(Flávio Tavares/Enviado especial)
O domingo não marcou apenas o encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio mas, para o esporte brasileiro, o fim de um ciclo de quatro anos de trabalho. Tempo de rever relações e parcerias, colher os frutos do sucesso e entender as razões do fracasso, já pensando em Tóquio-2020.
Se alguns casamentos saíram fortalecidos, os três primeiros dias da ressaca olímpica marcaram também o fim de vários outros. Alguns de forma amigável, no alto do pódio, e sem desgaste para os dois lados. Outros, de forma traumática, ou totalmente diferente da prevista.
Caso da despedida da oposto Sheilla e da central Fabiana da seleção brasileira feminina de vôlei. As mineiras chegaram a pensar em se concentrar nos clubes depois do bicampeonato em Londres, mas atenderam ao apelo do técnico Zé Roberto Guimarães e abraçaram a missão do tri.
A derrota para a China, nas quartas de final, não manchou os currículos impressionantes da dupla, que, no entanto, esperava poder premiar de outro modo o carinho da torcida.
Possibilidade que teve o líbero Serginho, único brasileiro nos esportes coletivos com quatro medalhas olímpicas, duas de ouro. A cena dos colegas beijando e venerando a camisa 10 azul estendida na quadra do Maracanãzinho, em meio às lágrimas, deu a medida perfeita da tristeza pelo fim de uma história.
Ruptura
No caso das medalhistas de prata no vôlei de praia Bárbara e Ágatha, o desempenho nos Jogos não foi a razão para a mudança. A primeira optou por jogar com outra parceira depois de quatro anos, sem detalhar os motivos. A paranaense agora busca nova dupla e outro treinador.
Outra parceria desfeita depois dos Jogos é que uniu Isaquias Queiroz, primeiro atleta verde e amarelo a conquistar três medalhas numa só Olimpíada, e Erlon Souza.
Segundo o técnico espanhol Jesus Morlan, Isaquias dará lugar a Ronilson de Oliveira no C2 de 1.000m, como já era previsto, concentrando-se nas disputas individuais. Ronilson foi destaque nos últimos mundiais, mas aceitou ficar fora das disputas no Rio para assumir o posto de titular na equipe em 2017.
Técnicos
O fim do ciclo olímpico também traz mudanças no comando técnico de várias seleções. A destacada campanha com o handebol masculino que, pela primeira vez venceu adversários europeus e avançou às quartas de final, catapultou o espanhol Jordi Ribera à condição de treinador de sua equipe nacional.
No basquete, as campanhas ruins custaram os cargos ao argentino Rubén Magnano e a Antônio Carlos Barbosa. Se o segundo foi uma solução desesperada para o time feminino, derrotado em todas as partidas, o primeiro trouxe na bagagem a condição de campeão olímpico e mundial com a Argentina, além de novos métodos de trabalho.
Diante das contusões e dos pedidos de dispensa dos atletas da NBA, no entanto, teve desempenho apenas regular, com o ouro no Pan-2015 como destaque. Os erros em detalhes custaram os bons resultados diante dos gigantes da bola ao cesto.
No extremo oposto está Bernardinho, que avalia sua continuidade à frente do vôlei masculino – está no posto desde 2001, com dois ouros olímpicos, três títulos mundiais e oito da Liga Mundial.Flávio Tavares/Enviado especial
Símbolo do vôlei masculino, Serginho anunciou aposentadoria após ouro na Rio; na categoria feminina de vôlei, Sheilla e Fabiana também decidiram deixar a Seleção