cá, a seleção nipônica, que ocupa o 24º lugar no Ranking da Fifa, se manteve invicta nas Eliminatórias locais, com quatro vitórias e um empate e somente um desastre nos três últimos jogos lhe tiram uma vaga no Mundial de 2014. Além das partidas na Ásia, o time comandado por Alberto Zaccheroni venceu fortes adversários em embates amistosos, como a França, fora de casa, em outubro. Pesa contra o selecionado japonês o pouco poder de decisão de seus jogadores, fator que foi determinante nas três derrotas que teve de 2011 para cá, como no jogo contra o Brasil, quando foi goleado por 4 a 0.

Sobre esse embate ante a Seleção Brasileira, Zaccheroni se mostrou surpreso com a queda de Mano Menezes, pois viu qualidade na equipe canarinho. “Honestamente, eu devo reconhecer que fiquei surpreso. Os resultados que o Brasil obteve foram significativos. A equipe me impressionou pela qualidade. Vi um excelente Brasil. Tive dificuldades contra eles. Fiquei muito surpreso com a mudança de técnico”, afirmou.

México

Um time para se tomar cuidado. Esse é o pensamento geral sobre o México, que conquistou sua vaga para a Copa das Confederações ao derrotar os Estados Unidos na final da Copa Ouro de 2011. Atual campeão olímpico, o representante da América do Norte, América Central e Caribe quer provar que a medalha de ouro não foi uma mera obra do acaso e conta com uma base forte para fazer frente às seleções que atuarão em gramados brasileiros.

Nas últimas convocações de José Manuel de la Torre, 1/3 dos jogadores que foram campeões olímpicos figuraram no selecionado. A juventude aliada à experiência deixou os “tricolores” com 100% de aproveitamento nas Eliminatórias continentais e com a promessa de campanhas empolgantes nos próximos torneios.

Apesar de reconhecer que enfrentará grandes rivais, o comandante mexicano se mostrou confiante com o futuro da seleção na Copa das Confederações. “No México temos uma noção clara de que o crescimento que tivemos pode nos colocar em uma posição importante. Não será fácil. Teremos pela frente seleções campeãs”, avalia De La Torre.

Taiti

Campeão da Copa das Nações da Oceania deste ano, o Taiti se sagrou a primeira seleção além de Austrália e Nova Zelândia a representar o continente na Copa das Confederações. Porém, o atual 139º colocado do Ranking da Fifa deve ser o saco de pancadas do torneio, papel, por exemplo, que desempenhou nas eliminatórias locais, quando foi despachado na terceira fase de forma vexatória, com quatro derrotas nos quatro jogos até agora disputados.

Eddy Etaeta, selecionador local, reconhece que sua seleção não esteve focada nas Eliminatórias como ele imaginava. “Depois de nossa vitória na Oceania, nossos jogadores realmente não se mostraram conscientes do que estava a nossa frente. Ainda não digerimos essa vitória. Agora é hora de estarmos cientes que iremos jogar com os grandes na Copa das Confederações. Temos que perguntar o que nós queremos. Claro, nós tivemos uma eliminatória difícil na Oceania, mas estamos nos aprontando para jogar no Brasil”, afirmou.

África

A Copa das Confederações ainda contará com o campeão da Copa Africana de Nações de 2013, que será realizada na África do Sul (a sede anterior era a Líbia, mas devido aos conflitos armados naquele país, decidiu-se transferir o torneio para os sul-africanos).

A Zâmbia bem que poderia ser a representante, uma vez que faturou a edição deste ano de forma heroica, no Gabão. Mas a urgência para transferir a competição para anos ímpares fez com que um novo representante fosse condecorado em 2013, ano da Copa das Confederações.

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