Um de cada vez: os 810 dias que transformaram líbero do Minas em maior surpresa da seleção

Cristiano Martins
csmartins@hojeemdia.com.br
19/07/2016 às 14:16.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:22
 (CBV Divulgação)

(CBV Divulgação)

Até os 29 anos de idade, Léia jamais havia sido convocada para a Seleção Feminina de Vôlei. Duas temporadas depois, a líbero do Camponesa/Minas comprova que nunca é tarde demais para alcançar um sonho, ao ser anunciada como uma das 12 atletas que defenderão o Brasil nos Jogos Olímpicos.

“A receita? É o trabalho. Trabalhar muito, se dedicar intensamente ao que você se propõe a fazer. Foi isso que fiz, vivendo e trabalhando um dia de cada vez, com foco total, me dedicando ao máximo no clube e na seleção”, afirmou ao Hoje em Dia na noite desta segunda-feira (18), poucas horas após a divulgação da lista final do técnico José Roberto Guimarães.

A primeira vez de Léia entre as melhores do país foi como convidada, durante a preparação da equipe nacional para a temporada 2014, iniciada no dia 30 de abril daquele ano no Centro de Desenvolvimento da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), em Saquarema (RJ). A primeira convocação oficial viria apenas em junho, para a disputa do Mundial (leia mais abaixo).

Trabalhar muito, se dedicar intensamente ao que você se propõe a fazer. Foi isso que fiz, vivendo e trabalhando um dia de cada vez, com foco total, me dedicando ao máximo no clube e na seleção"

Agora, a jogadora de 31 anos é a grande surpresa nas listas do vôlei brasileiro para a Rio 2016. Na relação final do time feminino, ela desbancou a mineira Camila Brait (Vôlei Nestlé/Osasco), 27, apontada como sucessora natural e intocável da posição desde o fim das 13 temporadas da "Dinastia" Fabizinha.

“Os cortes foram feitos diante de toda a equipe. Rolou uma mistura de sentimentos, alegria e tristeza, porque não é legal ver companheiras indo embora”, conta Léia, cuja primeira reação após o anúncio foi dar um longo abraço na companheira de posição, antes de ligar para o marido, Marcelo Nicolosi.

Após a conquista do Grand Prix deste ano, na Tailândia, a jogadora do Minas já havia revelado que a concorrência era um assunto ausente nas conversas entre as duas, por ser “chato” falar sobre um possível corte às vésperas dos Jogos. O próprio treinador cogitou convocar as duas líberos, mas, para isso, seria obrigado a eliminar uma reposição nas funções de central ou ponteira.

“Não me surpreendeu, não (ter convocado só uma). Torci para ele levar nós duas, mas imaginava que seria difícil mesmo. Não sei, a gente nunca sabe o que se passa na cabeça do técnico. Não sei nem dizer o que pesou mais na escolha, acho que o meu desempenho no Grand Prix colaborou. Não sei se foi alguma característica específica minha", diz a atleta, natural de Ibitinga (SP).

  

Trajetória

Os quase quatro anos de titularidade não foram suficientes para Camila Brait garantir um lugar cativo na seleção. A vaga começou a ser ameaçada apenas na reta final do ciclo olímpíco, e a ascensão da concorrente acabou sendo confirmada na conquista do ouro na Tailândia.

Léia foi convocada por Zé Roberto pela primeira vez para a disputa do Mundial de 2014. A então jogadora do Pinheiros, no entanto, sequer entrou em quadra durante todo o torneio, na Itália, quando o Brasil ficou com a medalha de bronze.

Contratada pelo Minas em abril do ano passado, a líbero evoluiu sob o comando do treinador Paulo Coco (auxiliar de Zé Roberto na seleção) e ajudou a levar o time da Rua da Bahia ao terceiro lugar na Superliga 2015/16, posição não alcançada pela equipe havia nove temporadas.

O Osasco de Camila Brait, por sua vez, ficou no quarto lugar da fase de classificação. Ao fim da competição, a minastenista ficou com o prêmio individual de melhor recepção/passe da Superliga Feminina.

No Grand Prix deste ano, as duas se alternaram na titularidade da seleção, mas as grandes atuações de Léia contra a Rússia e, especialmente, na grande decisão contra os Estados Unidos (veja o vídeo) pesaram a favor da minastenista .

"Aqui na seleção o trabalho é dado igual para todas, não tem diferença, independentemente de ser titular ou reserva. Continuei trabalhando bastante, como todas, e não posso perder esse foco", conclui a jogadora do Minas.

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